São Paulo, terça-feira, 26 de junho de 2007

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Perdigão paga R$ 77 mi por margarinas

Marcas Doriana, Delicata e Claybom eram da multinacional Unilever, que seguirá fabricando produtos

CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Perdigão pagou R$ 77 milhões pela operação de margarinas da Unilever, que inclui as marcas Doriana, Delicata e Claybom. O acordo envolveu ainda a criação de uma nova empresa, joint venture entre Unilever e Perdigão, que cuidará da gestão das marcas Becel e Becel ProActiv.
A nova empresa ainda não tem nome, mas o licenciamento da Becel permitirá que Perdigão e Unilever desenvolvam novos produtos da marca, usando o mesmo posicionamento de mercado: de alimento funcional, voltado para a saúde do coração.
"Poderemos ter muitas possibilidades para o futuro", afirma disse Vinicius Prianti, presidente da Unilever Brasil.
Mais do que uma compra, o negócio foi montado como parceria operacional e envolveu uma complexa troca de ativos. A Perdigão adquiriu máquinas e equipamentos da Unilever, que mantém-se como dona da fábrica em Valinhos (SP) e continuará a desenvolver os produtos e a estratégia de comunicação da Becel.
Já a Perdigão, além de se tornar responsável pela produção, cuidará de vendas e distribuição. Os 300 funcionários continuam a ser da Unilever.
Assim, a Unilever reduz sua presença num negócio que não é considerado estratégico e de margens pequenas. Além disso, passa a se beneficiar da estrutura de distribuição da Perdigão, uma das áreas mais críticas do negócio de produtos refrigerados. A Perdigão coloca seus itens em 84 mil pontos-de-venda, o dobro de lojas que vendem as margarinas da Unilever.
Para a Perdigão, o negócio injeta em seu caixa R$ 300 milhões em receita ao ano. Também permite à empresa concorrer com a Sadia, dona da Qualy, líder de mercado (30%).
Hoje, a Perdigão fabrica as margarinas da Turma da Mônica e Borela. Com a aquisição, passará a ter 20% do mercado que movimenta R$ 1,5 bilhão.
Os executivos acreditam que não terão problemas com o Cade (Conselho Administrativo de Concorrência Econômica), já que o negócio é menor do que o da concorrência - o órgão analisa operações com concentração de mercado acima de 20% ou quando uma das envolvidas tem no Brasil faturamento de R$ 400 milhões por ano.
Depois de captar R$ 800 milhões no ano passado, a Perdigão partiu para uma série de aquisições com o objetivo de diversificar riscos e chegar a 2011 com faturamento de R$ 12 bilhões. Comprou, desde agosto, as fabricantes de lácteos Batávia e Fruitier, a processadora de carnes holandesa Plusfood, o frigorífico Unifrigo e agora, as margarinas da Unilever. Ainda tem R$ 400 milhões em caixa.
"Dificilmente conseguiremos empregar todo esse dinheiro até o fim do ano", afirmou Nildemar Secches, presidente da Perdigão. "Mas estamos de olho em oportunidades." As áreas de interesse são bovinos, lácteos, frigoríficos e processadoras de carne. Parte do recurso poderá ser usado ainda para melhorias e construção de novas fábricas.
"No curto prazo, temos capacidade para atender ao mercado de margarinas", diz Secches. "Porém certamente antes de 2011 precisaremos mais uma fábrica, em outras regiões."


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