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Aplicações em fundos estão perto de R$ 1 tri
Patrimônio líquido fecha o ano com mais de R$ 900 bilhões; especialistas prevêem tendência de crescimento em 2007
Queda dos juros estimulou investidores a trocar de aplicação e correr um pouco mais de risco em troca de rentabilidade melhor
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Nunca houve tanto dinheiro
aplicado em fundos de investimento no Brasil. O mercado de
fundos chega ao fim de 2006
comemorando um patrimônio
líquido superior a R$ 900 bilhões -patamar inédito.
A categoria de multimercados foi o grande destaque do
ano. A continuidade da queda
nas taxas de juros estimulou os
investidores a trocar de aplicação, aceitando correr um pouco
mais de risco em troca de retornos melhores.
Dados apresentados pela Anbid (Associação Nacional dos
Bancos de Investimento) mostraram que os fundos multimercados registram captação
líquida (diferença entre resgates e aplicações) de R$ 50,51 bilhões no ano, até o último dia 14
deste mês.
A indústria de fundos como
um todo teve captação de cerca
de R$ 70 bilhões em 2006.
"Acredito na continuidade de
crescimento dos fundos de investimento no próximo ano",
afirma Alexandre Maia, economista-chefe da GAP Asset Management.
Os multimercados são fundos que têm a particularidade
de poder investir em diferentes
segmentos do mercado, como
títulos públicos e privados que
pagam juros, ações e câmbio.
Dessa forma, elevam as chances de obter rentabilidades acima do CDI.
O CDI (Certificado de Depósito Interbancário) é um tipo
de aplicação negociada entre os
bancos. A taxa média praticada
por esse título serve de referência para os juros pagos pelos
fundos de investimento, especialmente os de renda fixa.
Os fundos de ações também
se destacaram. No segmento,
os investidores mais aplicaram
do que sacaram o montante de
R$ 8,47 bilhões em 2006.
Na outra ponta, as aplicações
mais tradicionais -os fundos
DI e de renda fixa, que acompanham o sobe-e-desce dos juros- chegaram ao fim do ano com perdas de recursos.
"Quem estava acostumado a
aplicar apenas em DI e renda fixa teve de começar a rever essa
posição. Mesmo o investidor
pessoa física está tomando
consciência de que a rentabilidade dessas aplicações começa
a ficar baixa", afirma Maia.
Juntos, os fundos DI e de
renda fixa chegaram a meados
de dezembro com captação líquida anual negativa de R$ 14
bilhões.
Como a taxa básica de juros
da economia (a Selic) está em
meio a um processo de queda, a
perspectiva para essas aplicações não é das mais atraentes.
Rentabilidades menores
A taxa Selic começou 2006
em 18%. Atualmente está em
13,25% anuais. Nos períodos de
baixa da Selic, a tendência é os
fundos que pagam juros darem
rentabilidades menores.
No ano, os fundos de renda fixa darão rentabilidade média
de 15,3%. Os fundos DI devem
render cerca de 14,9%.
Até o dia 14, os fundos de
ações atrelados ao índice Ibovespa tinham valorização anual
acumulada de 29%. Os multimercados com renda variável
alavancados -a maior categoria do segmento- tinham rentabilidade de 20% no período.
Além de pagarem menos, os
fundos DI e de renda fixa ainda
são punidos com taxas de administração e com o pagamento
de Imposto de Renda. E isso fez
com que alguns desses fundos
passassem a pagar taxas reais
(descontados os custos de administração e IR) inferiores à
rentabilidade da caderneta de
poupança.
A preocupação com a possibilidade de os fundos perderem
depósitos para a caderneta de
poupança fez com que surgissem discussões sobre possíveis
mudanças no cálculo da TR
(Taxa Referencial, que corrige a
poupança).
"A discussão sobre a remuneração dos fundos DI se aproximando do retorno da poupança
constitui apenas uma ponta do
iceberg. A indústria deverá passar por uma completa transformação, que já começou, e que
inclui a migração progressiva
do investidor para produtos
mais agressivos, a queda das taxas de administração e a maior
pulverização do volume total
administrado", avalia Alexandre Póvoa, diretor responsável
pela Modal Asset Management.
Concorrência crescente
O crescimento do mercado
neste ano fez com que a Anbid
criasse um novo tipo: os fundos
de "long and short".
Esse novo tipo de fundo a
aparecer na catalogação da Anbid soma patrimônio líquido
expressivo, de R$ 5,2 bilhões.
Os "long and short" carregam
riscos mais elevados que os
fundos de renda fixa, mas podem dar rentabilidades mais
interessantes. Esse tipo de aplicação realiza operações ligadas
ao mercado de renda variável,
utilizando-se de posições
"compradas" e "vendidas"
-"long and short", em inglês.
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