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Oi fecha compra da BrT por R$ 5,86 bi
Integração operacional terá que esperar mudanças no Plano Geral de Outorgas, que regulamenta o setor
Aquisição cria grande tele nacional para disputar mercado com a espanhola Teléfonica e o grupo mexicano América Móvil
ROBERTO MACHADO
DA SUCURSAL DO RIO
A operadora de telefonia Oi
anunciou ontem o fechamento
da compra da Brasil Telecom,
por R$ 5,863 bilhões. Com isso,
a antiga Telemar se tornará um
dos maiores grupos empresariais brasileiros, com receita
anual de R$ 29,3 bilhões (a soma das operadoras em 2007).
A operação financeira total,
incluindo o valor a ser pago aos
acionistas minoritários, ultrapassará R$ 12 bilhões. Isso sem
incluir os recursos do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social),
de R$ 2,569 bilhões, para a
reestruturação acionária da Oi.
O negócio foi fechado sem
amparo legal. A compra da BrT
depende de mudanças no PGO
(Plano Geral de Outorgas), que
estabeleceu as regras do mercado após a privatização, em
1998. Também serão necessárias as autorizações da Anatel
(Agência Nacional de Telecomunicações), da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e
do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
Enquanto isso não acontece,
as duas companhias permanecerão atuando separadas. O
presidente da Oi, Luiz Eduardo
Falco, que estará à frente da nova operadora, espera mudanças
no PGO num prazo de até três
meses: "As mudanças já estão
maduras. Esperamos agora
ventos positivos e fumaça
branca saindo das chaminés".
A compra da BrT pela Oi era
esperada desde dezembro,
quando as negociações se intensificaram. Mas rumores sobre o assunto circulavam havia
cerca de dois anos. O resultado
será a criação de uma grande
tele nacional, projeto estimulado por boa parte do alto escalão
do governo federal.
Os analistas consideram que
as chances de impedimento legal para o negócio são remotas.
Assim, a telefonia brasileira assistirá a uma disputa entre três
grupos: a Oi, a espanhola Telefónica e o grupo mexicano
América Móvil, de Carlos Slim,
dono da Claro e da Embratel.
O negócio foi fechado na tarde de ontem. Foi uma negociação em duas etapas. Na primeira, os grupos Andrade Gutierrez e La Fonte (de Carlos Jereissati) compraram as participações do Citigroup, do Opportunity e da GP Investimentos
na Oi (Telemar). Na segunda
etapa, a Oi comprou o controle
da BrT -que, por sua vez, também passou por reestruturação
societária, com a saída do Citigroup e do Opportunity.
Para que essa engenharia se
concretizasse, Opportunity, Citigroup e fundos de pensão desataram o nó societário da BrT
-umas das disputas mais ferozes entre companhias brasileiras. A Telemar pagará R$ 315
milhões para eliminar as pendências judiciais relativas à disputa do controle acionário.
A operação financeira total
compreende os R$ 5,8 bilhões
pagos pela Oi para a compra do
controle da BrT, R$ 3,5 bilhões
ofertados num instrumento
chamado "tag along" (que estende aos minoritários 80% do
valor pago) e R$ 3 bilhões na
oferta pública voluntária para
os minoritários com ações preferenciais (sem direito a voto).
Em entrevista concedida ontem à noite, Falco disse esperar
reação: "Acho que eles [os concorrentes] vão tentar impedir o
negócio. Mas o fato é que o Brasil tomou a decisão de não ter
duas plataformas [no setor de
telecomunicações], e sim três".
Segundo ele, o mundo assiste
a um processo de intensa concentração no mercado de telecomunicações. Os grandes grupos passaram a atuar em diversos segmentos: telefonia fixa,
celular, acesso à internet e
transmissão de dados. E citou o
exemplo dos EUA, onde, depois
de muitas fusões e aquisições,
restaram três grandes: AT&T,
Qwest e Verizon.
Para competir com os gigantes internacionais Telefónica e
América Móvil, a Oi tentará
conquistar mercados no exterior. A meta é atrair 30 milhões
de clientes estrangeiros em
cinco anos. Falco mira América
Latina, Europa e África.
Segundo ele, para competir
no país com os grupos espanhol
e mexicano, a Oi precisará de
escala e se tornar uma operadora global. Exemplo: mesmo no
Brasil, a nova Oi larga na terceira posição no bilionário mercado de telefonia celular, com
17,9% dos clientes. A Claro tem
25% e a Telefónica detém
56,7%, incluindo a operação da
TIM no Brasil (o grupo espanhol comprou participação no
controle da Telecom Italia, dona da TIM) -as duas atuam de
forma independente).
Do ponto de vista financeiro,
a Oi nasce com receita anual de
R$ 29,3 bilhões, contra R$ 41,5
bilhões do grupo Telefónica
(incluindo TIM), e supera a
Claro (R$ 20,5 bilhões). Os números são de 2007.
Mas, na comparação internacional, o quadro muda: a Oi, que
não tem negócios lá fora, mantém os R$ 29,3 bilhões. Já os espanhóis tiveram receitas de R$
240,1 bilhões, contra R$ 81,3 bilhões do grupo mexicano, sempre levando em conta os resultados do ano passado.
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