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Lula afirma que a crise no setor "é passageira"
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PAULÍNIA
No dia em que a ONU fez um
alerta sobre a disparada dos
preços dos alimentos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
disse, em Campinas (95 km de
SP), que a crise "é passageira" e
que o aumento dos preços
acontece porque hoje "tem
mais pobres comendo".
"Tem mais chineses, indianos, africanos, brasileiros e latino-americanos comendo, e a
produção de alimento não cresceu proporcionalmente à demanda que a sociedade está
tendo", disse durante discurso.
Lula anunciou ontem, em
Campinas, investimento de
R$ 243,6 milhões para o início
das obras do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento)
nas cidades das regiões de
Campinas, Sorocaba e Jundiaí.
"Isso [crise no preço dos alimentos] não pode ser visto como uma coisa perigosa, não. Isso é uma coisa passageira", disse. "Portanto é uma crise que
pode ser muito curta, aí vale para a soja, para o feijão e para o
arroz. Não vale tanto para o trigo, porque a gente tem de importar trigo." O presidente afirmou ainda que o governo decidiu que vai aumentar a produção interna de trigo para depender menos da Argentina.
Cana-de-açúcar
Lula chamou de "mentiras
deslavadas" as alegações de outros países de que "a cana-de-açúcar está sendo produzida na
Amazônia". O presidente disse
ainda que não vai aceitar que
estrangeiros digam que o cultivo da cana no Brasil utiliza trabalho escravo.
"Não ficaremos quietos se
continuarem as mentiras deslavadas sobre o etanol brasileiro ou sobre o biodiesel brasileiro. Não é uma briga do presidente da República. Não podemos aceitar que eles digam que
a cana-de-açúcar tenha trabalho escravo. Pode ter empresários que não pagam corretamente", disse.
Em Paulínia, Lula afirmou
ser uma "falácia" afirmar que o
álcool causa aumento no preço
dos alimentos. "Quando parecia que as coisas estavam andando mais ou menos certo
aparece a idéia, que eu chamaria de falácia, de tentar dizer
que a produção de biocombustível é responsável pelo aumento dos alimentos que está acontecendo no mundo inteiro."
O presidente criticou também a taxação sobre o álcool
brasileiro imposta pelos EUA.
O presidente disse que o Brasil
irá entrar na "guerra" em defesa da produção do álcool.
Guerra
"Espero que essa guerra não
aconteça, mas, se eles quiserem
fazer guerra tecnológica, guerra verbal, fazer a guerra ambiental, é importante que eles
saibam que faz muito tempo
que o Brasil não quer participar
de guerra, mas o Brasil dessa
certamente não fugirá."
Lula afirmou que o debate
sobre a produção do álcool é comercial e pediu para que os brasileiros meçam as palavras
quando falarem do assunto.
"Temos que medir as nossas
palavras porque cada bobagem
que a gente fala no Brasil hoje é
logo veiculada pela internet ou
pela imprensa nos países europeus. E, quando a gente fala que
está tendo muita queimada no
Brasil, quando fala que tem não
sei o que no Brasil, eles esfregam na cara da gente lá fora o
que nós mesmos falamos de
nós", disse o presidente.
Em entrevista após a solenidade, o presidente afirmou que
citou os Estados Unidos em seu
discurso pois se trata de uma
briga comercial e que fica "irritado" quando ouve mentiras.
"Eu fico muito irritado quando
vejo mentiras, quando vejo as
pessoas deixarem de fazer o debate sério e ficarem contando
mentiras", afirmou. "Eu me
sinto extremamente feliz
quando vejo que o povo está comendo mais."
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