São Paulo, segunda-feira, 26 de junho de 2000


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"THE NEW YORK TIMES"

"Ei, vamos criar um fundo de hedge?"

Seminário em NY atrai candidatos a ricos e poderosos

PATRICK MCGEEHAN
DO "THE NEW YORK TIMES"

O anúncio de jornal sobre o seminário de 90 minutos era claro e aparentemente convincente: atraiu a um auditório no centro de Manhattan mais de 250 interessados em aprender a criar um fundo de hedge.
Há quem pense que os fundos de hedge -aqueles fundos de investimento não-regulamentados reservados aos ricos e poderosos- caíram em desgraça depois que dois dos mais famosos líderes do setor, George Soros, do Quantum Fund, e Julian Robertson, do Tiger Management, jogaram a toalha. Se você acredita nisso, não tem os traços necessários a um "hedgie".
Mas, se você vê os fracassos alheios como faróis iluminando uma oportunidade brilhante, talvez tenha aquilo que é necessário para, digamos, forçar a desvalorização da libra esterlina, como Soros fez em 1992, ou ameaçar a estabilidade do mundo ocidental, como o Long Term Capital Management fez em 1998.
Mas há outros requisitos. Como foi ressaltado logo no início do seminário, é preciso um capital de US$ 5 milhões a US$ 10 milhões -recolhido de sua família e amigos, se preciso- para começar.
Não se sabe quantos dentre os "hedgies" em potencial presentes ao seminário se assustaram com o preço de admissão ao clube, mas foi bom sinal, para os anfitriões, que ninguém tenha se levantado e ido embora ao ouvir isso.
"Você precisa começar tendo pessoas que desejem que você administre o dinheiro delas, ou precisa ser rico, vindo de uma família que tem patrimônio", disse Robin Davis, diretor da Bank of America Securities, a corretora que patrocinou o evento da segunda-feira passada. Ninguém desprovido de laços afetivos entregaria grandes quantias a um administrador de fundos sem histórico em investimentos, disse ele.
Parecia improvável que os presentes -uma mistura de jovens em camisas de golfe, homens grisalhos de terno e algumas mulheres- tivesse nascido em berço de ouro. Mas, na era de bilionários da Internet, talvez US$ 10 milhões não pareçam muito dinheiro.
Davis e os advogados e especialistas em contabilidade que co-patrocinaram esse seminário deixaram claro que estavam prontos a oferecer serviços a qualquer pessoa da audiência capaz de levantar o dinheiro inicial. O que seriam esses serviços? Leitura de mapas, para começar.
Michael Tannenbaum, sócio do escritório de advocacia Tannenbaum, de Nova York, apontou em um mapa que cobria uma das paredes alguns dos abrigos mais populares para os fundos de hedge que atendem os investidores em fuga dos impostos dos EUA. Entre os lugares mencionados estão as Bermudas, Ilhas Cayman, Ilha de Man e "uma pequena ilha ao largo da costa de Madagascar chamada Maurício".


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