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Desoneração da folha fica fora da reforma
Pressionado por centrais, Lula deve retirar de pacote tributário proposta que reduziria contribuição previdenciária de empresas
Sindicalistas querem a garantia de que a perda de arrecadação previdenciária seja coberta com receitas de outros tributos
JULIANA ROCHA
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pressionado pelas centrais
sindicais, o governo recuou e
deverá retirar do pacote da reforma tributária -que será encaminhada ao Congresso depois de amanhã- a desoneração da folha de salários das empresas. Em reunião ontem com
os sindicalistas, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva pediu
ao ministro Guido Mantega
(Fazenda) que ampliasse a discussão sobre o assunto antes de
enviar uma proposta ao Legislativo, disseram sindicalistas
que participaram do encontro.
A desoneração da folha seria
o principal atrativo oferecido
pelo governo ao setor produtivo na reforma tributária. A proposta desenhada pela Fazenda
previa que, a partir de 2010, haveria redução de um ponto percentual na atual alíquota de
20% da contribuição previdenciária recolhida pelas empresas, chegando a 14%. Isso custaria R$ 25 bilhões para o governo e seria compensado, de
acordo com Mantega, pelo
crescimento econômico e pelo
aumento do emprego formal.
"Não podemos confiar, a economia vive um sobe-e-desce.
Não podemos aprovar uma reforma para tirar direito dos
aposentados no futuro. É preciso encontrar formas de compensação", disse o presidente
da Força Sindical, deputado
Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP). "A desoneração
da folha não pode ser um risco
para criar um rombo nas receitas da Previdência", acrescentou o presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores),
Artur Henrique.
Sem compensação
O que mais desagradou aos
representantes dos trabalhadores na desoneração da folha
de pessoal foi o fato de não haver nenhuma previsão de compensação por meio de outros
tributos. Eles querem a garantia de que a perda de arrecadação previdenciária seja coberta
com receitas de outros tributos. A CUT defende a transferência da tributação para o faturamento.
Segundo relato dos sindicalistas, o projeto de lei para garantir a desoneração da folha só
deverá ser encaminhado depois da aprovação da emenda
constitucional com as mudanças tributárias. Seria uma segunda etapa da reforma, de
acordo com o relato de sindicalistas. Mas a equipe econômica
tenta fechar um projeto para
ser enviado ao Congresso com a
PEC (proposta de emenda
constitucional) da reforma tributária. Mantega não falou
após a reunião.
Imposto de Renda
Essa segunda etapa ainda incluiria a desoneração do Imposto de Renda da pessoa física.
Na reunião, a CUT pediu que o
alívio de impostos para a classe
média seja contemplado. As
centrais pressionaram o ministro para que desse uma resposta clara sobre a redução das alíquotas do IR. Contrariado,
Mantega respondeu: "Vamos
reduzir o IR".
O alívio da carga de impostos
para pessoas físicas seria enviada ao Congresso na forma de
projeto de lei. A principal saída
para desonerar a classe média
em estudo na Fazenda é a criação de duas alíquotas intermediárias do IR, de 20% e 25%.
Hoje, são duas as faixas de alíquotas cobradas pela Receita
Federal: de 15%, para quem
tem rendimentos mensais entre R$ 1.372,82 e R$ 2.743,25, e
de 27,5%, para quem tem rendimentos superiores a R$
2.743,25.
A receita com Imposto de
Renda da pessoa física em 2007
foi de R$ 13,9 bilhões, 54% a
mais que no ano anterior, já
descontada a inflação.
A proposta de reforma tributária prevê a unificação das alíquotas do ICMS dos Estados e a
transferência da cobrança da
origem para o destino. PIS, Cofins e Cide serão fundidos em
um único tributo, que será chamado de IVA-F (Imposto sobre
Valor Agregado Federal). A
CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) será inserida no Imposto de Renda da
pessoa jurídica.
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