São Paulo, quarta-feira, 26 de março de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cesp coleciona fracassos na privatização desde gestão Covas

DA REPORTAGEM LOCAL

A instabilidade econômica e regulatória derrubou as três tentativas do governo paulista de vender a Cesp (Companhia Energética de São Paulo).
A primeira tentativa de privatizar as usinas remanescentes da estatal aconteceu em dezembro de 2000 (governo Mário Covas), um ano depois que o governo de São Paulo fez a cisão da Cesp e separou as empresas de distribuição (CPFL, Elektro, Bandeirante e Eletropaulo), transmissão (vendida em 2006) e geração. Embalado com os bons resultados dos leilões das usinas do rio Tietê (adquiridas na ocasião pela AES) e do rio Paranapanema (compradas pela Duke Energy), o Estado considerou viável vender as usinas do rio Paraná (Ilha Solteira, Jupiá, Três Irmãos e Porto Primavera), além de dois outras hidrelétricas de menor porte: Jaguari e Paraibuna.
Envolta numa crise financeira iniciada nos anos 80 e agravada na década seguinte, a Cesp endividada não conseguiu atrair o interesse de nenhum grupo. Uma nova tentativa seria repetida em maio de 2001 (governo Geraldo Alckmin), um mês antes de deflagrado um programa emergencial contra o apagão. Na ocasião, a Federação dos Engenheiros obteve liminar exigindo que os novos controladores assumissem o compromisso de expandir a capacidade instalada das seis usinas em 16,5% em oito anos. Não houve interessados.

Saneamento
Com um valor de mercado superior a R$ 12,7 bilhões, a Cesp passa há mais de uma década por um processo de saneamento para ser vendida. Para isso, o governo de São Paulo implementou uma completa reestruturação da dívida da Cesp, que teve a injeção de capital de R$ 6,3 bilhões para reduzir sua dívida, avaliada agora em R$ 6,5 bilhões.
O saneamento foi iniciado com um aumento de capital de R$ 3,2 bilhões com a emissão de novas ações, em julho de 2006.
Outro R$ 1,193 bilhão veio da privatização da Cteep (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista), no final de junho de 2006.
O governo conseguiu também mais R$ 1,2 bilhão com a emissão de bônus e outro R$ 1,9 bilhão com a securitização de recebíveis, que foram parar em fundos de investimento.
Com a privatização, o governo paulista tentava retomar seu antigo programa de desestatização, cujo primeiro passo foi dado em setembro do ano passado, quando a Secretaria da Fazenda abriu uma licitação com o objetivo de contratar empresas para avaliar o valor e propor um modelo de negócio para 18 empresas estatais.
Entre as estatais objeto de avaliação, estavam o Metrô, a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), a Dersa, a Imprensa Oficial e a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental).
(AGNALDO BRITO e TONI SCIARRETTA)


Texto Anterior: SP descarta tentar nova venda neste ano
Próximo Texto: Sindicato de engenheiros manterá ações
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.