|
Texto Anterior | Índice
Vale culpa agências de risco por perdas
Empresa diz que operações financeiras que afetaram o balanço de forma negativa foram indicadas por empresas de classificação
Perda gerada por operações com derivativos chegou a
R$ 548 milhões no primeiro trimestre; lucro da empresa no período foi 55,8% menor
DA SUCURSAL DO RIO
A Vale informou ontem que
as operações com derivativos
(como investimentos em contratos futuros), que afetaram
negativamente os resultados
do primeiro trimestre, foram
recomendações de agências de
classificação de risco.
No primeiro trimestre, as
perdas com essas operações somaram R$ 548 milhões, de
acordo com o padrão contábil
brasileiro. A empresa registrou
lucro de R$ 2,253 bilhões no
primeiro trimestre, um resultado 55,8% menor do que o de
igual período do ano anterior.
De acordo com a empresa, a
variação nos preços dos metais
no primeiro trimestre resultou
em perdas nas operações com
derivativos destinados à proteção do fluxo de caixa de R$ 223
milhões para o alumínio, de R$
202 milhões para o cobre e de
R$ 61 milhões para o níquel. Na
prática, trata-se de um ajuste
contábil porque as operações
vencem até o fim deste ano.
De acordo com o diretor de
Relações com Investidores, Roberto Castello Branco, a empresa decidiu fazer operações
de proteção ao fluxo de caixa
em razão da recomendação das
agências de rating na época da
aquisição da mineradora canadense Inco.
A decisão era uma maneira
de manter a classificação como
grau de investimento concedida pelas agências e não fazia
parte anteriormente da estratégia da mineradora. Branco
afirmou que a Vale não tem planos de fazer operações semelhantes no futuro.
As operações de proteção
abrangem 50% da produção de
alumínio e 25% da de cobre. "Se
os preços caírem, vamos registrar ganhos contábeis. Não perdemos o sono a noite por conta
disso", disse.
Resultados
O diretor destacou que tradicionalmente o primeiro trimestre apresenta resultados
mais fracos por conta de questões climáticas, no Brasil e no
exterior. De acordo com Branco, o resultado do primeiro trimestre foi afetado negativamente em US$ 737 milhões,
tanto pela apreciação do real e
do dólar canadense em relação
ao dólar americano quanto pelas operações com derivativos.
Mesmo com as perdas geradas pela apreciação do real,
afirmou que a estratégia da
companhia não muda. "O dólar
continua soberano como moeda internacional. (...) As taxas
de câmbio são naturalmente
bastante voláteis, a sua estratégia é que não deve ser volátil",
disse.
Segundo Branco, o projeto de
níquel de Onça Puma teve seu
valor de investimento alterado
de US$ 1,4 bilhão para US$ 2,3
bilhões e parte do aumento de
custos é resultado da valorização do real.
(JL)
Texto Anterior: Outro lado: Fundo diz que pretende recorrer Índice
|