São Paulo, sábado, 26 de abril de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Brasil fez pouco pelo Paraguai, diz Amorim

Ministro sinaliza com investimentos no país vizinho para diminuir as pressões por aumento de tarifa pela energia de Itaipu

Uma das opções, segundo Amorim, é o investimento nas linhas de transmissão de energia entre Ciudad del Este e a capital, Assunção


ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, sinalizou ontem aumentar o investimento no Paraguai a fim de diminuir a pressão para o aumento no preço da energia da usina binacional de Itaipu vendida ao Brasil. Para ele, o país "fez pouco pelo Paraguai até hoje".
Uma das opções apresentadas por Amorim é o investimento nas linhas de transmissão de energia entre Ciudad del Este e Assunção. Ele afirmou, no entanto, que o Brasil ainda não fechou uma contraproposta caso o Paraguai peça formalmente o aumento na tarifa.
"As reivindicações devem ser examinadas com espírito de solidariedade e realismo. (...) O Paraguai é um país que é sócio da maior hidrelétrica do mundo e a eletricidade falha em Assunção com freqüência."
Para Amorim, o investimento em transmissão seria "uma maneira muito mais efetiva de ajudar no desenvolvimento [do Paraguai]", mas antecipou dificuldades na negociação. "Acho até que os paraguaios dirão que não é a única solução."
"Não é uma coisa paternalista. Itaipu é um empreendimento no qual o Paraguai é sócio. É uma forma de Itaipu contribuir para o desenvolvimento do Paraguai mais do que outras visões que às vezes podem ter um certo impacto imediato."
Ele participou ontem de palestra em comemoração aos 45 anos da Coppe (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia) da UFRJ, com as presenças do arquiteto Oscar Niemeyer e do ex-presidente da Eletrobrás e diretor da Coppe, Luiz Pinguelli Rosa.
Amorim fez um balanço da política externa do governo Lula que, segundo ele, está baseada na "solidariedade". "Para fortalecer nossa inserção global, é necessário começar pela América do Sul. Uma inserção individualista não condiz com a extensão dos desafios do mundo atual. É inconcebível um Brasil próspero em meio a uma América do Sul miserável ou permanentemente sujeita a crises de governabilidade."
Amorim afirmou que não há "estremecimento" nas relações diplomáticas entre o Brasil e o Paraguai. O presidente eleito paraguaio, Fernando Lugo, disse durante a campanha ter interesse em rever o contrato e o preço da energia excedente produzida por Itaipu vendida ao Brasil. O governo brasileiro aceitou a correção no preço, mas não a revisão no contrato.
"O que não dá para mexer é na essência do tratado. Itaipu foi feita para fornecer energia para os dois países e assim deve continuar. A estrutura básica tem de ser preservada. Vamos ver uma combinação de coisas que seja boa para o Brasil, para o Paraguai e para o Mercosul."


Texto Anterior: Celso Amorim compara álcool a colesterol
Próximo Texto: Para Lula, PAC "repara erros" do passado
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.