São Paulo, quarta-feira, 26 de maio de 2004

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CRÉDITO

Taxa para pessoa física cai para 63,3% ao ano, a menor desde que a pesquisa começou a ser feita pelo Banco Central, em 95

Juro cobrado por bancos recua, aponta BC

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao contrário do que apontava pesquisa divulgada na semana passada, estudo feito pelo Banco Central mostra que houve uma queda nos juros cobrados pelos bancos no mês passado. Segundo o BC, a taxa média cobrada pelas instituições financeiras recuou de 45,3% ao ano para 44,7% entre março e abril.
Os dados contradizem os resultados de levantamento realizado pela Anefac (Associação Brasileira dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), que afirma que a taxa cobrada nos empréstimos concedidos a pessoas físicas chegou a 143,01% ao ano no mês passado, contra 142,20% registrados em março.
Já o BC diz que os juros praticados nos financiamentos a pessoas físicas chegaram a 63,3% ao ano em abril, a menor taxa registrada no país desde que a instituição passou a fazer esse tipo de pesquisa, em 1995. Tanto o BC quanto a Anefac creditam essas discrepâncias a diferenças nas metodologias utilizadas nas pesquisas.
Apesar da queda detectada pelo BC, o chefe do Departamento Econômico da instituição, Altamir Lopes, afirma que os juros continuam elevados. "Antes de tomar um empréstimo, as pessoas têm que analisar as diferentes modalidades disponíveis", diz.
No caso do cheque especial, por exemplo, os juros ficaram em 140,2% ao ano no mês passado. Embora seja o nível mais baixo registrado desde dezembro de 1999, ainda equivale a quase o dobro da taxa praticada no crédito pessoal, que, em abril, foi a 75,3% ao ano.
Entre as empresas, o custo dos financiamentos também registrou queda, de acordo com o BC. A taxa média cobrada pelos bancos ficou em 29,9% ao ano, contra 30,4% registrados em março.
Esse recuo, porém, ficou concentrado nas operações chamadas de conta garantida -uma espécie de cheque especial utilizado por pessoas jurídicas. Nessa modalidade de crédito, a taxa praticada caiu de 69,9% ao ano para 67,9% entre março e abril.
Assim como ocorreu com os juros, também registrou pequeno recuo o chamado "spread" bancário -diferença entre o custo pago pelos bancos para captar recursos no mercado e as taxas cobradas dos clientes. No mês passado, o "spread" ficou em 29 pontos percentuais, contra 29,5 pontos registrados em março.
Isso significa que, dos 44,7% em juros cobrados nos empréstimos, 29,5 pontos eram apropriados pelos bancos. Esses recursos são utilizados para o pagamento de impostos e despesas administrativas, entre outros custos. Também contribuem para o lucro das instituições financeiras.
Lopes afirma que, com a instabilidade recente do mercado financeiro, uma elevação dos juros pode ocorrer neste final de mês e em junho. Isso acontece porque parte dos empréstimos concedidos pelos bancos -em especial os financiamentos à exportação utilizados por empresas- é corrigida pela moeda dos EUA, que sofreu forte alta recentemente.
Por enquanto, diz ele, os bancos ainda não teriam repassado os custos decorrentes da desvalorização do real a seus clientes.
Neste mês, segundo dados parciais fechados pelo BC anteontem, os juros médios praticados pelo sistema financeiro ficaram em 44,2% ao ano. Entre pessoas físicas, a taxa ficou em 61,7% ao ano, e, entre empresas, em 30,2%.

Crédito
A concessão de empréstimos com desconto direto em folha de pagamento voltou a registrar crescimento em abril, segundo levantamento feito pelo Banco Central com dez bancos que atuam nesse segmento. De acordo com o BC, o saldo de operações realizadas no país até o mês passado chegou a R$ 6,9 bilhões.
Os valores não representam a totalidade de créditos disponibilizados pelo sistema financeiro. Eles se referem a dez bancos que, juntos, possuem 72% do mercado de crédito pessoal no país.
Entre janeiro e abril, o crescimento no volume do chamado crédito em consignação foi de 22,8%. Segundo Lopes, ainda há espaço para esse tipo de empréstimo crescer.
Em abril, o total de empréstimo disponibilizado pelo sistema financeiro ficou em R$ 425,7 bilhões -equivalente a 26% do PIB (Produto Interno Bruto). Em março, a proporção era de 25,8%.
Quando considerados apenas os empréstimos feitos com recursos livres -que excluem créditos que são controlados pelo governo-, o volume total disponível no país chegou a R$ 240 bilhões em abril, um crescimento de 3,1% em relação ao resultado de março.
Esse aumento no volume de crédito oferecido pelos bancos, segundo Lopes, colaborou para uma expansão de 2% na chamada base monetária, composta pelo total de dinheiro em circulação no país mais os depósitos mantidos pelos bancos. Em abril, o saldo médio da base monetária ficou em R$ 68 bilhões.
Além disso, colaborou para a expansão da base monetária o resgate de títulos públicos feitos pelo governo.


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