São Paulo, terça-feira, 25 de dezembro de 2007

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Condição de vida dos brasileiros melhorou, diz Lula

Para o presidente, melhoria é visível no movimento de compras em shoppings; mercado prevê PIB e inflação maiores em 2007/8

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A melhoria nas condições de vida do brasileiro é visível no grande movimento de compras em shopping centers, disse ontem Luiz Inácio Lula da Silva em seu programa de rádio, "Café com o Presidente". Lula traçou um cenário róseo da economia, ignorando os alertas feitos por ele mesmo na semana passada sobre o risco de a crise do mercado imobiliário americano chegar ao Brasil.
Respondendo a uma pergunta que falava sobre o movimento no comércio popular e nos shopping centers, Lula citou a manchete da Folha de domingo retrasado sobre o crescimento da renda.
"Olha, mais animado eu fico quando vejo uma manchete de jornal dizendo que 20 milhões de brasileiros saíram das classes D e E para a classe C. Significa o quê? Quem está indo ao shopping, quem está indo a um lugar em que se vende muito, percebe que o povo pobre está comprando, o povo pobre está indo às compras. Significa o quê? Significa que essas pessoas estão tendo uma ascensão na sua vida social, as pessoas estão fazendo parte do mercado, as pessoas estão virando consumidores, o que é uma coisa extremamente importante."
Citando especificamente a indústria, Lula diz que "o Brasil está preparado para um grande ciclo de crescimento sustentável". Novamente, Lula ignorou os problemas estruturais.
A utilização das máquinas e equipamentos instalados no Brasil, que se aproxima de 100%, tem sido um dos nós da equação do crescimento brasileiro e motivo de dor de cabeça para parte da equipe econômica. Apesar de os investimentos das empresas estarem crescendo, a equipe econômica avalia que eles estão maturando lentamente, em descompasso com o aumento do consumo.
Com isso, a economia cresce num ritmo maior do que o seu potencial, o que pode gerar problemas de inflação mais à frente. Essa avaliação levou o Banco Central a parar de reduzir os juros. Os diretores que definem a trajetória da taxa temem dar mais estímulo e depois ter de frear o crescimento econômico para evitar um surto inflacionário.
No programa, o presidente Lula se justificou pelo atraso no PAC -o conjunto de obras para acelerar o crescimento. Lançado em janeiro deste ano, o programa estava previsto para ter um forte impacto na economia já em 2007.
No entanto, com grande parte das obras atrasada, o governo encerrará o ano sem conseguir sequer gastar os recursos previstos. Segundo Lula, os efeitos do PAC serão sentidos em 2008.
"Quando nós lançamos o PAC no dia 22 de janeiro de 2007, nós tínhamos consciência de que era preciso, ao lançar o PAC, estruturá-lo, ou seja, criar um grupo gestor, começar a discutir com prefeituras, começar a discutir com o governo dos Estados, começar a discutir com as empresas públicas. Afinal de contas, são R$ 504 bilhões, e quase tudo isso começa a desovar, a gerar empregos e a gerar renda no próximo ano."
Lula também comemorou o aumento no registro de empregos formais. "O emprego criado no ano de 2007 é o maior da série histórica do Caged [Cadastro Geral de Empregados e Desempregados], ou seja, foram quase 2 milhões de empregos criados com carteira assinada até o mês de novembro, até o dia 30 de novembro. É uma coisa excepcional."

PIB e inflação maiores
O mercado financeiro elevou suas estimativas para o crescimento econômico e a inflação do país neste ano e em 2008, segundo o boletim Focus divulgado ontem pelo Banco Central.
A previsão de crescimento do PIB em 2007 subiu para 5,12% (5,06% na semana passada). Para 2008, a estimativa é de 4,50% (antes, 4,40%).
Já a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve fechar 2007 em 4,35%, de acordo com o mercado (4,21% na semana passada). Para 2008, o mercado espera 4,25% (na semana passada a previsão era de 4,20%).


Com a Reuters


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