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Câmara amplia e aprova benefícios fiscais
Medida provisória do PAC que beneficia obras de infra-estrutura leva 12 horas para ser aprovada devido a excesso de pedidos
Entraram na MP incentivos para o queijo mineiro, novas regras para fiscalização dos cigarros e maiores prazos para pagamento de tributos
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Proposta do PAC mais disputada pelo lobby empresarial, a
medida provisória que concede
benefícios tributários para
obras em infra-estrutura levou
12 horas para ser aprovada -e
multiplicada- ontem pela Câmara dos Deputados.
A demora nada teve a ver
com divergências quanto ao
mérito da MP. Governistas e
oposicionistas ficaram das 9h
às 21h disputando a inclusão de
benefícios no texto da medida,
que segue agora para o Senado.
Após todos os acertos, entraram no Programa de Aceleração do Crescimento coisas como incentivos para o queijo mineiro e novas regras para a fiscalização dos cigarros. Nos cantos do plenário, havia quem reclamasse da exclusão do queijo
cremoso.
Seguiu-se o mesmo padrão
de negociação do dia anterior,
quando a MP que corrigiu a tabela do Imposto de Renda foi
ampliada para atender pleitos
dos mais diferentes setores, regiões e partidos. Com a aprovação em votações simbólicas das
duas últimas medidas provisórias, o governo conseguiu concluir a tramitação das MPs do
PAC na Câmara.
Na MP da desoneração tributária, porém, os interesses envolvidos não se resumiram a
demandas prosaicas ou folclóricas. A medida recebeu 151
propostas de modificação apresentadas por parlamentares,
grande parte delas concentrada
nos setores elétrico e rural, influentes no Congresso e assíduos nas discussões relativas a
benefícios fiscais -e ambos
atendidos, ao menos parcialmente, no novo texto da MP.
A principal providência da
MP é um regime tributário especial, válido para obras nos setores de transportes, portos,
energia e saneamento básico,
em que as empresas envolvidas
ficam livres, por cinco anos, da
cobrança de PIS e Cofins sobre
a aquisição de máquinas, equipamentos e materiais de construção. Na Câmara, o relator
Odair Cunha (PT-SP) acrescentou no regime o setor de irrigação e as empresas subcontratadas para as obras.
Tática do "bode na sala"
Na MP há desde a proposta
do Executivo a maiores prazos
para o pagamento de tributos,
redução de multas fiscais e outros benefícios. Apesar da variedade, a renúncia fiscal é minúscula diante das promessas
do governo antes do lançamento do PAC. Pelas estimativas da
Receita, a perda será de apenas
R$ 1,15 bilhão neste ano, sem
contar as inovações promovidas pelos deputados.
O setor elétrico conseguiu incluir sete artigos no texto -nenhum deles ligado a temas tributários. São novas regras para
a concessão de hidrelétricas,
fontes alternativas de energia e
produtores autônomos, entre
outras. O pleito mais tradicional do setor, a redução das alíquotas de PIS e Cofins, não foi
contemplado.
Para os ruralistas, houve benefícios destinados à soja, às
cooperativas e aos laticínios
-incluindo quase uma dezena
de variedades de queijo, numa
lista negociada até os últimos
momentos da votação.
Quatro artigos que facilitavam a cobrança de dívidas tributárias por parte da União,
dos Estados e municípios foram acrescentados ao texto e
retirados antes da votação, numa estratégia conhecida como
"bode na sala". A retirada dos
artigos ajuda a dissipar resistências à proposta, assim como
a saída de um bode faz uma sala
parecer mais agradável.
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