São Paulo, sábado, 26 de abril de 2008

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Lula afirma que o preço da gasolina está defasado

Presidente diz que não tem informação sobre aumento dos combustíveis

Qualquer iniciativa de reajuste ainda terá de ser avaliada pelo governo, diz Lula, que conclama país à "guerra" do biocombustível


AGNALDO BRITO
ENVIADO ESPECIAL A PAULÍNIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem em Paulínia, que o preço dos combustíveis estão defasados. Lula afirmou que ainda não recebeu "nenhuma informação" sobre aumento. "Eu acho que temos de reconhecer apenas que o petróleo custava US$ 30 o barril e está custando US$ 120. A última vez que aumentou a gasolina foi em 2005. Portanto, nós temos uma defasagem", disse após inauguração de fábrica da Braskem em Paulínia (SP).
O presidente disse ainda que não quer "fazer insinuação" sobre eventual aumento dos combustíveis e que qualquer reajuste ainda será estudado.
Lula disse que o governo teme os efeitos de um reajuste sobre a meta de inflação. O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central elevou em meio ponto a taxa básica de juros na semana passada por causa de pressões inflacionárias. "Nós temos que olhar que qualquer aumento de qualquer coisa na área de combustível, qual será a implicação que tem na inflação antes de tomar qualquer medida."
Como a Folha revelou na quinta-feira, a possibilidade de alta na gasolina e no diesel foi considerada na última reunião do Copom, apesar de os modelos estabelecidos pelos diretores do BC ainda manterem oficialmente a projeção de que não haverá reajuste em 2008, um dos cenários debatidos levou em conta a hipótese e pesou na decisão final.
Dentro do governo, segundo a Folha apurou, a avaliação é que seria melhor diluir logo o efeito do reajuste na inflação deste ano. Isso evitaria o acúmulo de pressões inflacionárias nos preços administrados em 2009.
Durante o discurso ontem, Lula criticou a comunidade internacional que tem incluído o álcool brasileiro como um dos vilões da inflação dos alimentos e conclamou políticos, empresários e imprensa a se preparar para a "guerra" que será defender os biocombustíveis.
Sobre a agenda que o trouxe a Paulínia, o presidente cobrou da Petrobras uma atitude de apoio ainda maior ao setor petroquímico brasileiro. Segundo ele, o setor precisa da Petrobras para ser forte o suficiente para disputar o mercado internacional. Disse que cobrou e quase "impôs" o envolvimento da estatal como sócia do setor e como organizadora da indústria. No ano passado, a Petrobras anunciou investimento de US$ 2,9 bilhões para voltar ao setor petroquímico como sócio minoritário em dois grandes grupos, um no Sudeste (com a reunião dos ativos da Unipar e da Suzano Petroquímica) e com a Braskem, empresa controlada pelo grupo Odebrecht.
A inauguração da unidade que produzirá 350 mil toneladas de polipropileno, plástico muito utilizado no setor automotivo e de eletrodoméstico, marcou esse movimento de retorno da Petrobras. Do investimento de R$ 700 milhões, 40% vieram da Petrobras.


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