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MERCADO
Faltam US$ 600 mi para meta ser cumprida; queda da divisa no ano passa de 9%
Governo capta US$ 500 mi,
e dólar recua para R$ 2,41
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Pela segunda vez neste mês, o
governo brasileiro captou recursos no mercado internacional.
Ontem, o Tesouro Nacional reabriu oferta de bônus Global 2034 e
conseguiu um empréstimo de
US$ 500 milhões.
Os títulos (que têm vencimento
em 2034) pagarão aos investidores que os adquiriram taxa de
8,814% ao ano.
No dia 10, o governo já havia
conseguido outros US$ 500 milhões com a venda de papéis no
exterior. Na ocasião, pagou juros
de 8,83% ao ano, e os papéis vencem em 2019.
"Podemos dizer que o governo
acertou com a operação: os juros
pagos não foram elevados, e o volume ofertado não foi exagerado.
Isso fez o mercado responder positivamente ao negócio", avalia
Alexandre Lintz, estrategista-chefe do banco BNP Paribas.
O dólar recuou 0,78% diante do
real, para fechar vendido a R$ 2,41
-menor cotação em pouco mais
de três anos.
Os títulos da dívida brasileira
mais negociados subiram: o Global 40 fechou com alta de 0,47%, e
o C-Bond encerrou o dia com valorização de 0,28%. O risco-país
brasileiro chegou ao fim do dia
em baixa de 2,72%, a 429 pontos.
Na emissão original do título relançado ontem, ocorrida no início
de 2004, o governo captou US$ 1,5
bilhão, com taxa de 8,75%.
A operação de ontem foi intermediada pelos bancos Deutsche
Bank e Bear Stearns.
Essa foi a quinta emissão de bônus realizada pelo Tesouro Nacional no mercado internacional em
2005. Ao todo, já foram captados
no exterior cerca de US$ 3,9 bilhões no ano.
Se forem somadas as antecipações feitas no ano passado, falta
apenas algo em torno de US$ 600
milhões para o governo cumprir
sua meta de US$ 6 bilhões de captações em 2005.
Depois de emprestar dinheiro
no exterior, por meio da emissão
de títulos de dívida, o governo deposita os recursos em suas reservas em moeda estrangeira. Os recursos destinados ao pagamento
da dívida externa do setor público
vêm dessas reservas. Na segunda-feira, as reservas estavam em US$
61,159 bilhões.
"É importante quando o governo consegue emitir títulos, recompondo reservas, sem afetar o
mercado secundário [ou seja, a
cotação dos títulos públicos já negociados no mercado], como
aconteceu hoje [ontem]", afirma
Lintz.
Ao longo de 2005, o governo
ainda terá de gastar algo em torno
de US$ 6,118 bilhões em parcelas
da dívida que vencem no período.
Poço sem fundo
O fechamento de mais uma captação de recursos feita pelo governo lá fora aumenta a expectativa
de que bancos e empresas venham a realizar operações semelhantes em breve. E esse cenário
só tende a derrubar mais o dólar,
que ontem fechou em seu menor
valor desde 3 de maio de 2002.
Para o economista Jorge Simino, sócio-diretor da MS Consulting, "a cotação do dólar não tem
fundo". "Com o tamanho dos juros praticados no país, os resultados recordes da balança comercial e a expectativa de captações
no exterior, fica difícil o real parar
de se apreciar. Somente se o BC
reforçar a ponta compradora o
dólar poderá deixar de cair", afirma Simino. Neste mês, o dólar já
perdeu 4,71% de seu valor diante
do real. No ano, a desvalorização
da moeda chega a 9,19%.
A Bolsa de Valores de São Paulo
encerrou o pregão de ontem com
baixa de 0,27%.
A saída de investidores estrangeiros continua pesando na Bovespa. O saldo mensal de compras
e vendas de ações com capital estrangeiro na Bolsa paulista atingiu os R$ 619,85 milhões negativos no último dia 23.
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