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Brasil fez pouco pelo Paraguai, diz Amorim
Ministro sinaliza com investimentos no país vizinho para diminuir as pressões por aumento de tarifa pela energia de Itaipu
Uma das opções, segundo Amorim, é o investimento nas linhas de transmissão
de energia entre Ciudad del Este e a capital, Assunção
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, sinalizou ontem aumentar o investimento no Paraguai a fim de diminuir a pressão para o aumento no preço da energia da usina
binacional de Itaipu vendida ao
Brasil. Para ele, o país "fez pouco pelo Paraguai até hoje".
Uma das opções apresentadas por Amorim é o investimento nas linhas de transmissão de energia entre Ciudad del
Este e Assunção. Ele afirmou,
no entanto, que o Brasil ainda
não fechou uma contraproposta caso o Paraguai peça formalmente o aumento na tarifa.
"As reivindicações devem ser
examinadas com espírito de solidariedade e realismo. (...) O
Paraguai é um país que é sócio
da maior hidrelétrica do mundo e a eletricidade falha em Assunção com freqüência."
Para Amorim, o investimento em transmissão seria "uma
maneira muito mais efetiva de
ajudar no desenvolvimento [do
Paraguai]", mas antecipou dificuldades na negociação. "Acho
até que os paraguaios dirão que
não é a única solução."
"Não é uma coisa paternalista. Itaipu é um empreendimento no qual o Paraguai é sócio. É
uma forma de Itaipu contribuir
para o desenvolvimento do Paraguai mais do que outras visões que às vezes podem ter um
certo impacto imediato."
Ele participou ontem de palestra em comemoração aos 45
anos da Coppe (Coordenação
dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia) da UFRJ,
com as presenças do arquiteto
Oscar Niemeyer e do ex-presidente da Eletrobrás e diretor da
Coppe, Luiz Pinguelli Rosa.
Amorim fez um balanço da
política externa do governo Lula que, segundo ele, está baseada na "solidariedade". "Para
fortalecer nossa inserção global, é necessário começar pela
América do Sul. Uma inserção
individualista não condiz com a
extensão dos desafios do mundo atual. É inconcebível um
Brasil próspero em meio a uma
América do Sul miserável ou
permanentemente sujeita a
crises de governabilidade."
Amorim afirmou que não há
"estremecimento" nas relações
diplomáticas entre o Brasil e o
Paraguai. O presidente eleito
paraguaio, Fernando Lugo, disse durante a campanha ter interesse em rever o contrato e o
preço da energia excedente
produzida por Itaipu vendida
ao Brasil. O governo brasileiro
aceitou a correção no preço,
mas não a revisão no contrato.
"O que não dá para mexer é
na essência do tratado. Itaipu
foi feita para fornecer energia
para os dois países e assim deve
continuar. A estrutura básica
tem de ser preservada. Vamos
ver uma combinação de coisas
que seja boa para o Brasil, para
o Paraguai e para o Mercosul."
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