São Paulo, quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

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INTEGRAÇÃO

Entrada do novo sócio do bloco traria impacto econômico reduzido, apesar de aumento na exportação ao país vizinho, diz CNI

Venezuela ajuda pouco Mercosul, diz estudo

CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar de o Mercosul estar de olho nos petrodólares que a Venezuela pode trazer ao bloco, a adesão do país não representa um impacto econômico significativo.
Segundo estudo realizado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), a entrada do novo sócio aumenta o PIB (Produto Interno Bruto) do Mercosul em 7,7%, mas diminui a renda per capita do bloco em 3,5%. Por outro lado, o estudo indica que há um potencial de aumento de 28% na demanda por produtos brasileiros na Venezuela.
Para a economista Lúcia Maduro, coordenadora do estudo, as oportunidades de comércio podem ser ainda maiores para a Venezuela. Isso porque a participação do Brasil no mercado venezuelano já é grande. "A Venezuela tem mais espaço para melhorar as vendas para o Brasil, mas isso depende da sua indústria", disse.
O Brasil é o terceiro principal fornecedor de produtos manufaturados para a Venezuela, atrás dos Estados Unidos e da Colômbia, e exporta principalmente aparelhos de celular, carros, tratores e carnes.
No ano passado, o país teve superávit de US$ 1,9 bilhão. Vendeu US$ 2,2 bilhões e importou US$ 256 milhões. Já a pauta de exportações da Venezuela para o Brasil é mais concentrada em produtos básicos e semimanufaturados, como minérios, produtos químicos e sardinha.
O estudo da CNI chama a atenção, porém, para o cronograma de liberalização do comércio que foi assinado entre o Brasil e a Venezuela em 2003, no âmbito das negociações entre o Mercosul e a Comunidade Andina.
O cronograma considera as assimetrias econômicas entre o Brasil e a Venezuela, portanto, dá um prazo mais longo para a Venezuela abrir seu mercado para o Brasil.
Caso seja seguido esse acordo, em um ano 80,9% das vendas da Venezuela para o Brasil seriam liberalizadas. Em cinco anos, a Venezuela teria acesso livre para 91,2% das exportações. Já o Brasil levaria cinco anos para ter acesso livre para 16% de suas vendas e 14 anos para 63,6% da pauta.
Para Argentina, Uruguai e Paraguai, o impacto econômico da adesão da Venezuela é maior do que para o Brasil. Excluindo o Brasil, o aumento do PIB da região seria de 28,5%.
Há uma expectativa no governo brasileiro de que a entrada da Venezuela ajude a melhorar as políticas de compensação que são planejadas para os sócios menores.
O Brasil conta com a Venezuela para aumentar o fundo estrutural, para ajudar a financiar o desenvolvimento nos países menores.
O presidente Hugo Chávez, porém, já tem distribuído seus petrodólares pela região. Ele transferiu US$ 17,5 milhões para um hospital no Uruguai e prometeu doar recursos para uma cooperativa de desenvolvimento, além de ter comprado US$ 950 milhões em papéis da dívida argentina.


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