São Paulo, segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

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FolhaInvest

Fundo ignora juro menor e segue atraente

Além de renda fixa e DI, alternativas como CDBs e Tesouro Direto ainda prometem bom retorno com o atual patamar da Selic

Apesar da queda de 1 ponto na Selic, país se mantém com a mais alta taxa de juros reais; Bolsa é indicada apenas para longo prazo

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O início do esperado ciclo de redução da taxa básica brasileira vai afetar diretamente a rentabilidade das aplicações que rendem juros neste ano. Todavia, como o Brasil pratica os maiores juros reais do planeta, buscar aplicações como os fundos DI e de renda fixa ainda serão alternativas interessantes, avaliam analistas.
As grandes dúvidas em relação ao que reserva a Bolsa de Valores para este ano -após o fiasco de 2008- tornam a opção de aumentar a exposição ao risco, como o representado pelas ações, algo ainda bastante incerto, principalmente para as aplicações de curto prazo.
Além dos fundos, os investidores têm se aproveitado de outras alternativas para não perder os juros elevados, com destaque para os CDBs (Certificados de Depósito Bancário) e os títulos públicos negociados pelo Tesouro Direto.
A taxa básica Selic -referência para os juros praticados no mercado- foi reduzida para 12,75% anuais na semana passada. Com isso, os juros reais brasileiros (Selic descontada a inflação projetada para 12 meses) ficaram em 7,6% -a maior taxa do planeta.
"Os juros vão se manter em patamares elevados. Temos os maiores juros reais do mundo. E o investidor não tem muitas alternativas interessantes [às aplicações que pagam juros] neste momento", afirma o administrador de investimentos Fábio Colombo.
Os fundos de renda fixa deram, na média, 12,85% em 2008. Os fundos DI, 12,11%. E os CDBs pagaram 11,83%.
Os fundos DI, cujas carteiras são compostas por títulos públicos e privados pós-fixados, devem acompanhar mais de perto a esperada redução da taxa Selic. Para a renda fixa, que tem mais papéis prefixados, o impacto da queda Selic deve ser sentido menos intensamente.
Um ponto relevante para os investidores estarem atentos é a formação da carteira -ou seja, os papéis que o gestor escolheu para compor o fundo. Os fundos são uma comunhão de recursos de vários investidores. E o gestor pega esses recursos e adquire no mercado títulos do governo ou privados (como debêntures, notas promissórias e mesmo CDBs). Desse mix é que sai a rentabilidade. Por isso, mesmo os fundos de renda fixa não vão ter um retorno igual.
"Entender a formação da carteira do fundo é algo muito importante, mas ignorado por grande parte dos investidores. Além disso, é preciso avaliar as taxas que são cobradas nos fundos, que podem engolir boa parte da rentabilidade bruta", diz Jason Freitas Vieira, economista-chefe da UpTrend Consultoria Econômica.
No caso dos CDBs, a situação é diferente. O CDB é um título emitido pelo banco e oferecido diretamente ao cliente. Na prática, o banco pega dinheiro emprestado do cliente e paga uma taxa de juros para isso. A rentabilidade dos CDBs varia de um banco a outro e do montante que a pessoa tem para investir (quanto mais capital, maiores as chances de o banco oferecer juros elevados).
"O CDB vai seguir competitivo. Mas é importante analisar as taxas que o banco oferece. Em alguns casos, se descontados a taxa de administração e os tributos, torna-se mais interessante colocar o dinheiro na poupança", diz Colombo.
A taxa de administração é cobrada nos fundos de investimento e costuma oscilar entre 1% e 4% ao ano. Se o fundo tiver uma taxa de administração muito elevada, o retorno líquido pode deixar de ser atraente.
As informações dos fundos, como a taxa de administração cobrada e a rentabilidade oferecida ou proposta, devem ser checadas antes de a aplicação ser feita. Os gestores têm a obrigação de oferecer aos investidores o prospecto da aplicação, no qual devem constar todas as informações.
O mercado acionário, que se destacou entre 2003 e 2007, decepcionou em 2008, com a Bovespa tendo seu pior ano desde 1972, ao se desvalorizar em 41,22%. Para este ano, analistas esperam que haja alguma recuperação, mas poucos se arriscam em falar em altas mais expressivas. Para quem pensa em aplicações de prazos mais longos, ao menos por dois anos, a Bolsa tem sido recomendada como uma opção de diversificação, pois os preços das ações de grandes empresas se depreciaram consideravelmente.


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