São Paulo, quarta-feira, 25 de dezembro de 2002

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Concorrência reduz lucratividade no longa vida

DA REPORTAGEM LOCAL

O encolhimento da Parmalat, com fechamento ou venda de unidades, é parte de um processo de profundas mudanças que ocorreram no setor de leite longa vida nos últimos anos.
Em 1990, quando começou a arrancada italiana, eram produzidos apenas 187 milhões de litros do produto no país. Neste ano, a Associação Brasileira de Leite Longa Vida (ABLLV) estima que serão produzidos quatro bilhões de litros.
"O produto virou "commodity" com a multiplicação do número de fabricantes", diz Jacques Gontijo Álvares, vice-presidente comercial da Itambé.
Há, atualmente, cem fabricantes espalhados pelo país e 130 marcas no mercado. Segundo Álvares, como o leite tem uma margem de ganho pequena e o frete é muito caro, a lógica é a regionalização da produção.
Foi por isso que nos anos 90 a Parmalat espalhou bases pelo país afora. Mas, nos últimos anos, a tecnologia de envasamento e conservação do produto se difundiu e pequenos lacticínios entraram no negócio, concorrendo com preços menores que os das grandes marcas.
Sem os custos fixos pesados das grandes empresas, eles puderam, assim, abrir espaço e forçar o recuo das marcas tradicionais.
A mineira Itambé, por exemplo, chegou a produzir 20 milhões de litros - tinha base até no sul do país- e hoje limita-se a pôr nas prateleiras apenas 3 milhões de litros. Optou por outros mercados - leite em pó e condensado- diante do aumento da concorrência.
"Acho que o longa vida vai ficar para as marcas regionais ou para um grande fabricante nacional capaz de manter fábricas no país todo", diz Álvares.
Para o presidente da ABLLV, Almir Meireles, há espaço tanto para as companhias regionais quanto para as de presença nacional. Um exemplo disso é a gaúcha Avipal, segundo ele. "Ela é uma empresa regional, mas está em um Estado exportador, o Rio Grande do Sul, e distribui a marca LG em todo o país", diz Meireles.
A Avipal retira 50% de suas receitas do produto longa vida. "A empresa está bem e é lucrativa, apesar de ter a marca mais barata do mercado", afirma Daniel Pasquali, analista da Fator Doria Atherino.
Segundo Meireles, o que estaria ocorrendo com as grandes empresas do setor, como a Parmalat, é um processo de concentração de suas estruturas para reduzir custos. Segundo ele, a Itambé, também fechou algumas unidades neste ano.(SB)


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