São Paulo, segunda-feira, 26 de maio de 2008

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Empresas têm mais dificuldade para alugar escritórios

Consultoria apura preço dos aluguéis 30% maior neste ano em SP, o que dificulta plano de crescimento de companhias

Os três primeiros meses de 2008 alcançaram recorde histórico de ocupação de escritórios corporativos na capital paulista


PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Com a baixa oferta de imóveis comerciais e o aumento nos preços dos aluguéis, o mundo corporativo vem enfrentando uma barreira para o seu crescimento em São Paulo e no Rio de Janeiro -dois principais centros econômicos do país.
No primeiro trimestre deste ano, o preço médio da locação de imóveis corporativos de alto padrão na capital paulista variou na faixa de R$ 60 a R$ 90 o metro quadrado, um aumento de cerca de 30% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo levantamento da consultoria imobiliária CB Richard Ellis. Já a taxa de vacância -ou seja, o espaço vago em escritórios comerciais- caiu de 12,5% no primeiro trimestre de 2007 para 7,3% em 2008, na mesma comparação.
"As empresas estão desesperadas atrás de novos espaços porque estão crescendo, mas têm dificuldade para expandir-se fisicamente", afirma Fernando Terra, gerente de serviços corporativos da CBRE. Segundo ele, 10% é a taxa de vacância "confortável" para equilibrar oferta e demanda.
"O primeiro trimestre de 2008 atingiu recorde histórico de ocupação de escritórios corporativos em São Paulo", diz Terra. No período, as empresas ocuparam 210,2 mil m2, contra 200 mil m2 nos três primeiros meses do ano passado. Enquanto a demanda está em ritmo acelerado, a oferta de novos empreendimentos teve desempenho mais fraco.
Os empreendimentos corporativos lançados até março somaram 42,5 mil m2, contra 37 mil m2 no primeiro trimestre de 2007, segundo a CBRE.
Lilian Feng, consultora da Jones Lang LaSalle, que também monitora São Paulo e Rio, afirma que a capital paulista terá 16 novos empreendimentos comerciais de alto padrão neste ano, ou 260 mil m2, o que deve "desafogar um pouco o mercado de escritórios. A oferta deve ultrapassar em 7% o recorde de 2003. "Os preços devem se estabilizar", diz Feng.
Bruno Laskowsky, presidente da CCP (Cyrela Commercial Properties), acredita que os preços dos escritórios devem continuar em alta. Para ele, enquanto o preço médio mensal do metro quadrado no Brasil em edifícios de alto-padrão estavam em US$ 51,8, em 2007, em Londres o aluguel saía por US$ 158,2. "O Brasil está mais atrativo, há novas empresas vindo para cá. Acho que só em dois ou três anos a oferta estará em linha com a demanda", diz.

Saturação
No Rio, o mercado corporativo vive um drama. "Com mar de um lado e montanha de outro, há uma escassez de terrenos", diz Alberto Robalinho, diretor regional da CBRE.
A taxa de vacância ficou em 6,2% no fechamento do primeiro trimestre do ano, contra 8,5% nos três primeiros meses do ano passado. O volume de espaços vagos decresceu, porque houve uma ocupação de 19,3 mil m2 no período, mas a oferta de novos empreendimentos foi zero.
Para Robalinho, a situação faz com que construtoras, que antes atuavam exclusivamente no mercado residencial, passem a incluir edifícios comerciais em seus portfólios. "Será possível equilibrar, mas ainda não o suficiente."
Feng, da LaSalle, diz que uma das alternativas na cidade é a reforma de empreendimentos antigos, mas há restrições, porque o padrão desses prédios nem sempre atende às necessidades das empresas mais modernas. Segundo ela, ainda é possível realizar uma expansão na chamada Cidade Nova, mas, para isso, o governo precisará realizar interferências ambientais e sociais a fim de garantir melhorias na área.


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