São Paulo, quinta-feira, 26 de maio de 2005

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AGRONEGÓCIO

Comitê binacional é visto como 1º passo para queda de barreiras na exportação brasileira de itens como carne e frutas

Brasil e Coréia acertam cooperação agrícola

FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A SEUL

Os governos do Brasil e da Coréia do Sul assinaram ontem um acordo e criaram um comitê binacional para cooperação na área agrícola. Os dois países foram representados pelos seus ministros da Agricultura -Roberto Rodrigues e Park Hong-soo.
A idéia é que esse comitê formalize um canal de troca de informações sobre políticas agrícolas e desenvolvimento tecnológico e também crie um cronograma fixo de reuniões técnicas entre Brasil e Coréia. Trata-se do primeiro passo formal para que possam ser derrubadas barreiras que impedem a exportação de vários produtos agrícolas brasileiros aos coreanos, entre eles carnes e frutas.
Esse comitê colocará em contato constante os técnicos dos dois países, mas haverá uma reunião bianual mais ampla. Cada país será o hospedeiro alternadamente, responsabilizando-se pelos custos de organização.
Roberto Rodrigues está em Seul junto com outros quatro ministros de Estado na comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar de na viagem haver uma ênfase para que o Brasil venda produtos de maior valor agregado para a Coréia, a área agrícola brasileira é a que continua chamando mais a atenção dos asiáticos.
O Ministério das Relações Exteriores tem se esforçado para divulgar com vigor os acordos e memorandos assinados pelo Brasil em várias áreas. O Itamaraty obtém sucesso na divulgação apenas em parte da mídia brasileira, mas tem sido quase nula a atenção da mídia coreana.

Quebra da safra
Segundo Rodrigues, a abertura de novos mercados vem em boa hora para o Brasil, embora os resultados de produção não sejam os melhores. Segundo as estimativas oficiais, a safra deste ano deve ficar em 113,7 milhões de toneladas, contra previsão de 131,9 milhões de toneladas. "É uma quebra de 19 milhões de toneladas", diz Rodrigues.
O ministro afirma que sua pasta passa por momento de aguda falta de recursos. Estima que precisa de cerca de R$ 1 bilhão para que o governo cumpra sua função legal de garantir o preço mínimo para determinados produtos. "Estou negociando com o ministro Antonio Palocci. Esse dinheiro para comprar a safra garantindo o preço mínimo não é perdido. É uma negociação na qual o governo adquire um produto".
O resultado prático de algum acordo amplo com a Coréia na área agrícola, entretanto, é algo demorado -o mesmo vale para o Japão, para onde segue Rodrigues e a comitiva de Lula. O ministro sempre cita o caso da exportação de mangas. "Passamos mais de 30 anos negociando com os japoneses para só agora conseguirmos a liberação." Esse possivelmente será o caso do etanol, propagandeado pelo Brasil como opção energética para a Coréia e o Japão.
Rodrigues diz que é necessário ultrapassar muitos estágios antes que o Brasil consiga vender o etanol para ser misturado à gasolina -seja na Coréia seja no Japão. Se os japoneses misturarem esse combustível na base de 3% ao que já usam de gasolina, teriam demanda para 1,5 bilhão de litros por ano. O Brasil produz hoje 2 bilhões de litros por ano.
Rodrigues também citou o caso da gigante japonesa Mitsubishi, que estuda produzir etanol no Brasil. A idéia é que fica mais fácil para os japoneses se convencerem a usar essa nova matriz energética quando eles próprios produzem o insumo.


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