São Paulo, sábado, 26 de abril de 2008

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Lula afirma que a crise no setor "é passageira"

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS

SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PAULÍNIA

No dia em que a ONU fez um alerta sobre a disparada dos preços dos alimentos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, em Campinas (95 km de SP), que a crise "é passageira" e que o aumento dos preços acontece porque hoje "tem mais pobres comendo".
"Tem mais chineses, indianos, africanos, brasileiros e latino-americanos comendo, e a produção de alimento não cresceu proporcionalmente à demanda que a sociedade está tendo", disse durante discurso.
Lula anunciou ontem, em Campinas, investimento de R$ 243,6 milhões para o início das obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) nas cidades das regiões de Campinas, Sorocaba e Jundiaí.
"Isso [crise no preço dos alimentos] não pode ser visto como uma coisa perigosa, não. Isso é uma coisa passageira", disse. "Portanto é uma crise que pode ser muito curta, aí vale para a soja, para o feijão e para o arroz. Não vale tanto para o trigo, porque a gente tem de importar trigo." O presidente afirmou ainda que o governo decidiu que vai aumentar a produção interna de trigo para depender menos da Argentina.

Cana-de-açúcar
Lula chamou de "mentiras deslavadas" as alegações de outros países de que "a cana-de-açúcar está sendo produzida na Amazônia". O presidente disse ainda que não vai aceitar que estrangeiros digam que o cultivo da cana no Brasil utiliza trabalho escravo.
"Não ficaremos quietos se continuarem as mentiras deslavadas sobre o etanol brasileiro ou sobre o biodiesel brasileiro. Não é uma briga do presidente da República. Não podemos aceitar que eles digam que a cana-de-açúcar tenha trabalho escravo. Pode ter empresários que não pagam corretamente", disse.
Em Paulínia, Lula afirmou ser uma "falácia" afirmar que o álcool causa aumento no preço dos alimentos. "Quando parecia que as coisas estavam andando mais ou menos certo aparece a idéia, que eu chamaria de falácia, de tentar dizer que a produção de biocombustível é responsável pelo aumento dos alimentos que está acontecendo no mundo inteiro."
O presidente criticou também a taxação sobre o álcool brasileiro imposta pelos EUA. O presidente disse que o Brasil irá entrar na "guerra" em defesa da produção do álcool.

Guerra
"Espero que essa guerra não aconteça, mas, se eles quiserem fazer guerra tecnológica, guerra verbal, fazer a guerra ambiental, é importante que eles saibam que faz muito tempo que o Brasil não quer participar de guerra, mas o Brasil dessa certamente não fugirá."
Lula afirmou que o debate sobre a produção do álcool é comercial e pediu para que os brasileiros meçam as palavras quando falarem do assunto.
"Temos que medir as nossas palavras porque cada bobagem que a gente fala no Brasil hoje é logo veiculada pela internet ou pela imprensa nos países europeus. E, quando a gente fala que está tendo muita queimada no Brasil, quando fala que tem não sei o que no Brasil, eles esfregam na cara da gente lá fora o que nós mesmos falamos de nós", disse o presidente.
Em entrevista após a solenidade, o presidente afirmou que citou os Estados Unidos em seu discurso pois se trata de uma briga comercial e que fica "irritado" quando ouve mentiras. "Eu fico muito irritado quando vejo mentiras, quando vejo as pessoas deixarem de fazer o debate sério e ficarem contando mentiras", afirmou. "Eu me sinto extremamente feliz quando vejo que o povo está comendo mais."


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