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Investimentos externos em ações caem quase 80%
Queda neste mês deve-se ao alto valor de outubro, pela abertura de capital do Santander, e à taxação do IOF nas operações em Bolsa
EDUARDO CUCOLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de registrar recorde
em outubro, os investimentos
estrangeiros no mercado financeiro recuaram cerca de 80%,
segundo dados parciais deste
mês divulgados pelo Banco
Central. Mesmo se for descontado o efeito da operação de
abertura de capital do Santander, que influenciou os números do mês passado, a queda
ainda fica acima de 70%.
Em outubro, foram negociados US$ 14,5 bilhões em ações
de empresas brasileiras, o
maior valor registrado pelas estatísticas oficiais, cuja série histórica começa em 1947.
Houve recorde tanto na compra de ações na Bovespa como
na aquisição de papéis brasileiros negociados no exterior,
principalmente na Bolsa de
Nova York.
Nos 18 primeiros dias deste
mês, essas compras somam
US$ 2,2 bilhões. Segundo o
Banco Central, a queda se deve
a vários fatores, entre eles a cobrança de IOF nessas operações e as oscilações típicas do
mercado financeiro.
Desde o final de outubro o
governo está taxando as aplicações estrangeiras no mercado
financeiro nacional. O objetivo
da medida é conter a entrada de
dólares no país e evitar a queda
maior da moeda norte-americana, o que preocupa principalmente os exportadores.
Com isso, parte dos investidores passou a realizar as aquisições na Bolsa de Nova York.
Os números de novembro mostram que os não residentes
compraram mais papéis de empresas brasileiras fora do país
(US$ 1,7 bilhão) do que na Bovespa (US$ 1,5 bilhão).
Para tentar conter esse movimento, desde quinta-feira da
semana passada estão sendo taxadas também operações relacionadas aos papéis negociados
fora do país, mas o impacto da
mudança ainda não aparece
nos dados oficiais.
Também houve queda nas
aplicações em renda fixa, compostas principalmente por títulos públicos. Depois de comprarem quase US$ 2 bilhões no
mês passado, os estrangeiros
adquiriram apenas US$ 350
milhões neste mês. "Não dá para dizer que isso tenha sido
apenas IOF. Existem outros fatores que influenciam. Mas obviamente algum efeito está havendo, principalmente em renda fixa", disse Túlio Maciel,
chefe-adjunto do Departamento Econômico do BC.
Apesar da desaceleração, o
país vai fechar 2009 com um
dos maiores volumes de entrada de dólares no mercado financeiro. As vendas de ações e
papéis de renda fixa já somam
US$ 42 bilhões, terceiro maior
resultado da história.
O número já supera em 90%
a previsão feita pelo Banco
Central em setembro, que
apontava para um resultado
positivo de US$ 22 bilhões em
todo o ano. Se forem considerados ainda os investimentos no
setor produtivo, o país já recebeu US$ 72 bilhões neste ano.
O dinheiro é mais que suficiente para financiar o deficit
que o país registra nas transações com o exterior, que deve
chegar a US$ 18,1 bilhões no final deste mês, US$ 100 milhões
acima da previsão feita pelo BC
para todo o ano de 2009.
O deficit cresceu em outubro
pelo terceiro mês seguido e deve fechar este mês com nova
expansão. Isso se deve à alta na
demanda dos brasileiros por
bens e serviços externos, tanto
na área produtiva como no consumo. Também entra nessa
conta a remessa de lucros e dividendos para fora do país, que
continua em um patamar acima de US$ 1,5 bilhão, o que
mostra recuperação em relação
ao início do ano.
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