São Paulo, terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

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bastidores

Lula chama empresário para apoiar projeto

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúne amanhã com a nata do grande empresariado brasileiro para dar o seguinte recado: se eles quiserem mesmo uma reforma tributária, pressionem o Congresso e a oposição a apoiar o projeto que o governo encaminhará nesta quinta-feira ao Legislativo.
A intenção do governo é que os grandes empresários, também os grandes financiadores das campanhas, cobrem o Congresso a aprovar o tema, discutido no Legislativo por mais de dez anos.
Em reunião ontem com seus principais ministros, Lula debateu a estratégia para aprovar a reforma. Ouviu relato dos contatos que Guido Mantega (Fazenda) fez recentemente com governadores, sindicalistas, empresários e órgãos de imprensa.
Nas palavras de Mantega, ele colheu uma recepção positiva ao projeto. Mas auxiliares do presidente lembraram que alguns dos pontos da reforma tributária exigem mudanças na Constituição. E disseram que a derrota do governo no Senado em dezembro na CPMF mostrou que, sem acordo com a oposição, emendas constitucionais dificilmente serão aprovadas naquela Casa.
O presidente deverá dizer no encontro que a reforma tributária não é questão do Executivo, mas da Federação. Portanto, governos estaduais, o Congresso e setores da sociedade, como empresariado e sindicalistas, terão responsabilidade pelo seu fracasso ou êxito. Para Lula, a maior pressão dos empresários deve ser feita sobre oposicionistas mais hostis às propostas do governo.
Daí a estratégia de apresentar uma reforma que traga desoneração (redução) de impostos. Apesar de ter perdido a receita prevista de quase R$ 40 bilhões que arrecadaria com a CPMF em 2008, Mantega dourou a pílula da reforma tributária com a desoneração.
Na prática, o governo já estava decidido a reduzir pontualmente a carga tributária desde o início do segundo semestre de 2007. Contava com a aprovação da CPMF para ter mais gordura. Como a CPMF foi rejeitada, o governo suspendeu a desoneração em dezembro e a retomou agora. A arrecadação tem crescido ano a ano e ainda há espaço para bondades, disse à Folha um dos integrantes da área econômica.
O encontro com os empresários é uma articulação direta de Mantega.
Foram convidados todos os pesos-pesados da indústria e das entidades empresariais mais importantes.

Oposição e Aécio
Na avaliação de Lula, a derrota da CPMF mostrou que o governo não tem força para realizar reformas constitucionais como tinha no início do primeiro mandato.
O presidente avalia que a sucessão já influencia os humores da oposição, sobretudo do PSDB, ora hostil como o DEM, ora disposto a um acordo com o PT.
Por isso, Lula desistiu de enviar propostas de emendas constitucionais ao Congresso. A exceção será a tributária, compromisso assumido antes da rejeição da CPMF. Para Lula e Mantega, foi positivo o apoio do governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), à proposta.


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