São Paulo, terça, 26 de janeiro de 1999

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COMÉRCIO
Para o Magazine Luiza, não fazem sentido aumentos generalizados; Lojas Cem diz que negociações estão difíceis
Lojas resistem a aceitar reajuste de preço

Eduardo Knapp/Folha Imagem
Comunicado exposto em lojas do Carrefour informando clientes sobre fornecedores que elevaram preços


FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local


Algumas lojas vão começar a semana dispostas a não aceitar aumentos de preços já propostos pelos fornecedores, especialmente pela indústria eletroeletrônica.
"Vamos fazer força para não comprar mercadorias com preços mais caros. Se faltar produto na loja por pura especulação, vamos informar os clientes", diz Luiza Helena Trajano Rodrigues, diretora do Magazine Luiza, com 94 lojas.
Luiza Helena diz que os lojistas sabem quais são os produtos que podem subir de preço por causa da desvalorização do real. "São aqueles que vêm de fora ou têm componentes importados. Não faz sentido um reajuste generalizado."
O Magazine Luiza, segundo ela, fez encomenda à indústria no início do mês e, por enquanto, está recebendo as mercadorias sem ter de pagar qualquer aumento de preço.
A indústria e o comércio, segundo ela, não podem sair aumentando preço só para tentar minimizar prejuízos acumulados. "Num primeiro momento pode até ser bom, mas a médio prazo é péssimo." Luiza Helena acredita que vai ser difícil o empresário conseguir aumentar preços numa época em que o consumo está fraco.
Ela diz que o Magazine Luiza deve fechar este mês com faturamento igual ao de janeiro de 98, mas isso porque realizou uma megaliquidação no início do ano para acabar com os estoques. "O consumidor está muito cauteloso."
A Lojas Cem informa que essa cautela do cliente teve reflexo no caixa. A rede deve faturar neste mês 10% a menos do que em igual período de 98. "A turbulência na economia assustou a clientela", diz Giácomo Dalla Vecchia, diretor.
Segundo ele, as negociações com as indústrias estão bem difíceis, mas, assim como o Magazine Luiza, a rede não comprou nenhum produto com preço mais caro.
Na semana passada, a indústria eletroeletrônica anunciou que os seus preços iriam subir 30% por conta da desvalorização do real. "Vamos voltar a negociar com os fornecedores e brigar para que os preços sejam mantidos. O consumo está fraco. Se os produtos ficarem mais caros, a venda cai mais."
² Promoção
A rede Carrefour vai manter a promoção, marcada antes das mudanças na política cambial, nas linhas de informática, telefonia e material escolar -que começou ontem e vai até o dia 7 de fevereiro-, e citar os nomes das empresas que quiserem reajustar as suas tabelas de preços.
O consumidor gostou da idéia. Mas, mesmo sabendo que os preços estão mantidos ou em promoção, ele está pesquisando muito antes de efetuar a compra.
Ontem, na loja do Carrefour do bairro do Limão, clientes interessados em computadores foram apenas checar os preços.
O engenheiro Fábio Kang, 33, considera que é inevitável a subida de preços de produtos importados, mas a diferença de preços entre as lojas continua grande, diz, e vale a pena pesquisar. "Vou visitar outras lojas hoje (ontem) antes de tomar uma decisão."



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