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Concorrência reduz lucratividade no longa vida
DA REPORTAGEM LOCAL
O encolhimento da Parmalat,
com fechamento ou venda de unidades, é parte de um processo de
profundas mudanças que ocorreram no setor de leite longa vida
nos últimos anos.
Em 1990, quando começou a arrancada italiana, eram produzidos apenas 187 milhões de litros
do produto no país. Neste ano, a
Associação Brasileira de Leite
Longa Vida (ABLLV) estima que
serão produzidos quatro bilhões
de litros.
"O produto virou "commodity"
com a multiplicação do número
de fabricantes", diz Jacques Gontijo Álvares, vice-presidente comercial da Itambé.
Há, atualmente, cem fabricantes
espalhados pelo país e 130 marcas
no mercado. Segundo Álvares,
como o leite tem uma margem de
ganho pequena e o frete é muito
caro, a lógica é a regionalização da
produção.
Foi por isso que nos anos 90 a
Parmalat espalhou bases pelo país
afora. Mas, nos últimos anos, a
tecnologia de envasamento e conservação do produto se difundiu e
pequenos lacticínios entraram no
negócio, concorrendo com preços menores que os das grandes
marcas.
Sem os custos fixos pesados das
grandes empresas, eles puderam,
assim, abrir espaço e forçar o recuo das marcas tradicionais.
A mineira Itambé, por exemplo,
chegou a produzir 20 milhões de
litros - tinha base até no sul do
país- e hoje limita-se a pôr nas
prateleiras apenas 3 milhões de litros. Optou por outros mercados
- leite em pó e condensado-
diante do aumento da concorrência.
"Acho que o longa vida vai ficar
para as marcas regionais ou para
um grande fabricante nacional
capaz de manter fábricas no país
todo", diz Álvares.
Para o presidente da ABLLV,
Almir Meireles, há espaço tanto
para as companhias regionais
quanto para as de presença nacional. Um exemplo disso é a gaúcha
Avipal, segundo ele. "Ela é uma
empresa regional, mas está em
um Estado exportador, o Rio
Grande do Sul, e distribui a marca
LG em todo o país", diz Meireles.
A Avipal retira 50% de suas receitas do produto longa vida. "A
empresa está bem e é lucrativa,
apesar de ter a marca mais barata
do mercado", afirma Daniel Pasquali, analista da Fator Doria
Atherino.
Segundo Meireles, o que estaria
ocorrendo com as grandes empresas do setor, como a Parmalat,
é um processo de concentração de
suas estruturas para reduzir custos. Segundo ele, a Itambé, também fechou algumas unidades
neste ano.(SB)
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