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Brasil avança posições em "IDH ambiental'
Índice criado por pesquisadores do BNDES une ranking da ONU ao de sustentabilidade; país passa de 54º para 39º
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Se fossem consideradas as dimensões ambiental e do desenvolvimento sustentável na elaboração do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da
ONU, o Brasil galgaria algumas
posições no ranking: passaria
da 54ª para a 39ª colocação. É o
que releva estudo inédito do
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) obtido pela Folha.
Elaborado pelos pesquisadores Ana Raquel Martins, Fernando Toledo Ferraz e Marcio Macedo da Costa, o trabalho
incorporou ao tradicional IDH
do Pnud (Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento), pesquisado desde 1990, os
resultados do ISA (Índice de
Sustentabilidade Ambiental),
desenvolvido por professores
das universidades norte-americanas de Columbia e Yale.
A partir dessa fusão, o índice
criado pelos pesquisadores do
BNDES passou a considerar as
variáveis já contempladas pelo
IDH (renda, educação e longevidade) e as do ISA, como a
questão ambiental e de sustentabilidade. Foram atribuídos os
mesmos pesos às quatros dimensões.
O bom desempenho do Brasil no ISA -11ª posição- explica o resultado relativamente
melhor no índice dos pesquisadores brasileiros. As posições,
porém, não são as mesmas dos
rankings originais. É que, para
realizar o estudo, foi necessário
harmonizar o grupo de países,
excluindo os que não faziam
parte das duas listas.
Assim como no IDH, os países escandinavos estão no topo
do ranking das nações com melhor índice "híbrido" de desenvolvimento humano. A primeira posição ficou com a Noruega, seguida por Finlândia, Suécia e Islândia.
No novo ranking, a posição
dos EUA passou da 8ª no IDH
original para a 15ª na versão
elaborada pelos brasileiros.
"De modo geral, quando a
questão da sustentabilidade é
incluída, economias maiores,
que demandam energia e recursos naturais, são um pouco
penalizadas", disse Costa. De
acordo com ele, os bons resultados do Brasil na redução da
poluição, na defesa dos interesses globais e na disponibilidade
de água fizeram o país obter
uma boa colocação no ISA e, logo, na nova pesquisa.
Para Costa, o exercício de incluir o ISA como mais uma dimensão do IDH teve como meta complementar o índice do
Pnud, que mensura indiretamente a questão do desenvolvimento sustentável ao pesquisar longevidade e renda.
Com isso, países como Brasil,
Argentina, Uruguai, Bolívia,
Costa Rica e Eslovênia sobem
no ranking. Já nações ricas, como EUA, Japão e Reino Unido,
perdem posições.
"A existência de grande biodiversidade e de grandes áreas
florestais é uma vantagem desses países, além do fato de o ar e
a água ainda não estarem tão
comprometidos. Os dados
mostram que esses países têm
uma perspectiva no futuro, advinda dessas vantagens ambientais", afirma Costa.
No caso brasileiro, o avanço
do IDH nos últimos anos se deve mais à melhora dos indicadores de educação e esperança
de vida do que em razão do
crescimento da renda.
No topo da lista
No topo do ranking do índice
híbrido, estão países que, além
do reconhecido mérito em
questões de bem-estar e qualidade de vida, possuem políticas
focadas na eficiência do sistema produtivo, tecnologias limpas e produção orientada para
o menor impacto ambiental.
Além disso, países como os
do norte da Europa, Suíça, Canadá, Nova Zelândia e Austrália têm grande participação do
setor de serviços na economia e
políticas de preservação do ambiente.
No ranking do IDH, que nasceu da tese de mestrado da técnica do BNDES Ana Raquel
Martins, a China caiu de posição por causa dos problemas
ambientais que eclodiram com
a atual fase de expansão econômica. O país passa da 71ª posição no IDH original para a 76ª
no novo índice.
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