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Superávit deve ter meta acima de 4% do PIB
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo deve anunciar nos
próximos dias aumento da meta de superávit primário (economia de receita para o pagamento de juros da dívida) para
este ano, que hoje equivale a
3,75% do PIB (Produto Interno
Bruto). Segundo a Folha apurou, a nova meta ficará acima
de 4% do PIB.
Um esforço de mais 0,25
ponto percentual significaria
hoje uma economia adicional
de cerca de R$ 3,75 bilhões
-na forma de aumento de impostos ou corte de gastos.
Tanto o ministro Antonio
Palocci (Fazenda) quanto o
presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles, já admitiram que a meta pode aumentar. Depois de o BC ter elevado
a taxa básica de juros da economia, na semana passada, de
25% anuais para 25,5%, a necessidade de aumentar o superávit primário aumentou.
O objetivo da economia de
receitas é reduzir a trajetória da
dívida pública em proporção
do PIB. A taxa básica mais alta
provoca elevação do encargo
para a renovação da dívida pública, pois cerca de metade da
dívida interna em títulos federais é corrigida pela Selic. O aumento de 0,5 ponto percentual
na taxa básica representa crescimento da dívida pública em
R$ 1,9 bilhão -desde que
mantida a mesma taxa pelo
prazo de um ano.
A meta de superávit primário
é o principal ponto do acordo
com o FMI (Fundo Monetário
Internacional). A elevação da
meta deve ser bem vista pela
missão do Fundo que chega ao
Brasil no mês que vem, para a
segunda revisão do acordo
com o Brasil -a primeira no
governo do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
Vinculação de receitas
Entre as metas com o FMI
que o governo tem de cumprir
até março deste ano -término
da segunda revisão do acordo-, está a renovação da DRU
(Desvinculação de Receitas da
União). A Folha apurou que o
governo deve tratar a questão
com o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2004, que
será encaminho ao Congresso
em abril.
Como a maior parte da arrecadação de impostos é vinculada ao pagamento de determinadas despesas, engessando a
programação dos gastos, a
DRU funciona como um mecanismo "desvinculante" ao liberar o uso de 20% das receitas.
O governo deverá propor ao
Congresso a prorrogação da
DRU, que termina neste ano.
Sem a DRU, o governo teria
que emitir títulos da dívida para pagar pessoal, tal o grau de
vinculação de receitas existente
no Orçamento.
Estuda-se o aumento do percentual de 20%. Hoje, o percentual recai sobre receitas de R$
180 bilhões. A DRU vem sendo
prorrogada desde 1994.
Nos últimos anos, o governo
aumentou as vinculações ao
determinar que a parcela de
0,08 ponto percentual da
CPMF vá para o Fundo de
Combate à Pobreza e criou a
Cide (contribuição sobre combustíveis), vinculada a transportes e ambiente.(LEONARDO SOUZA E SÍLVIA MUGNATTO)
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