São Paulo, quarta-feira, 26 de junho de 2002

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Companhias rolam só 58% da dívida externa

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As empresas brasileiras conseguiram renovar apenas 58% do total de empréstimos externos que venceram entre janeiro e maio deste ano, segundo o Banco Central. Dos US$ 9,196 bilhões em compromissos externos que venceram, somente US$ 5,32 bilhões foram renovados. O restante foi quitado. Os números se referem a empréstimos de médio e longo prazos (com prazo de vencimento superior a um ano). Não incluem as dívidas contraídas pelo setor público e os créditos ligados a operações de comércio exterior.
De acordo com estimativas do BC, as empresas conseguirão renovar US$ 15,87 bilhões dos US$ 22,3 bilhões que vencem ao longo do ano. Ou seja, serão renovados 71% dos créditos que vencem em 2002. Portanto, as empresas precisaram buscar no mercado cerca de US$ 6,5 bilhões para pagar o que não será renovado.
No ano passado, as empresas conseguiram rolar quase todas as dívidas no exterior. Em 2001, venceram US$ 25,4 bilhões em créditos de médio e longo prazos, substituídos por novos financiamentos no valor de US$ 24,5 bilhões.
De acordo com o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, "a queda [na rolagem da dívida" é reflexo da turbulência do mercado".
Os US$ 6,454 bilhões que o setor privado não vão renovar podem ser cobertos por meio de empréstimos no mercado interno ou por empréstimos de curto prazo no mercado internacional.
Há dois meses, o BC projetava uma saída de US$ 566 milhões do país em capitais de curto prazo. Na ocasião, esperava-se que empresas trocassem financiamentos de curto prazo por empréstimos com vencimento mais longo.
Agora, o BC diz que vai ocorrer o oposto: deve entrar no país US$ 1,593 bilhão em capitais de curto prazo para substituir parte das linhas de financiamento de prazos mais longos que não puderam ser renovadas pelo setor privado.
O aumento da dívida pública, combinado com a incerteza sobre o futuro da política econômica em 2003, tem feito com que os investidores evitem colocar dinheiro no Brasil. Quando o fazem, cobram juros elevados.



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