São Paulo, sexta-feira, 26 de maio de 2006

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Ex-executivos da Enron são condenados por fraude

Sentença sai em 11 de setembro, e acusados podem pegar até 185 anos de prisão

Colapso da empresa de energia, em 2001, causou perda bilionária a acionistas e provocou amplas reformas no mundo corporativo

DO "FINANCIAL TIMES"

Kenneth Lay e Jeffrey Skilling, ex-executivos da Enron, foram condenados ontem por fraude e conspiração por participação no colapso em 2001 da fornecedora de energia americana que provocou as mais amplas reformas corporativas desde a Grande Depressão de 1929. O veredicto deu ao governo federal sua mais importante vitória na batalha de cinco anos desde a onda de crimes do colarinho-branco que abalou a confiança dos investidores, eliminou milhares de empregos e destruiu bilhões de dólares em ativos de acionistas. Depois de cinco dias do que os jurados chamaram de deliberações "emocionais", o júri condenou Lay, ex-presidente da Enron, em todas as seis acusações de fraude telefônica, fraude em valores mobiliários e conspiração. Skilling, o ex-executivo chefe da empresa, foi considerado culpado em 19 acusações de conspiração, fraude em valores mobiliários, negociação privilegiada e falso testemunho. Skilling foi absolvido em nove das dez acusações de negociação privilegiada. Os dois poderão passar o resto das vidas na prisão. Lay, 64, poderá pegar até 45 anos, e Skilling, 52, até 185 anos. A sentença sai em 11 de setembro. Os jurados disseram que não foi uma testemunha ou uma peça de evidência que os levou ao veredicto. Eles confessaram que mudavam de idéia todos os dias. "Eu me senti como uma bola de pingue-pongue", disse Doug Baggett, gerente de um departamento jurídico, em uma entrevista coletiva. No final, disseram que, quando tinham dúvidas sobre a credibilidade de uma testemunha, encontravam a resposta nas 20 caixas de documentos apresentados como evidências. Especialistas em administração legal e corporativa disseram que os veredictos mostraram que os jurados recusaram os argumentos da defesa de que não houve fraude contábil na Enron e que o colapso foi provocado por uma crise de confiança na firma, causada por reportagens céticas na mídia.
Símbolo
"Simbolicamente, é o fim do jogo da moralidade", disse Henry Hu, professor de economia e direito na Universidade do Texas. "Enron tornou-se palavra que pode ser usada para assustar crianças. O investidor médio talvez não tenha acompanhado outros casos, como os da WorldCom e da Tyco, mas este, sim. Eles sabiam quem eram esses homens." O juiz Sim Lake disse que a fiança de US$ 5 milhões de Skilling é suficiente para ele continuar em liberdade até a sentença, mas exigiu a permanência de Lay no tribunal até que seu passaporte foi entregue e seus cinco filhos empenharam suas casas para pagar a fiança -também de US$ 5 milhões. O advogado de Skilling, Daniel Petrocelli, disse que vai fazer uma apelação "vigorosa".


Tradução de LUIZ ROBERTO MENDES GONÇALVES


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