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Mantega pressiona bancos sobre juro
Elevação do compulsório para 15% não causará impacto nos bancos nem deve elevar taxas, diz ministro
"Não há razão para aumento de taxas de juros e de "spreads" no país, porque as condições são muito favoráveis", disse o ministro
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois que o Banco Central
decidiu retirar de circulação da
economia R$ 71 bilhões a partir
do mês que vem, a equipe econômica tenta se eximir da culpa
por uma alta de juros ao consumidor, empurrando a responsabilidade para os bancos.
Tanto no BC quanto no Ministério da Fazenda, o discurso
é o de que a medida não causará
impacto para as instituições financeiras e, portanto, não há
motivo para uma elevação do
custo dos empréstimos e dos financiamentos.
Os técnicos também evitam
assumir que, ao enxugar uma
parcela significativa de recursos da economia, o BC facilita
seu próprio trabalho, já que numa economia com a liquidez
mais equilibrada a alta de juros
para conter pressões inflacionárias pode ser menor.
No final de 2008, no auge da
crise financeira internacional,
o BC liberou cerca de R$ 100 bilhões para os bancos manterem
o volume de empréstimos, ajudando a retirar a economia de
uma recessão.
Agora, a maior parte desse dinheiro será novamente recolhida pelo Banco Central, como
depósito compulsório.
Apesar de os bancos perderem esses recursos, o diretor de
Política Monetária do BC, Aldo
Mendes, afirmou, na última
quarta-feira, que o governo não
está "criando nenhum custo
adicional" para as instituições
financeiras.
Ontem, foi a vez de o ministro Guido Mantega (Fazenda)
defender que "não há razão para aumento de taxas de juros e
de "spreads" no país, porque as
condições são muito favoráveis. Não sei dizer, quem tem
que responder são os bancos".
Para o ministro, "o que o BC
fez foi retornar ao status pré-crise. A medida é adequada e terá um efeito positivo".
Para Rubens Sardenberg,
economista-chefe da Febraban
(entidade que representa os
bancos), é inegável que a medida anunciada pelo BC "reduz a
oferta de dinheiro e põe pressão sobre o custo".
Apesar de ser esperada por
parte do mercado, a decisão,
anunciada na noite da última
quarta-feira, diminuirá a oferta
de crédito e aumentará o preço.
O tamanho do impacto, avalia,
vai ser determinado por vários
fatores, entre eles a concorrência bancária.
"Uma coisa é o banco ter dinheiro disponível no caixa e decidir aplicar em títulos públicos
no fim do dia. A outra é o recurso estar recolhido no BC como
compulsório, o que não está
disponível para o banco", argumenta Sardenberg, para rebater uma das justificativas apresentadas pelo BC em defesa das
novas medidas.
Na avaliação da cúpula do
BC, o governo está apenas recolhendo dinheiro que estava sobrando diariamente nos bancos e era usado para comprar títulos públicos no final do dia.
Para a economista Zeina Latiff, do banco ING, a decisão do
BC de retomar um patamar de
depósito compulsório mais
próximo do que o país tinha antes da crise financeira internacional de 2008 levou a instituição a "suspender estímulos
monetários que não são mais
necessários".
Com isso, tenta minimizar o
risco de o Copom (Comitê de
Política Monetária do BC) iniciar um processo de alta de juros que pode não ser suficiente
para conter a alta do crédito.
(SHEILA D'AMORIM)
Colaborou EDUARDO RODRIGUES,
da Sucursal de Brasília
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