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Unibanco adianta dados de balanço; lucro é de R$ 704 mi
Lucro no 3º trimestre é 5,6% maior do que em 2007; no ano, está em R$ 2,2 bi
Vice-presidente corporativo diz que banco não tem exposição cambial nem sofre problema de liquidez apesar de baixa nas ações
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em meio à forte queda em
suas ações e de outros bancos, o
Unibanco decidiu adiantar em
quase duas semanas a divulgação de seus resultados financeiros e vir a público para afirmar
que não tem qualquer exposição a risco cambial nem problema de liquidez.
O banco reportou lucro líquido de R$ 704 milhões no terceiro trimestre, resultado 5,6%
maior do que o apurado no
mesmo período de 2007, se forem descontados os efeitos
não-recorrentes de 2007 (que
não se repetiram neste ano),
como a venda de participações
na Serasa e na Redecard.
Contando esses ganhos extraordinários, o lucro líquido
do banco recuou 41,28% no terceiro trimestre deste ano em
relação ao mesmo período do
ano passado. No ano, o Unibanco já soma ganhos de R$ 2,2 bilhões, em linha com a previsão
para os demais bancos. O resultado é preliminar, não foi auditado e poderá ter ajustes.
Segundo Geraldo Travaglia,
vice-presidente corporativo do
Unibanco, nos últimos dias o
banco recebeu uma série de pedidos de esclarecimentos de investidores e analistas sobre assuntos envolvendo a crise nos
mercados. Como o banco estava em período de silêncio, por
conta do calendário de divulgação de resultados, não pôde responder às demandas.
"Essa crise gera uma enorme
falta de informação, que gera
percepções não-corretas. Como estávamos sujeitos à regra
de "quiet period" [período de silêncio], não podíamos fazer nenhum comentário. Essa foi a
razão pela qual decidimos antecipar a divulgação de resultados, para colocar no mercado as
informações corretas sobre o
Unibanco", disse Travaglia.
O Unibanco aproveitou para
anunciar que duplicará seu
programa de recompra de
ações. Em fevereiro, comunicou a compra de 2 milhões de
papéis, mas agora decidiu elevar o volume para 4 milhões. "É
uma forma de reafirmar ao
mercado que, a determinados
preços, a ação é um excelente
investimento. Evidentemente,
nunca foi melhor [o preço] do
que agora", disse.
Ontem, as ações UNT do
Unibanco foram os papéis mais
negociados na Bolsa depois de
Vale e Petrobras. As ações chegaram a cair 22,6% mas, após os
esclarecimentos do banco, terminaram com queda de 8,69%.
Nos últimos 30 dias, essas
ações recuaram 42,83%, comportamento semelhante ao dos
demais bancos -no período, as
ações PN do Itaú recuaram
41,25%; as do Bradesco, 31,89%
e as do Banco do Brasil, 42,57%.
Segundo Travaglia, os papéis
do Unibanco sofreram ontem
porque são os de maior liquidez
entre os bancos brasileiros negociados em Nova York, praça
que está no epicentro da crise.
Ele afirmou que 70% das ações
do banco em poder do mercado
são negociadas no exterior.
Como os demais bancos, o
Unibanco atribui o aumento no
lucro à expansão do crédito,
que seguiu firme no terceiro
trimestre apesar da crise. A carteira de crédito do banco somou R$ 74,3 bilhões, volume
32,9% maior do que o computado até setembro de 2007.
No mês passado, o banco teve
perdas de R$ 17 milhões na Tesouraria, decorrentes da necessidade de reduzir posições expostas a maior riscos com a crise nos mercados. Como um todo, a Tesouraria contribuiu
com R$ 97 milhões no terceiro
trimestre deste ano, após apurar um saldo de R$ 154 milhões
no mesmo período de 2007.
Derivativos
Travaglia disse que o Unibanco não está expostos ao risco cambial assumido pelos
clientes corporativos. Ele afirmou que o Unibanco ofereceu
operações de hedge para 33
empresas exportadoras, sendo
que o tíquete médio de cada
uma era de US$ 30 milhões.
No final de setembro, o banco precisaria de R$ 336 milhões
se tivesse de liquidar o hedge
contratado pelos clientes, o que
representa uma exposição de
crédito bastante baixa, de 0,5%
dos ativos do banco. Anteontem, com o dólar a R$ 2,315, esse valor chegaria a R$ 1 bilhão.
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