|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
INTEGRAÇÃO
Entrada do novo sócio do bloco traria impacto econômico reduzido, apesar de aumento na exportação ao país vizinho, diz CNI
Venezuela ajuda pouco Mercosul, diz estudo
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de o Mercosul estar de
olho nos petrodólares que a Venezuela pode trazer ao bloco, a
adesão do país não representa um
impacto econômico significativo.
Segundo estudo realizado pela
CNI (Confederação Nacional da
Indústria), a entrada do novo sócio aumenta o PIB (Produto Interno Bruto) do Mercosul em
7,7%, mas diminui a renda per capita do bloco em 3,5%. Por outro
lado, o estudo indica que há um
potencial de aumento de 28% na
demanda por produtos brasileiros na Venezuela.
Para a economista Lúcia Maduro, coordenadora do estudo, as
oportunidades de comércio podem ser ainda maiores para a Venezuela. Isso porque a participação do Brasil no mercado venezuelano já é grande. "A Venezuela
tem mais espaço para melhorar as
vendas para o Brasil, mas isso depende da sua indústria", disse.
O Brasil é o terceiro principal
fornecedor de produtos manufaturados para a Venezuela, atrás
dos Estados Unidos e da Colômbia, e exporta principalmente
aparelhos de celular, carros, tratores e carnes.
No ano passado, o país teve superávit de US$ 1,9 bilhão. Vendeu
US$ 2,2 bilhões e importou
US$ 256 milhões. Já a pauta de exportações da Venezuela para o
Brasil é mais concentrada em produtos básicos e semimanufaturados, como minérios, produtos
químicos e sardinha.
O estudo da CNI chama a atenção, porém, para o cronograma
de liberalização do comércio que
foi assinado entre o Brasil e a Venezuela em 2003, no âmbito das
negociações entre o Mercosul e a
Comunidade Andina.
O cronograma considera as assimetrias econômicas entre o Brasil e a Venezuela, portanto, dá um
prazo mais longo para a Venezuela abrir seu mercado para o Brasil.
Caso seja seguido esse acordo,
em um ano 80,9% das vendas da
Venezuela para o Brasil seriam liberalizadas. Em cinco anos, a Venezuela teria acesso livre para
91,2% das exportações. Já o Brasil
levaria cinco anos para ter acesso
livre para 16% de suas vendas e 14
anos para 63,6% da pauta.
Para Argentina, Uruguai e Paraguai, o impacto econômico da
adesão da Venezuela é maior do
que para o Brasil. Excluindo o
Brasil, o aumento do PIB da região seria de 28,5%.
Há uma expectativa no governo
brasileiro de que a entrada da Venezuela ajude a melhorar as políticas de compensação que são planejadas para os sócios menores.
O Brasil conta com a Venezuela
para aumentar o fundo estrutural,
para ajudar a financiar o desenvolvimento nos países menores.
O presidente Hugo Chávez, porém, já tem distribuído seus petrodólares pela região. Ele transferiu US$ 17,5 milhões para um hospital no Uruguai e prometeu doar
recursos para uma cooperativa de
desenvolvimento, além de ter
comprado US$ 950 milhões em
papéis da dívida argentina.
Texto Anterior: Operação Fanta: Busca da SDE acha arma em sala na Cutrale Próximo Texto: Frase Índice
|