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Emergentes têm pior semana desde 2004
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
A semana terminada na última quarta-feira, dia 24, foi
marcada por uma sangria nos
mercados emergentes. No caso
dos títulos da dívida soberana,
houve uma saída de US$ 328,2
milhões- 0,8% do total de ativos. Esse foi o pior resultado
desde outubro de 2004.
O abalo também atingiu os
fundos de ações de emergentes,
que registraram perdas de US$
5 bilhões, o pior desempenho
desde maio de 2004, segundo
dados da Emerging Portfolio.
Na semana anterior (até o dia
17), o ritmo de aplicações já
mostrava um ritmo mais lento.
O fluxo para fundos de ações de
emergentes caiu para US$ 43
milhões. A média semanal era
de US$ 1,6 bilhão.
A combinação de temor em
relação ao endurecimento da
política monetária nos EUA e a
uma desaceleração da economia mundial fez os investidores diminuírem as posições em
aplicações em emergentes.
No entanto, para Brad Durham, diretor da Emerging Portfolio, não há motivo para pânico. "Esse é um fenômeno de
curto prazo. Devemos continuar a ver um movimento residual de saída dessas aplicações
nas próximas semanas, mas a
confiança do investidor deve
voltar a se estabilizar", disse
Durham à Folha.
Na ciranda dos mercados financeiros, os títulos da dívida
do Brasil, da Rússia e da Turquia tendem a ser os primeiros
atingidos pelo clima de aversão
ao risco. Esses países são os
primeiros a sofrer justamente
por serem aqueles que apresentam um volume maior de
posições de investidores.
Entre as aplicações em fundos de ações, Brasil e Rússia
mais uma vez aparecem como
mercados bastante suscetíveis
à saída mais forte de investidores. Mas, além desses dois, Taiwan, Coréia do Sul, China, África do Sul e Índia também têm
se mostrado vulneráveis.
Segundo analistas, o cenário
deve se manter turbulento pelo
menos até o final do mês, quando o Fed (banco central dos
EUA) divulgará a ata da sua última reunião.
Resultado no trimestre
O cenário da última semana
contrasta com o resultado que
os emergentes obtiveram no
primeiro trimestre deste ano.
Nos primeiros três meses
deste ano, a movimentação foi
de US$ 1,6 trilhão, uma alta de
18% em relação ao último trimestre do ano passado. Na
comparação com o primeiro
trimestre de 2005, o acréscimo
foi de 15%. As informações
constam de sondagem da Emta
(sigla em inglês para Associação de Negociadores do Mercado de Emergentes).
Esse volume de transações
de títulos da dívida de emergentes foi o mais alto desde
1997, data em que os dados começaram a ser compilados.
Com US$ 444 bilhões, a negociação de papéis brasileiros
representou 27,22% do total do
trimestre. A cifra significou
uma alta de 24% ante o mesmo
período de 2005.
"[Isso] reflete o sentimento
agressivo em relação às finanças globais e a grande liqüidez
[mundial]", avaliou o economista Goldman Sachs Paulo
Leme no relatório divulgado
ontem pela instituição.
Para Leme, o impacto das
eleições presidenciais neste
ano será modesto nas negociações com papéis emergentes
desde que "a liqüidez permaneça ampla". Entretanto, ainda de
acordo com o economista, caso
haja um ciclo mundial de aperto monetário, que tende a diminuir o apetite pelo risco, o componente político pode pesar na
avaliação dos investidores na
hora de alocar recursos.
A sondagem da Emta foi feita
com 66 instituições investidoras em mercados emergentes.
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