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EUA vêem expansão de fusões e aquisições
CÍNTIA CARDOSO
DE NOVA YORK
Impulsionado pela retomada da
economia americana, o mercado
de fusões e aquisições nos EUA
está em expansão.
Em janeiro deste ano, houve 632
anúncios de negociações no setor
contra 590 no mesmo período de
2003. Traduzindo em números,
esses projetos somam US$ 84 bilhões ante US$ 26 bilhões do ano
passado, segundo dados da consultoria Thomson Financial.
Um dos exemplos mais emblemáticos no aquecimento do mercado de fusões e aquisições foi visto na semana passada. A norte-americana Cingular Wireless
acertou a aquisição da AT&T Wireless por US$ 41 bilhões. A transação criará o maior grupo de telefonia celular dos EUA.
O interesse da companhia de televisão a cabo Comcast em comprar o grupo Disney por US$ 66
bilhões também é considerado
como termômetro da tendência.
Para Andrew Hodge, economista da consultoria Global Insight, a
recente onda de fusões e aquisições é sustentada pelos níveis historicamente baixos dos juros, que
proporciona a contratação de empréstimos baratos. A taxa básica
de juros dos EUA está em 1%.
"Vemos uma retomada nesse
setor, mas não é selvagem ou insustentável", disse.
Antonio Caggiarno Filho, sócio
da área de fusões e aquisições da
Deloitte Touche Tohmatsu, também vê com otimismo moderado
a atual fase do mercado. "Ainda é
cedo para dizer que é um "revival".
Tomara que sim, mas acredito
que seja uma recuperação cíclica.
Esse mercado foi muito mal em
2001 e 2002, depois do estouro da
bolhas das ações de tecnologia e
dos atentados terroristas de setembro de 2001", afirmou.
De acordo com recente relatório
da Thomson Financial, a recuperação do mercado de capitais
americano em 2003, com forte
emissão de bônus corporativos, é
outro fator que explica o dinamismo do setor. Fortalecidas por novos financiamentos, as empresas
tiveram mais recursos para sair à
caça de negócios.
A revitalização das transações
de fusão e aquisição nos Estados
Unidos está inserida num contexto mundial. Dados da Thomson
Financial mostram que, em termos globais, o setor cresceu 10%
em 2003 em relação ao ano anterior. A cifra dessas negociações
chegou a US$ 1,3 trilhão no ano
passado.
Para 2004, as consultorias ouvidas pela Folha projetam expansão, mas nenhum dos economistas quis projetar o tamanho dessa
taxa de crescimento.
Mesmo na Europa, que apresenta um estilo de negociação menos agressivo que o americano, o
reaquecimento desse mercado
forma transações bilionárias. No
mês passado, a Sanofi-Synthélabo, gigante francesa do setor farmacêutico, ofereceu US$ 68,7 bilhões pela concorrente Aventis.
Para Bruce Greenwald, professor da Columbia Business School,
essa onda de fusões é "loucura",
pois os preços das ações estão
muito altos. Dean Baker, do Cepr
(sigla em inglês para Centro de
Pesquisa Econômica e Política),
afirma que média histórica da relação de retornos sobre os preços
das ações é de 15 para 1. Hoje, está
em torno de 24 para 1.
Setores em alta
A exemplo da aquisição do
FleetBoston Financial pelo Bank
of America em 2003, o setor dos
bancos comerciais deve ser a vedete em 2004. A Global Insight
também antevê fusões na área de
produtos médicos. "Isso já está
em andamento, mas não são
grandes negociações. Nesse caso,
são grandes empresas que compram pequenas empresas que estão crescendo", afirmou Hodge.
No caso do Brasil, segundo a
Deloitte Touche Tohmatsu, as
áreas de agronegócios e siderurgia, sustentadas pela alta dos preços das commodities no mercado
mundial, devem liderar as transações de fusões e aquisições.
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