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Folhainvest
Alta dos juros deve beneficiar fundos DI
Modalidade que acompanha Selic é a que menos deu retorno e a que mais sofreu saques no ano; BC decide taxa nesta semana
Para analista, investidor
deve aguardar ao menos
duas elevações dos
juros para então decidir
se muda de aplicação
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A semana deve marcar o início do ciclo de elevações da taxa
básica Selic, que a levará a rondar os 11,50% no fim do ano. Ao
menos é o que projeta o mercado. Nesse cenário, as aplicações
que seguem os juros vão começar a recuperar a rentabilidade
perdida desde o início de 2009,
quando a taxa básica da economia brasileira passou a ser reduzida pelo Banco Central.
Em tese, os fundos DI e outras aplicações com taxas pós-fixadas serão os maiores beneficiados. Isso ocorre porque
tais investimentos acompanham com maior proximidade
as oscilações da taxa Selic, que
hoje está em 8,75% anuais.
No sentido contrário, aplicar
em ações tende a ser menos
atraente com a alta dos juros.
No acumulado do ano, os
fundos DI estão na lanterna,
com rentabilidade média de
2,46%, até o dia 20. Seu concorrente direto, a renda fixa, tem
retorno de 3,16% no período.
Apesar de os dois tipos de fundo seguirem os juros, eles têm
características diferentes.
"Os fundos DI estão atrás em
termos de rentabilidade no
ano, o que tem motivado muitos saques. Mas daqui a uns
dois meses, considerando que
os juros realmente comecem a
ser elevados agora, devem começar a atrair mais os investidores com os retornos crescentes", afirma Mauro Calil, do
Centro de Estudos e Formação
de Patrimônio Calil & Calil.
Levantamento da Anbima
(Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) mostra que
os fundos DI são os que mais
perderam aplicações neste ano,
com saída líquida de R$ 2,95 bilhões. Já a renda fixa recebeu
R$ 28,76 bilhões no período.
O fundo DI tem em sua carteira principalmente títulos
públicos que seguem a Selic.
Dessa forma, sofrerá o impacto
direto da alta da taxa básica. Já
as carteiras dos fundos de renda fixa têm uma liberdade
maior para serem formadas,
carregando uma variedade de
papéis públicos e privados -o
que explica sua melhor performance até o momento no ano.
Entre as outras aplicações
que pagam juros, o atual cenário promete ser menos favorável à poupança, que vai perder a
atratividade que conquistara
em 2009 (leia ao lado). No caso
do Tesouro Direto, vai depender do tipo de título que o investidor decidir comprar.
Outra categoria que paga juros é o CDB (Certificado de Depósito Bancário). Emitido pelos bancos, o CDB paga taxas
diferentes dependendo da instituição que o negocia. Devido à
liberdade de que dispõem, os
bancos oferecem as taxas que
acharem justas. Nos períodos
em que desejam atrair os clientes para esse tipo de aplicação,
os bancos elevam o juro oferecido -como ocorreu em 2008.
Disputa
"Até que haja ao menos uns
dois aumentos da Selic, que
permitam que os fundos voltem a pagar taxa em torno de
1% ao mês, os investidores não
devem ficar ansiosos para migrar de uma aplicação à outra",
avalia Aquiles Mosca, estrategista de investimentos do Santander Asset Management.
Mosca também afirma que, devido à maior liberdade para os
gestores formarem as carteiras
dos fundos de renda fixa, eles
podem buscar alternativas para
driblar o ganho potencial do DI.
"O gestor pode manter o retorno da renda fixa interessante,
concorrendo com o DI, se assim desejar", afirmou.
A renda fixa costuma ser conhecida como aplicação prefixada -ou seja, tem suas taxas
definidas no momento em que
a aplicação é feita. Mas essa
aplicação tem maleabilidade
para ter parte da sua carteira
composta por papéis pós-fixados, que vão ganhar daqui para
a frente com a alta da Selic.
Isso significa que, se a princípio será o DI que vai ganhar
com a alta do juro, a renda fixa
poderá não ficar para trás, dependendo da atuação do gestor.
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