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BENJAMIN STEINBRUCH
Futuro com otimismo
Seguramente, o grande desafio de 2008 e dos próximos anos será na área de gestão
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QUANDO 2007 começou, havia
várias expectativas no ar. O
governo federal acabara de
prometer um pacote para destravar
a economia e promover um crescimento de pelo menos 5% ao ano no
PIB (Produto Interno Bruto) até
2010. Esperava-se para 2008 um
forte aumento dos investimentos
públicos em setores básicos, por
meio do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Esperavam-se
também cortes corajosos nos gastos
públicos correntes e redução do custo do dinheiro até para que pudesse
haver mais disponibilidade de recursos para investimentos em áreas
sociais e da educação.
Essas eram esperanças macroeconômicas para 2008. A estabilidade
da economia já não estava mais entre os desejos dos brasileiros nem
nos pedidos a Papai Noel. Era uma
conquista já consolidada nos anos
anteriores, quando o país conseguiu
se livrar da hiperinflação. Na área da
segurança, setor com importância
crescente nas listas de preocupações
dos brasileiros, contava-se com uma
ação mais decidida do poder público, principalmente dos novos governadores, já que essa questão diz
mais respeito aos Estados do que à
União.
Embora não pretenda aborrecer o
leitor com muitos números neste
dia de Natal, a data é boa oportunidade para um ligeiro balanço das
realizações das aspirações dos brasileiros no ano que termina. Natal é
um dia em que preferimos falar de
coisas boas, e há algumas notícias favoráveis no balanço do ano. A taxa
de crescimento da economia finalmente atingiu um nível razoável,
acima de 5%, surpreendendo os
mais céticos; foram criados quase 2
milhões de novos empregos formais, a taxa de desemprego caiu para o nível mais baixo desde 2002 e a
renda dos assalariados aumentou;
apesar do câmbio totalmente fora de
lugar, um dos principais problemas
atuais da economia, o comércio exterior deve fechar o ano com um superávit próximo a US$ 39 bilhões.
Na área da segurança, também há
boas notícias. Fixou-se uma tendência geral de redução dos índices de
criminalidade em praticamente todos os grandes centros, embora o
noticiário policial ainda nos assuste
com enorme freqüência. Em São
Paulo, o número de homicídios deve
cair para 15 ou 16 por ano para cada
100 mil habitantes, um índice já próximo daquele aceito como tolerável
pela ONU (Organização das Nações
Unidas), de 10 assassinatos por ano
para cada 100 mil habitantes (tolerável para eles, não para mim).
Seguramente, o grande desafio de
2008 e dos próximos anos será na
área de gestão. Não basta conseguir
recursos. É preciso utilizá-los com
qualidade e agilidade. Os investimentos públicos deste ano, por
exemplo, ficaram muito aquém da
expectativa. Os cortes de gastos correntes também. Com a rejeição da
CPMF, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai ter uma oportunidade
única para fazer da redução da carga
tributária uma alavanca de crescimento.
O melhor que poderia acontecer
para o país, em 2008, seria a confirmação das palavras da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff,
de que o Brasil deve se transformar
em um canteiro de obras. Em contraposição, o pior que poderia acontecer seria prevalecer mais uma vez
a atitude retrógrada daqueles que se
assustam com crescimento, jogam
na retranca e acionam mecanismos
de contenção de demanda.
O Brasil não realizou todos os seus
sonhos em 2007, naturalmente.
Mas realizou alguns e, apesar de todas as frustrações e incertezas, convido o leitor a olhar o futuro com otimismo. Feliz Natal a todos.
BENJAMIN STEINBRUCH , 54, empresário, é diretor-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, presidente do conselho de administração da empresa e primeiro vice-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
bvictoria@psi.com.br
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