São Paulo, sábado, 25 de outubro de 2008

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Unibanco adianta dados de balanço; lucro é de R$ 704 mi

Lucro no 3º trimestre é 5,6% maior do que em 2007; no ano, está em R$ 2,2 bi

Vice-presidente corporativo diz que banco não tem exposição cambial nem sofre problema de liquidez apesar de baixa nas ações

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em meio à forte queda em suas ações e de outros bancos, o Unibanco decidiu adiantar em quase duas semanas a divulgação de seus resultados financeiros e vir a público para afirmar que não tem qualquer exposição a risco cambial nem problema de liquidez.
O banco reportou lucro líquido de R$ 704 milhões no terceiro trimestre, resultado 5,6% maior do que o apurado no mesmo período de 2007, se forem descontados os efeitos não-recorrentes de 2007 (que não se repetiram neste ano), como a venda de participações na Serasa e na Redecard.
Contando esses ganhos extraordinários, o lucro líquido do banco recuou 41,28% no terceiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. No ano, o Unibanco já soma ganhos de R$ 2,2 bilhões, em linha com a previsão para os demais bancos. O resultado é preliminar, não foi auditado e poderá ter ajustes.
Segundo Geraldo Travaglia, vice-presidente corporativo do Unibanco, nos últimos dias o banco recebeu uma série de pedidos de esclarecimentos de investidores e analistas sobre assuntos envolvendo a crise nos mercados. Como o banco estava em período de silêncio, por conta do calendário de divulgação de resultados, não pôde responder às demandas.
"Essa crise gera uma enorme falta de informação, que gera percepções não-corretas. Como estávamos sujeitos à regra de "quiet period" [período de silêncio], não podíamos fazer nenhum comentário. Essa foi a razão pela qual decidimos antecipar a divulgação de resultados, para colocar no mercado as informações corretas sobre o Unibanco", disse Travaglia.
O Unibanco aproveitou para anunciar que duplicará seu programa de recompra de ações. Em fevereiro, comunicou a compra de 2 milhões de papéis, mas agora decidiu elevar o volume para 4 milhões. "É uma forma de reafirmar ao mercado que, a determinados preços, a ação é um excelente investimento. Evidentemente, nunca foi melhor [o preço] do que agora", disse.
Ontem, as ações UNT do Unibanco foram os papéis mais negociados na Bolsa depois de Vale e Petrobras. As ações chegaram a cair 22,6% mas, após os esclarecimentos do banco, terminaram com queda de 8,69%. Nos últimos 30 dias, essas ações recuaram 42,83%, comportamento semelhante ao dos demais bancos -no período, as ações PN do Itaú recuaram 41,25%; as do Bradesco, 31,89% e as do Banco do Brasil, 42,57%.
Segundo Travaglia, os papéis do Unibanco sofreram ontem porque são os de maior liquidez entre os bancos brasileiros negociados em Nova York, praça que está no epicentro da crise. Ele afirmou que 70% das ações do banco em poder do mercado são negociadas no exterior.
Como os demais bancos, o Unibanco atribui o aumento no lucro à expansão do crédito, que seguiu firme no terceiro trimestre apesar da crise. A carteira de crédito do banco somou R$ 74,3 bilhões, volume 32,9% maior do que o computado até setembro de 2007.
No mês passado, o banco teve perdas de R$ 17 milhões na Tesouraria, decorrentes da necessidade de reduzir posições expostas a maior riscos com a crise nos mercados. Como um todo, a Tesouraria contribuiu com R$ 97 milhões no terceiro trimestre deste ano, após apurar um saldo de R$ 154 milhões no mesmo período de 2007.

Derivativos
Travaglia disse que o Unibanco não está expostos ao risco cambial assumido pelos clientes corporativos. Ele afirmou que o Unibanco ofereceu operações de hedge para 33 empresas exportadoras, sendo que o tíquete médio de cada uma era de US$ 30 milhões.
No final de setembro, o banco precisaria de R$ 336 milhões se tivesse de liquidar o hedge contratado pelos clientes, o que representa uma exposição de crédito bastante baixa, de 0,5% dos ativos do banco. Anteontem, com o dólar a R$ 2,315, esse valor chegaria a R$ 1 bilhão.


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