São Paulo, quarta-feira, 26 de junho de 2002

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TRABALHO

Mercado cria 132 mil novos postos; serviços é o setor que mais oferece vagas, indústria é o segundo com mais ofertas

Desemprego em SP cai para 19,7% em maio

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A taxa de desemprego de maio foi de 19,7% da população economicamente ativa contra 20,4% em abril na região metropolitana de São Paulo, segundo pesquisa divulgada ontem pela Fundação Seade/ Dieese.
Desde 86, não se verificava uma diminuição tão expressiva na taxa de desemprego para o mês de maio. Apesar do resultado positivo, a queda ainda não significa recuperação no nível de emprego e do mercado de trabalho. Isso porque a taxa de desemprego cresceu 12,6% na comparação de maio com igual mês de 2001 -passando de 17,5% para 19,7%.
A explicação para a queda do desemprego foi a criação de 132 mil postos de trabalho em maio. Essas vagas foram suficientes para absorver as 83 mil pessoas que entraram no mercado de trabalho no período na região pesquisada para reduzir em 49 mil o número de desempregados.
"A geração de vagas foi atípica. O que ocorreu foi um atraso na criação de empregos de abril para maio. Esse resultado positivo, entretanto, não reflete uma virada no mercado de trabalho. O ambiente econômico ainda é turbulento", afirma Paula Montagner, gerente de análises e estudos especiais da Fundação Seade.
Os setores que mais criaram empregos foram os de serviços, com 61 mil vagas (destaque para a expansão dos serviços de oficina mecânica e alimentação), e o industrial -26 mil novos postos (vestuário e indústrias de pequeno e médio porte). Entre serviços domésticos e construção civil, foram abertas 38 mil vagas.
"O nível de emprego na indústria cresceu 1,8% em maio, após dois meses de estabilidade. É importante também destacar que, entre os empregos criados, 54 mil foram vagas com carteira assinada, o que melhora a qualidade do emprego", diz Paula.
O rendimento médio dos ocupados aumentou 3,4%, após três meses consecutivos de queda, de acordo com o levantamento. Com isso, passou de R$ 813 em março para R$ 841 em abril.
Em relação a abril de 2001, entretanto, os salários caíram 7,7%. Mas os técnicos explicam que houve uma diminuição no ritmo da queda - em fevereiro, foi de 10,8%, em março, de 11,2% e em abril, de 7,7%.
A queda nos salários foi maior entre os trabalhadores com carteira assinada -10,1% na comparação de abril com igual mês de 2001. Por atividade, a diminuição foi mais sentida entre os empregados em serviços -queda de 9,7%, passando de R$ 918 para R$ 829 em abril deste ano.
Para o coordenador técnico do Dieese, Sérgio Mendonça, é difícil prever o que vai ocorrer com o emprego e a renda nos próximos meses. "No segundo semestre, historicamente aposta-se na melhoria do mercado de trabalho por causa do aquecimento da economia. Mas não podemos esquecer que a instabilidade no mercado financeiro só será absorvida nos próximos meses." Essa incerteza, declara, atrasa os investimentos na produção, e portanto, na contratação de mais pessoas.
A pesquisa também mostrou que diminuiu o tempo médio de procura por emprego -era de 50 semanas em abril e passou para 49 em maio.
O presidente em exercício da Força Sindical, João Gonçalves Dias, o Juruna, disse que a redução do desemprego vai ajudar nas negociações coletivas deste ano. "É vantajoso negociar aumento real e reajustes maiores quando a pressão pela manutenção do emprego é menor."
A Força decidiu unificar a campanha salarial deste ano com outras duas centrais sindicais -a CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores) e a SDS (Social Democracia Sindical)- para aumentar seu poder de negociação salarial.
"Gostaríamos muito de que essa fosse uma tendência para os próximos meses. Mas é apenas uma questão momentânea", disse o presidente da CUT, João Felício.

Caged
O número de trabalhadores com carteira assinada aumentou 0,72% em maio na comparação com o mês anterior. Isso significa que no período foram gerados 155.813 postos de trabalho formal.
Os dados fazem parte do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), que é a pesquisa mensal do Ministério do Trabalho sobre o mercado de trabalho formal.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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