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bastidores
Lula chama empresário para apoiar projeto
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva se reúne amanhã com a nata do grande
empresariado brasileiro para
dar o seguinte recado: se eles
quiserem mesmo uma reforma tributária, pressionem o
Congresso e a oposição a
apoiar o projeto que o governo encaminhará nesta quinta-feira ao Legislativo.
A intenção do governo é
que os grandes empresários,
também os grandes financiadores das campanhas, cobrem o Congresso a aprovar
o tema, discutido no Legislativo por mais de dez anos.
Em reunião ontem com
seus principais ministros,
Lula debateu a estratégia para aprovar a reforma. Ouviu
relato dos contatos que Guido Mantega (Fazenda) fez
recentemente com governadores, sindicalistas, empresários e órgãos de imprensa.
Nas palavras de Mantega,
ele colheu uma recepção positiva ao projeto. Mas auxiliares do presidente lembraram que alguns dos pontos da reforma tributária exigem
mudanças na Constituição.
E disseram que a derrota do
governo no Senado em dezembro na CPMF mostrou
que, sem acordo com a oposição, emendas constitucionais dificilmente serão aprovadas naquela Casa.
O presidente deverá dizer
no encontro que a reforma
tributária não é questão do
Executivo, mas da Federação. Portanto, governos estaduais, o Congresso e setores
da sociedade, como empresariado e sindicalistas, terão
responsabilidade pelo seu
fracasso ou êxito. Para Lula,
a maior pressão dos empresários deve ser feita sobre
oposicionistas mais hostis às
propostas do governo.
Daí a estratégia de apresentar uma reforma que traga desoneração (redução) de
impostos. Apesar de ter perdido a receita prevista de
quase R$ 40 bilhões que arrecadaria com a CPMF em
2008, Mantega dourou a pílula da reforma tributária
com a desoneração.
Na prática, o governo já estava decidido a reduzir pontualmente a carga tributária
desde o início do segundo semestre de 2007. Contava
com a aprovação da CPMF
para ter mais gordura. Como
a CPMF foi rejeitada, o governo suspendeu a desoneração em dezembro e a retomou agora. A arrecadação
tem crescido ano a ano e ainda há espaço para bondades,
disse à Folha um dos integrantes da área econômica.
O encontro com os empresários é uma articulação direta de Mantega.
Foram convidados todos
os pesos-pesados da indústria e das entidades empresariais mais importantes.
Oposição e Aécio
Na avaliação de Lula, a
derrota da CPMF mostrou
que o governo não tem força
para realizar reformas constitucionais como tinha no
início do primeiro mandato.
O presidente avalia que a
sucessão já influencia os humores da oposição, sobretudo do PSDB, ora hostil como
o DEM, ora disposto a um
acordo com o PT.
Por isso, Lula desistiu de
enviar propostas de emendas constitucionais ao Congresso. A exceção será a tributária, compromisso assumido antes da rejeição da
CPMF. Para Lula e Mantega,
foi positivo o apoio do governador de Minas, Aécio Neves
(PSDB), à proposta.
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