São Paulo, sábado, 26 de abril de 2008

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Vale culpa agências de risco por perdas

Empresa diz que operações financeiras que afetaram o balanço de forma negativa foram indicadas por empresas de classificação

Perda gerada por operações com derivativos chegou a R$ 548 milhões no primeiro trimestre; lucro da empresa no período foi 55,8% menor


DA SUCURSAL DO RIO

A Vale informou ontem que as operações com derivativos (como investimentos em contratos futuros), que afetaram negativamente os resultados do primeiro trimestre, foram recomendações de agências de classificação de risco.
No primeiro trimestre, as perdas com essas operações somaram R$ 548 milhões, de acordo com o padrão contábil brasileiro. A empresa registrou lucro de R$ 2,253 bilhões no primeiro trimestre, um resultado 55,8% menor do que o de igual período do ano anterior.
De acordo com a empresa, a variação nos preços dos metais no primeiro trimestre resultou em perdas nas operações com derivativos destinados à proteção do fluxo de caixa de R$ 223 milhões para o alumínio, de R$ 202 milhões para o cobre e de R$ 61 milhões para o níquel. Na prática, trata-se de um ajuste contábil porque as operações vencem até o fim deste ano.
De acordo com o diretor de Relações com Investidores, Roberto Castello Branco, a empresa decidiu fazer operações de proteção ao fluxo de caixa em razão da recomendação das agências de rating na época da aquisição da mineradora canadense Inco.
A decisão era uma maneira de manter a classificação como grau de investimento concedida pelas agências e não fazia parte anteriormente da estratégia da mineradora. Branco afirmou que a Vale não tem planos de fazer operações semelhantes no futuro.
As operações de proteção abrangem 50% da produção de alumínio e 25% da de cobre. "Se os preços caírem, vamos registrar ganhos contábeis. Não perdemos o sono a noite por conta disso", disse.

Resultados
O diretor destacou que tradicionalmente o primeiro trimestre apresenta resultados mais fracos por conta de questões climáticas, no Brasil e no exterior. De acordo com Branco, o resultado do primeiro trimestre foi afetado negativamente em US$ 737 milhões, tanto pela apreciação do real e do dólar canadense em relação ao dólar americano quanto pelas operações com derivativos.
Mesmo com as perdas geradas pela apreciação do real, afirmou que a estratégia da companhia não muda. "O dólar continua soberano como moeda internacional. (...) As taxas de câmbio são naturalmente bastante voláteis, a sua estratégia é que não deve ser volátil", disse.
Segundo Branco, o projeto de níquel de Onça Puma teve seu valor de investimento alterado de US$ 1,4 bilhão para US$ 2,3 bilhões e parte do aumento de custos é resultado da valorização do real. (JL)


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