São Paulo, sexta-feira, 26 de maio de 2006

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Renda do trabalhador cresce pelo 10º mês

Em comparação com abril do ano passado, rendimento médio registra aumento de 4,7%, aponta pesquisa do IBGE

Apesar de melhora, geração de novos postos de trabalho passa por estagnação; taxa de desemprego continuou em 10,4% no mês de abril

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A taxa de desemprego das seis maiores regiões metropolitanas do país ficou estável, em 10,4% em abril, segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Apesar da estagnação na geração de novos postos de trabalho, o rendimento do trabalhador registrou expansão de 0,4%, o terceiro mês seguido de crescimento. Na comparação com abril de 2005, o rendimento cresceu 4,7%, o que representa o décimo mês seguido de alta nessa base de comparação.
Para analistas, a melhora do rendimento é apoiada em três fatores: aumento da formalização do mercado de trabalho, com maior número de trabalhadores com carteira assinada, inflação sob controle e efeito do reajuste do salário mínimo.
Em abril, o rendimento chegou a R$ 1.012,50, o que representa o maior valor para um mês de abril desde 2002. Com o avanço do rendimento, os ganhos do trabalhador registraram o maior patamar desde dezembro de 2002, quando chegavam a R$ 1.065,15. Segundo Cimar Azeredo Pereira, gerente da pesquisa, os resultados de abril mostraram a melhora na qualidade do emprego, com aumento do poder de compra do trabalhador. "A taxa de juros em queda gerou mais confiança no investidor. Risco-país controlado, câmbio e uma série de outros fatores dão sustentabilidade à economia, e isso acaba se refletindo sobre o mercado de trabalho", disse. Segundo os pesquisadores do IBGE, ainda não é possível definir se a volatilidade do mercado financeiro em maio deverá ter impactos significativos sobre a pesquisa.
Segundo o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), a renda dos trabalhadores tem permitido uma expansão da massa de rendimentos, que atingiu em abril alta de 6,2% na comparação com igual mês do ano passado.
Para Guilherme Maia, da consultoria Tendências, os dados sinalizam alta da produtividade. "Estamos crescendo sem queda da taxa de desemprego nem aumento da utilização da capacidade, há indícios de melhora na produtividade."
Para o Marcelo de Ávila, economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o resultado frustrou expectativas. Ele destaca a queda de 84 mil pessoas no mês de abril na população economicamente ativa. "O mercado de trabalho ainda não mostrou recuperação. O principal aspecto positivo pode vir da formalização."
A indústria não acompanhou o perfil de melhora do mercado de trabalho. Em São Paulo, a queda chegou a 4,3% em relação a março, o equivalente a uma redução de 80 mil vagas.


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