|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AGRONEGÓCIO
Comitê binacional é visto como 1º passo para queda de barreiras na exportação brasileira de itens como carne e frutas
Brasil e Coréia acertam cooperação agrícola
FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A SEUL
Os governos do Brasil e da Coréia do Sul assinaram ontem um
acordo e criaram um comitê binacional para cooperação na área
agrícola. Os dois países foram representados pelos seus ministros
da Agricultura -Roberto Rodrigues e Park Hong-soo.
A idéia é que esse comitê formalize um canal de troca de informações sobre políticas agrícolas e desenvolvimento tecnológico e também crie um cronograma fixo de
reuniões técnicas entre Brasil e
Coréia. Trata-se do primeiro passo formal para que possam ser
derrubadas barreiras que impedem a exportação de vários produtos agrícolas brasileiros aos coreanos, entre eles carnes e frutas.
Esse comitê colocará em contato constante os técnicos dos dois
países, mas haverá uma reunião
bianual mais ampla. Cada país será o hospedeiro alternadamente,
responsabilizando-se pelos custos
de organização.
Roberto Rodrigues está em Seul
junto com outros quatro ministros de Estado na comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Apesar de na viagem haver uma
ênfase para que o Brasil venda
produtos de maior valor agregado
para a Coréia, a área agrícola brasileira é a que continua chamando
mais a atenção dos asiáticos.
O Ministério das Relações Exteriores tem se esforçado para divulgar com vigor os acordos e memorandos assinados pelo Brasil
em várias áreas. O Itamaraty obtém sucesso na divulgação apenas
em parte da mídia brasileira, mas
tem sido quase nula a atenção da
mídia coreana.
Quebra da safra
Segundo Rodrigues, a abertura
de novos mercados vem em boa
hora para o Brasil, embora os resultados de produção não sejam
os melhores. Segundo as estimativas oficiais, a safra deste ano deve
ficar em 113,7 milhões de toneladas, contra previsão de 131,9 milhões de toneladas. "É uma quebra de 19 milhões de toneladas",
diz Rodrigues.
O ministro afirma que sua pasta
passa por momento de aguda falta de recursos. Estima que precisa
de cerca de R$ 1 bilhão para que o
governo cumpra sua função legal
de garantir o preço mínimo para
determinados produtos. "Estou
negociando com o ministro Antonio Palocci. Esse dinheiro para
comprar a safra garantindo o preço mínimo não é perdido. É uma
negociação na qual o governo adquire um produto".
O resultado prático de algum
acordo amplo com a Coréia na
área agrícola, entretanto, é algo
demorado -o mesmo vale para o
Japão, para onde segue Rodrigues
e a comitiva de Lula. O ministro
sempre cita o caso da exportação
de mangas. "Passamos mais de 30
anos negociando com os japoneses para só agora conseguirmos a
liberação." Esse possivelmente será o caso do etanol, propagandeado pelo Brasil como opção energética para a Coréia e o Japão.
Rodrigues diz que é necessário
ultrapassar muitos estágios antes
que o Brasil consiga vender o etanol para ser misturado à gasolina
-seja na Coréia seja no Japão. Se
os japoneses misturarem esse
combustível na base de 3% ao que
já usam de gasolina, teriam demanda para 1,5 bilhão de litros
por ano. O Brasil produz hoje 2
bilhões de litros por ano.
Rodrigues também citou o caso
da gigante japonesa Mitsubishi,
que estuda produzir etanol no
Brasil. A idéia é que fica mais fácil
para os japoneses se convencerem a usar essa nova matriz energética quando eles próprios produzem o insumo.
Texto Anterior: Ambiente: Justiça devolve ao Ibama poder de liberar usina Próximo Texto: Previdência: Servidores do INSS são presos por fraude no RJ Índice
|