São Paulo, quinta-feira, 26 de maio de 2005

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MERCADO

Faltam US$ 600 mi para meta ser cumprida; queda da divisa no ano passa de 9%

Governo capta US$ 500 mi, e dólar recua para R$ 2,41

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Pela segunda vez neste mês, o governo brasileiro captou recursos no mercado internacional. Ontem, o Tesouro Nacional reabriu oferta de bônus Global 2034 e conseguiu um empréstimo de US$ 500 milhões.
Os títulos (que têm vencimento em 2034) pagarão aos investidores que os adquiriram taxa de 8,814% ao ano.
No dia 10, o governo já havia conseguido outros US$ 500 milhões com a venda de papéis no exterior. Na ocasião, pagou juros de 8,83% ao ano, e os papéis vencem em 2019.
"Podemos dizer que o governo acertou com a operação: os juros pagos não foram elevados, e o volume ofertado não foi exagerado. Isso fez o mercado responder positivamente ao negócio", avalia Alexandre Lintz, estrategista-chefe do banco BNP Paribas.
O dólar recuou 0,78% diante do real, para fechar vendido a R$ 2,41 -menor cotação em pouco mais de três anos.
Os títulos da dívida brasileira mais negociados subiram: o Global 40 fechou com alta de 0,47%, e o C-Bond encerrou o dia com valorização de 0,28%. O risco-país brasileiro chegou ao fim do dia em baixa de 2,72%, a 429 pontos.
Na emissão original do título relançado ontem, ocorrida no início de 2004, o governo captou US$ 1,5 bilhão, com taxa de 8,75%.
A operação de ontem foi intermediada pelos bancos Deutsche Bank e Bear Stearns.
Essa foi a quinta emissão de bônus realizada pelo Tesouro Nacional no mercado internacional em 2005. Ao todo, já foram captados no exterior cerca de US$ 3,9 bilhões no ano.
Se forem somadas as antecipações feitas no ano passado, falta apenas algo em torno de US$ 600 milhões para o governo cumprir sua meta de US$ 6 bilhões de captações em 2005.
Depois de emprestar dinheiro no exterior, por meio da emissão de títulos de dívida, o governo deposita os recursos em suas reservas em moeda estrangeira. Os recursos destinados ao pagamento da dívida externa do setor público vêm dessas reservas. Na segunda-feira, as reservas estavam em US$ 61,159 bilhões.
"É importante quando o governo consegue emitir títulos, recompondo reservas, sem afetar o mercado secundário [ou seja, a cotação dos títulos públicos já negociados no mercado], como aconteceu hoje [ontem]", afirma Lintz.
Ao longo de 2005, o governo ainda terá de gastar algo em torno de US$ 6,118 bilhões em parcelas da dívida que vencem no período.

Poço sem fundo
O fechamento de mais uma captação de recursos feita pelo governo lá fora aumenta a expectativa de que bancos e empresas venham a realizar operações semelhantes em breve. E esse cenário só tende a derrubar mais o dólar, que ontem fechou em seu menor valor desde 3 de maio de 2002.
Para o economista Jorge Simino, sócio-diretor da MS Consulting, "a cotação do dólar não tem fundo". "Com o tamanho dos juros praticados no país, os resultados recordes da balança comercial e a expectativa de captações no exterior, fica difícil o real parar de se apreciar. Somente se o BC reforçar a ponta compradora o dólar poderá deixar de cair", afirma Simino. Neste mês, o dólar já perdeu 4,71% de seu valor diante do real. No ano, a desvalorização da moeda chega a 9,19%.
A Bolsa de Valores de São Paulo encerrou o pregão de ontem com baixa de 0,27%.
A saída de investidores estrangeiros continua pesando na Bovespa. O saldo mensal de compras e vendas de ações com capital estrangeiro na Bolsa paulista atingiu os R$ 619,85 milhões negativos no último dia 23.


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