São Paulo, quarta-feira, 25 de novembro de 2009

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Investimentos externos em ações caem quase 80%

Queda neste mês deve-se ao alto valor de outubro, pela abertura de capital do Santander, e à taxação do IOF nas operações em Bolsa

EDUARDO CUCOLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de registrar recorde em outubro, os investimentos estrangeiros no mercado financeiro recuaram cerca de 80%, segundo dados parciais deste mês divulgados pelo Banco Central. Mesmo se for descontado o efeito da operação de abertura de capital do Santander, que influenciou os números do mês passado, a queda ainda fica acima de 70%.
Em outubro, foram negociados US$ 14,5 bilhões em ações de empresas brasileiras, o maior valor registrado pelas estatísticas oficiais, cuja série histórica começa em 1947.
Houve recorde tanto na compra de ações na Bovespa como na aquisição de papéis brasileiros negociados no exterior, principalmente na Bolsa de Nova York.
Nos 18 primeiros dias deste mês, essas compras somam US$ 2,2 bilhões. Segundo o Banco Central, a queda se deve a vários fatores, entre eles a cobrança de IOF nessas operações e as oscilações típicas do mercado financeiro.
Desde o final de outubro o governo está taxando as aplicações estrangeiras no mercado financeiro nacional. O objetivo da medida é conter a entrada de dólares no país e evitar a queda maior da moeda norte-americana, o que preocupa principalmente os exportadores.
Com isso, parte dos investidores passou a realizar as aquisições na Bolsa de Nova York. Os números de novembro mostram que os não residentes compraram mais papéis de empresas brasileiras fora do país (US$ 1,7 bilhão) do que na Bovespa (US$ 1,5 bilhão).
Para tentar conter esse movimento, desde quinta-feira da semana passada estão sendo taxadas também operações relacionadas aos papéis negociados fora do país, mas o impacto da mudança ainda não aparece nos dados oficiais.
Também houve queda nas aplicações em renda fixa, compostas principalmente por títulos públicos. Depois de comprarem quase US$ 2 bilhões no mês passado, os estrangeiros adquiriram apenas US$ 350 milhões neste mês. "Não dá para dizer que isso tenha sido apenas IOF. Existem outros fatores que influenciam. Mas obviamente algum efeito está havendo, principalmente em renda fixa", disse Túlio Maciel, chefe-adjunto do Departamento Econômico do BC.
Apesar da desaceleração, o país vai fechar 2009 com um dos maiores volumes de entrada de dólares no mercado financeiro. As vendas de ações e papéis de renda fixa já somam US$ 42 bilhões, terceiro maior resultado da história.
O número já supera em 90% a previsão feita pelo Banco Central em setembro, que apontava para um resultado positivo de US$ 22 bilhões em todo o ano. Se forem considerados ainda os investimentos no setor produtivo, o país já recebeu US$ 72 bilhões neste ano.
O dinheiro é mais que suficiente para financiar o deficit que o país registra nas transações com o exterior, que deve chegar a US$ 18,1 bilhões no final deste mês, US$ 100 milhões acima da previsão feita pelo BC para todo o ano de 2009.
O deficit cresceu em outubro pelo terceiro mês seguido e deve fechar este mês com nova expansão. Isso se deve à alta na demanda dos brasileiros por bens e serviços externos, tanto na área produtiva como no consumo. Também entra nessa conta a remessa de lucros e dividendos para fora do país, que continua em um patamar acima de US$ 1,5 bilhão, o que mostra recuperação em relação ao início do ano.


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