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MERCADO TENSO
Segundo técnicos do governo, PIB pode sofrer queda de 3%; produção industrial em janeiro recuou 7,5%
Argentinos já admitem recessão em 99
MAURÍCIO SANTANA DIAS
de Buenos Aires
O ministro da Economia, Roque
Fernández, já reconhece que a Argentina poderá entrar em recessão
neste ano. Segundo analistas privados e técnicos do ministério, a
previsão de crescimento de 3% em
99 é hoje insustentável; o país poderia inclusive -dizem os mais
pessimistas- sofrer uma queda
de 3% no PIB.
A hipótese de recessão, descartada em recente viagem que a equipe
econômica fez aos Estados Unidos,
foi retomada depois que o Instituto Nacional de Estatística e Censo
anunciou uma queda de 7,5% na
produção industrial de janeiro,
comparada com a de dezembro de
98.
O encolhimento da economia argentina fará com que o Estado arrecade menos, ocasionando um
déficit nas contas públicas de US$
4,5 bilhões, US$ 1,5 bilhão acima
do que foi acordado com o Fundo
Monetário Internacional. Isso
obrigará o governo argentino a rever as metas fiscais acertadas com
o Fundo no final do ano passado.
Ademais, a fim de compensar o
aumento do déficit o governo deverá fazer cortes adicionais em
suas despesas -previstos para
abril, quando uma nova missão do
FMI chegará a Buenos Aires.
A possibilidade de que se façam
mais cortes está provocando a reação de alguns ministérios -como
o da Educação, do Trabalho e da
Saúde. De acordo com os ministros dessas pastas, seus orçamentos já estão muito apertados e não
têm margem para suportar novas
reduções.
O "efeito Brasil" como álibi
Para poder renegociar com sucesso as metas fiscais de 99 e obter
o aval do FMI, o governo argentino
aposta num único argumento: o
elevado déficit público não decorreria de problemas internos, mas
dos efeitos causados pela crise econômica brasileira -que teria levado o país à recessão.
Com isso os funcionários do Ministério da Economia esperam
convencer a delegação do FMI
-chefiada por Teresa Ter Minassián- de que será necessário incrementar o déficit em pelo menos
US$ 600 milhões.
Entretanto a tese de que os problemas da economia argentina resultam todos da crise brasileira foi
indiretamente rechaçada pelo embaixador do Brasil na Argentina,
Sebastião do Rego Barros.
"Quem chega à Argentina e lê os
jornais fica com a impressão de
que todos os problemas argentinos
decorrem do Brasil; o Brasil não é a
causa de todos os problemas argentinos", afirmou o embaixador
num encontro com empresários,
realizado na quarta-feira em Buenos Aires.
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