São Paulo, sábado, 26 de maio de 2007

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Saída de Chávez do FMI dá ganho a investidores

Detentor de bônus pode exigir dinheiro de volta

DA BLOOMBERG

A promessa do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de cancelar a filiação de seu país ao FMI (Fundo Monetário Internacional) pode violar os termos dos bônus em moeda estrangeira do país, permitindo que os investidores exijam seu dinheiro de volta.
A Pacific Investment Management e a Alliance Capital Management, as duas maiores detentoras da dívida venezuelana, são as principais entre dezenas de investidores que receberiam de volta uma fortuna avaliada em US$ 404 milhões, caso os títulos sejam quitados, pois detêm bônus que são negociados por valores inferiores aos de seus valores de face. A Venezuela possui US$ 6,5 bilhões em notas negociadas com desconto entre seus US$ 20 bilhões em bônus estrangeiros.
Neste ano, a decisão de Chávez de adquirir o controle de empresas dos setores de telecomunicação e combustíveis do país transformou os bônus venezuelanos no segundo papel de pior desempenho dentre os de todos os mercados emergentes. O país prometeu permanecer no FMI, pois abandonar o Fundo desencadearia o "default" técnico, o que permite aos investidores cobrarem o valor dos títulos.
Isso porque os documentos de venda dos bônus contêm uma cláusula padrão para contratos de mercados emergentes desde meados da década de 1970, que diz que haverá "default" caso a Venezuela "deixe de ser membro do FMI ou deixe de ser elegível para usar recursos gerais do FMI".
O presidente venezuelano "continua implementando uma agenda radical", disse Matthew Ryan, que administra US$ 2,6 bilhões em bônus de países emergentes na MFS Investment Management.
Chávez poderá recuar de sua decisão, pois a não-quitação da dívida do país restringiria a capacidade da Venezuela de tomar empréstimos nos mercados internacionais e eliminaria o FMI como possível fonte de recursos para o país.
"O recuo de Chávez faz todo o sentido, mas, para mim, é difícil imaginá-lo dizendo que fez besteira", disse Alberto Bernal, analista de renda fixa para mercados emergentes do Bear Stearns, em Nova York.
A perspectiva da não-quitação e as exigências dos investidores por pagamento imediato mantiveram altos os preços de cinco séries de bônus denominados em dólares e que são negociados abaixo de seu valor de face, segundo preços divulgados pelo JPMorgan Chase.


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