|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRABALHO
Paralisação em São José dos Campos chega ao quarto dia; outras unidades começam a parar por falta de peças
Governo vai intermediar a greve da GM
MARIA TERESA MORAES
DA FOLHA VALE
O governo Lula decidiu intermediar para pôr fim ao impasse
na greve da fábrica da General
Motors em São José dos Campos
(91 km de São Paulo). Ontem, em
seu quarto dia, a greve provocou a
paralisação, por falta de peças, da
produção nas unidades da montadora em São Caetano do Sul
(SP) e Gravataí (RS).
Ontem, o ministro do Trabalho,
Jaques Wagner, determinou que a
SRT (Secretaria de Relações do
Trabalho) procure mediar as negociações entre o Sindicato dos
Metalúrgicos de São José dos
Campos e a montadora.
O secretário Osvaldo Martinês
Bargas vai participar de uma reunião com a montadora e o sindicato, em São Paulo, na próxima
segunda-feira.
A decisão contraria as declarações dadas anteontem pelo ministro, quando afirmou que o governo não iria intervir nos movimentos grevistas. Segundo o ministro,
empresas e trabalhadores deveriam buscar acordos sem o envolvimento do governo.
Um fator que influiu na decisão
do ministério foi a expansão das
consequências da greve na fábrica
de São José dos Campos para outras duas unidades da montadora.
"A greve faz parte da democracia, o ministério vê a paralisação
como um instrumento justo e legal, mas estamos abertos para intermediar os conflitos existentes",
disse Bargas.
Segundo o Palácio do Planalto,
o secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Trabalho,
Osvaldo Bargas, foi designado para acompanhar as negociações
entre trabalhadores e empresários em São Paulo, na GM, porque
essa é sua função e não porque haja uma preocupação maior do governo quanto à possibilidade de
volta da indexação.
O Planalto informou também
que, embora essa não fosse a prática do governo anterior, a partir
de agora o Ministério do Trabalho
procurará colaborar com negociações trabalhistas sempre que
julgar necessário.
Apesar de a manutenção da greve descumprir uma decisão do
TRT (Tribunal Regional do Trabalho) de Campinas, que, anteontem, a considerou abusiva e determinou o imediato retorno ao trabalho, os operários da fábrica de
São José decidiram, em assembléia, manter a paralisação.
Apesar da desobediência, o sindicato e os funcionários não devem ser punidos pela Justiça do
Trabalho. De acordo com o juiz-auxiliar da presidência do TRT,
Francisco Alberto da Motta Giordani, o tribunal só pode multar o
sindicato se uma das partes envolvidas encaminhar uma ação pedindo a punição.
"O que competia ao TRT era julgar a legalidade da greve. Não
existia na solicitação nenhum pedido de punição ao descumprimento da decisão", disse.
Ontem, em uma assembléia
unificada, os 10,5 mil trabalhadores da GM e sua subsidiária, GM
Powertrain, decidiram manter a
greve até que a montadora aceite
conceder os 10,39% de reajuste
salarial referentes à inflação acumulada entre novembro de 2002 e
fevereiro deste ano.
Até agora, a única proposta
apresentada pela GM aos operários de São José foi o pagamento
de um abono salarial de 56% para
aqueles que recebem até R$ 1.600
por mês, sem incorporação aos
salários. Segundo o sindicato, o
pagamento do abono beneficiaria
apenas 60% do efetivo.
O ministro do Trabalho, Jaques
Wagner, falou na manhã de ontem por telefone com o vice-presidente nacional da General Motors, José Carlos Pinheiro Neto,
com quem conversou sobre a greve na empresa.
Wagner estava em Porto Alegre,
onde teve uma passagem rápida
para a inauguração de uma nova
unidade da fabricante de cigarros
Souza Cruz.
Havia diretores da General Motors no local, que estabeleceram o
contato entre o ministro e o empresário.
O ministro do Trabalho, Jacques Wagner, disse que não tem
conversado com o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva sobre as
recentes greves nas montadoras
de automóveis. Mas declarou que
o Ministério do Trabalho tem
acompanhado sem interferir no
movimento dos trabalhadores. O
ministro esteve ontem, em Campo Grande (MS), participando do
62º Fórum Nacional dos Secretários de Trabalho.
Segundo o petista, a greve faz
parte da relação empregado-empregador. E que não passa por sua
cabeça que, pelo fato de ele e o
presidente serem ex-sindicalistas,
não iriam acontecer greves neste
governo.
Com relação às paralisações nas
montadoras, Wagner disse que o
ministério tem acompanhado e se
oferecido para intermediar e
acompanhar as negociações, mas
sem interferências.
Colaboraram a Sucursal de Brasília e a
Agência Folha
Texto Anterior: Ano do dragão: IPCA-15 de abril repete março Próximo Texto: Palocci diz que pior caminho é o da indexação Índice
|