São Paulo, quinta-feira, 26 de abril de 2007

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Concorrentes superam a oferta do Barclays pelo ABN

Proposta coloca em situação delicada gestores do ABN, que fecharam com banco britânico

Pressionado por acionistas, direção teve de ouvir oferta do consórcio, que quer fatiar operações no mundo; decisão pode levar meses

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Rivais do britânico Barclays, os bancos RBS (Royal Bank of Scotland), Santander e Fortis tornaram pública ontem uma oferta de mais de US$ 100 bilhões, sendo 70% em "cash", pelo ABN Amro Bank. A proposta cobre a feita pelo Barclays e deixa o conselho do banco holandês em situação delicada perante os acionistas, que se reúnem hoje em Amsterdã.
Na segunda, o conselho do ABN recomendou aos acionistas a venda para o Barclays por um valor menor e ainda por meio de troca de ações. O negócio foi condicionado à venda do banco La Salle para o Bank of America por US$ 21 bilhões.
Pressionado pelos acionistas, os gestores do ABN tiveram de aceitar abrir suas contas para o consórcio e devem ouvir a proposta, que prevê a divisão do banco no mundo.
A assembléia anual de acionistas de hoje não deve votar a venda do ABN. O fundo britânico TCI, que tem menos de 3% do ABN, conseguiu incluir na pauta o debate sobre a baixa lucratividade e a eventual cisão do banco. A votação sobre a venda deve ficar para agosto. Até lá, o banco holandês deve ser alvo de um leilão, com sucessivas ofertas dos interessados. O negócio já é o maior e o mais disputado da indústria bancária de todos os tempos.
Os três bancos condicionam a proposta apresentada ontem à desistência do banco holandês em vender o LaSalle para o Bank of America. O LaSalle é a principal aposta do RBS para crescer nos EUA, onde já figura como o maior banco estrangeiro em operação.
Já o Santander pretende assumir as operações do ABN Real no Brasil e do Antonveneta na Itália, enquanto o belga-holandês Fortis se interessa pelo varejo na Holanda.
Os bancos afirmaram, em comunicado, que sua proposta pelo ABN é 13% superior à apresentada pelo Barclays. Pela proposta, 70% do pagamento será feito em "cash" e os 30% restantes, em ações do RBS. Na última segunda, o Barclays ofereceu o equivalente a US$ 91 bilhões pelo ABN por meio exclusivo de troca de ações.
As ações do ABN chegaram a subir mais de 5% ontem, mas terminaram o dia com alta de 3,5%. A valorização torna o negócio cada vez mais caro, pois envolve troca proporcional de ações. Com a alta dos papéis, o valor estimado que o consórcio pagaria pelo ABN chegou ontem a US$ 103,75 bilhões.

Brasil
Os bancários se reúnem hoje com a diretoria do ABN Real no Brasil para saber os detalhes da venda. Eles planejam atrasar em meia hora a abertura da agência na rua Boavista (centro de SP) e fazer protesto, na hora do almoço, em frente à sede do banco, na avenida Paulista. Eles temem que a proposta de demissão de 10% dos funcionários chegue ao Brasil, o que o ABN Real descarta.


Com agências internacionais

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