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CRÉDITO
Taxa para pessoa física cai para 63,3% ao ano, a menor desde que a pesquisa começou a ser feita pelo Banco Central, em 95
Juro cobrado por bancos recua, aponta BC
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao contrário do que apontava
pesquisa divulgada na semana
passada, estudo feito pelo Banco
Central mostra que houve uma
queda nos juros cobrados pelos
bancos no mês passado. Segundo
o BC, a taxa média cobrada pelas
instituições financeiras recuou de
45,3% ao ano para 44,7% entre
março e abril.
Os dados contradizem os resultados de levantamento realizado
pela Anefac (Associação Brasileira dos Executivos de Finanças,
Administração e Contabilidade),
que afirma que a taxa cobrada nos
empréstimos concedidos a pessoas físicas chegou a 143,01% ao
ano no mês passado, contra
142,20% registrados em março.
Já o BC diz que os juros praticados nos financiamentos a pessoas
físicas chegaram a 63,3% ao ano
em abril, a menor taxa registrada
no país desde que a instituição
passou a fazer esse tipo de pesquisa, em 1995. Tanto o BC quanto a
Anefac creditam essas discrepâncias a diferenças nas metodologias utilizadas nas pesquisas.
Apesar da queda detectada pelo
BC, o chefe do Departamento
Econômico da instituição, Altamir Lopes, afirma que os juros
continuam elevados. "Antes de
tomar um empréstimo, as pessoas têm que analisar as diferentes modalidades disponíveis", diz.
No caso do cheque especial, por
exemplo, os juros ficaram em
140,2% ao ano no mês passado.
Embora seja o nível mais baixo registrado desde dezembro de 1999,
ainda equivale a quase o dobro da
taxa praticada no crédito pessoal,
que, em abril, foi a 75,3% ao ano.
Entre as empresas, o custo dos
financiamentos também registrou queda, de acordo com o BC.
A taxa média cobrada pelos bancos ficou em 29,9% ao ano, contra
30,4% registrados em março.
Esse recuo, porém, ficou concentrado nas operações chamadas de conta garantida -uma espécie de cheque especial utilizado
por pessoas jurídicas. Nessa modalidade de crédito, a taxa praticada caiu de 69,9% ao ano para
67,9% entre março e abril.
Assim como ocorreu com os juros, também registrou pequeno
recuo o chamado "spread" bancário -diferença entre o custo
pago pelos bancos para captar recursos no mercado e as taxas cobradas dos clientes. No mês passado, o "spread" ficou em 29 pontos percentuais, contra 29,5 pontos registrados em março.
Isso significa que, dos 44,7% em
juros cobrados nos empréstimos,
29,5 pontos eram apropriados pelos bancos. Esses recursos são utilizados para o pagamento de impostos e despesas administrativas, entre outros custos. Também
contribuem para o lucro das instituições financeiras.
Lopes afirma que, com a instabilidade recente do mercado financeiro, uma elevação dos juros
pode ocorrer neste final de mês e
em junho. Isso acontece porque
parte dos empréstimos concedidos pelos bancos -em especial
os financiamentos à exportação
utilizados por empresas- é corrigida pela moeda dos EUA, que
sofreu forte alta recentemente.
Por enquanto, diz ele, os bancos
ainda não teriam repassado os
custos decorrentes da desvalorização do real a seus clientes.
Neste mês, segundo dados parciais fechados pelo BC anteontem, os juros médios praticados
pelo sistema financeiro ficaram
em 44,2% ao ano. Entre pessoas
físicas, a taxa ficou em 61,7% ao
ano, e, entre empresas, em 30,2%.
Crédito
A concessão de empréstimos
com desconto direto em folha de
pagamento voltou a registrar
crescimento em abril, segundo levantamento feito pelo Banco Central com dez bancos que atuam
nesse segmento. De acordo com o
BC, o saldo de operações realizadas no país até o mês passado chegou a R$ 6,9 bilhões.
Os valores não representam a
totalidade de créditos disponibilizados pelo sistema financeiro.
Eles se referem a dez bancos que,
juntos, possuem 72% do mercado
de crédito pessoal no país.
Entre janeiro e abril, o crescimento no volume do chamado
crédito em consignação foi de
22,8%. Segundo Lopes, ainda há
espaço para esse tipo de empréstimo crescer.
Em abril, o total de empréstimo
disponibilizado pelo sistema financeiro ficou em R$ 425,7 bilhões -equivalente a 26% do PIB
(Produto Interno Bruto). Em
março, a proporção era de 25,8%.
Quando considerados apenas
os empréstimos feitos com recursos livres -que excluem créditos
que são controlados pelo governo-, o volume total disponível
no país chegou a R$ 240 bilhões
em abril, um crescimento de 3,1%
em relação ao resultado de março.
Esse aumento no volume de
crédito oferecido pelos bancos,
segundo Lopes, colaborou para
uma expansão de 2% na chamada
base monetária, composta pelo
total de dinheiro em circulação no
país mais os depósitos mantidos
pelos bancos. Em abril, o saldo
médio da base monetária ficou
em R$ 68 bilhões.
Além disso, colaborou para a
expansão da base monetária o
resgate de títulos públicos feitos
pelo governo.
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