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"Sacoleiros" podem ter tributação simplificada
Receita quer substituir seis tributos por alíquota única, com pagamento na fronteira
Para optar pelo regime de tributação simplificada, "sacoleiro" precisará abrir empresa; nova regra não
valerá para distribuidoras
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Receita Federal deverá
propor, até o final de junho, um
regime de tributação simplificado para formalizar os "sacoleiros" vindos do Paraguai.
A proposta em estudo é fixar
uma alíquota única, substituindo seis tributos, que será paga
na fronteira, e criar cotas, provavelmente trimestrais, para a
importação dos produtos.
Para optar pelo regime simplificado, o "sacoleiro" precisará abrir uma empresa. Segundo
a Receita, a nova regra não valerá para empresas distribuidoras, mas somente para aquelas
que vendam ao consumidor final. Além disso, a empresa precisará registrar na loja do país
vizinho a compra realizada.
O pagamento da alíquota
única equivalerá ao recolhimento do Imposto de Importação, PIS, Cofins, IPI (Imposto
sobre Produtos Industrializados), Imposto de Renda e CSLL
(Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido).
O secretário da Receita, Jorge Rachid, explicou que a alíquota ainda está em estudo,
mas deverá ser baixa o suficiente para atrair os "sacoleiros"
para a formalidade, mas não a
ponto de estimular importadores já formalizados a migrar para o novo regime tributário.
"Também não pode ser tão baixa que prejudique a indústria
nacional", acrescentou Rachid.
Ele evitou falar em formalização dos "sacoleiros". "Isso
pode criar uma expectativa errada. Não estamos formalizando o "sacoleiro". Esse contribuinte vai ser uma empresa,
que pagará imposto. Queremos
reduzir a concorrência desleal
dentro do Brasil", declarou o
secretário.
Positiva e negativa
A idéia da Receita é estabelecer duas listas de produtos:
uma positiva, com os tipos de
mercadorias que poderão ser
trazidas de fora, e outra negativa, com os bens proibidos.
De antemão, Rachid definiu
que estarão na lista negativa armas, munições, produtos fabricados no Brasil e cigarros. "O
Executivo avaliará constantemente essa lista, que poderá
mudar", declarou o secretário.
O governo paraguaio vem
pressionando o Brasil para que
seja criado um regime especial
de importação com o objetivo
de diminuir a tensão na fronteira entre os dois países.
Rachid disse que a proposta
inicial abrangerá apenas o Paraguai, mas não afastou a possibilidade de o regime simplificado ser estendido para mercadorias importadas de outros países.
Rachid disse que a repressão
ao contrabando vem crescendo. No ano passado, foram
apreendidos R$ 871 milhões
em mercadorias. Desse total,
R$ 160 milhões vieram do Paraguai.
Ontem, a Abinee (Associação
Brasileira da Indústria Elétrica
e Eletrônica) e a Eletros (Associação Nacional de Fabricantes
de Produtos Eletroeletrônicos)
estiveram reunidas com Rachid, o secretário-executivo do
Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho, e representantes do Itamaraty para discutir o novo regime.
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