São Paulo, quarta-feira, 26 de junho de 2002

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PETRÓLEO

Estaleiros não teriam capacidade para o projeto

Licitação de US$ 4 bi da Petrobrás pode descartar indústria nacional

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A Petrobras iniciará em julho um megaprocesso de licitação de plataformas e equipamentos de exploração e produção de petróleo, cujo valor total atingirá US$ 4 bilhões.
Numa primeira fase, serão compradas duas plataformas, a P-51 e a P-52, com capacidade de extrair 180 mil barris de petróleo por dia cada uma. As unidades irão operar nos campos gigantes de Marlim Sul e Roncador, na bacia de Campos (RJ).
A capacidade de cada plataforma é superior à da P-36 (150 mil barris), que era a maior da estatal e afundou no ano passado. Juntas, elas responderão por cerca de um quarto da atual produção da Petrobras, que hoje é de 1,5 milhão de barris por dia.
Ao mesmo tempo em que dá um importante passo para atingir a auto-suficiência na produção brasileira de óleo, a licitação promete criar muito barulho na indústria naval do país.
É que o projeto básico de engenharia -desenvolvido pela empresa norueguesa Aker- não levou em conta as características dos estaleiros nacionais e, por isso, não poderá ser desenvolvido no país, segundo a Folha apurou com executivos e especialistas.
O problema é que os estaleiros brasileiros não teriam espaço para a montagem.
A Petrobras informa, sem detalhar o projeto de construção, que "não procede a informação de que nenhum estaleiro brasileiro tenha instalações em condições de realizar o trabalho".
Apesar das queixas do setor, a Petrobras não tem, por lei, obrigação de contratar empresas nacionais nas licitações. No Brasil, não existe reserva de mercado para a indústria naval nacional.



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