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agrofolha
Safra recorde deve reduzir preço da soja
Produtores iniciam a colheita apreensivos com a perspectiva de queda na cotação e temem não cobrir custos da lavoura
Com aumento da área plantada e clima favorável,
produção global avança
20%, e estoque de países
produtores deve crescer 40%
Marcelo Justo/Folha Imagem
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Caminhão é carregado com soja em Goiás; cenário para produtor é menos favorável que o de 2009
GUSTAVO HENNEMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CHAPADÃO DO CÉU (GO)
Produtores de soja do Centro-Oeste iniciaram a colheita
neste mês apreensivos com a
perspectiva de queda nos preços internacionais. A cotação
do grão é pressionada por projeções de safras recordes nos
três maiores exportadores,
EUA, Brasil e Argentina.
O aumento da área plantada
e o clima favorável resultaram
na expansão de 20% na produção mundial, o que deve elevar
o estoque dos países produtores em 40%, diz o Cepea (Centro de Estudos Avançados em
Economia Aplicada), da USP.
Apesar de os gastos com custeio terem caído de 10% a 20%
neste ciclo, o cenário é menos
favorável ao produtor do que
em 2009, quando a quebra de
31% na safra argentina e a forte
demanda chinesa garantiram
altos preços mesmo durante a
colheita -cerca de US$ 10 por
bushel, que equivale a 27,2 kg
de soja. A cotação do dólar, que
caiu de R$ 2,30 para cerca de
R$ 1,80 nos últimos 12 meses,
também prejudica o sojicultor.
"Quem não travou [o preço]
nada está preocupado por causa da cotação [que tende a cair]
e porque a perspectiva é ruim
para a safrinha do milho, que
mantém preços baixos e estoques altos desde o ano passado", diz o produtor Eduardo
Pagnoncelli Peixoto, 52.
Há dez dias, ele iniciou a colheita dos 2.400 hectares que
plantou em sua propriedade,
dividida entre os municípios de
Chapadão do Céu (GO) e Costa
Rica (MS). Para garantir um
preço médio, Peixoto vendeu
antecipadamente 60% da produção em outubro e novembro
por US$ 19 a saca de 60 kg -R$
34,4 pelo câmbio de ontem.
Com apenas 20% da produção vendida antecipadamente,
Rogério Antonio Sandri, 35, teme não cobrir os custos da lavoura se a cotação da soja continuar caindo. "Estou apreensivo porque já não consigo fechar
negócio por R$ 35 [a saca].
Abaixo disso, tenho prejuízo",
diz ele, que plantou 830 hectares em Chapadão do Céu.
Ontem, o preço da saca era de
cerca de R$ 32 no município.
Referência em produtividade
no Centro-Oeste, a região dos
chapadões, que compreende o
sul de Goiás e o norte de Mato
Grosso do Sul, havia colhido
10% de seus 400 mil hectares
até o último fim de semana.
Conforme dados da Fundação Chapadão, mantida por
produtores locais, as lavouras
devem produzir de 55 a 58 sacas por hectare neste ano, ante
52 sacas do ciclo anterior.
Para Lucilio Alves, pesquisador do Cepea, a demanda da
China será inferior à oferta
neste ano e a supersafra deve
recompor os estoques dos principais países exportadores.
"Não tem como segurar o
preço nessa situação. A cotação
deve cair até março, época em
que os produtores precisam
vender para pagar dívidas."
Para o economista e professor da GV Agro Alexandre
Mendonça de Barros, o preço
da soja deve cair um pouco se as
grandes safras no Brasil e na
Argentina se confirmarem,
mas há um "viés de estabilidade" em torno de US$ 9,7.
Os jornalistas GUSTAVO HENNEMANN
e MARCELO JUSTO viajaram
a convite da New Holland
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