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Perdigão paga R$ 77 mi por margarinas
Marcas Doriana, Delicata e Claybom eram da multinacional Unilever, que seguirá fabricando produtos
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Perdigão pagou R$ 77 milhões pela operação de margarinas da Unilever, que inclui as
marcas Doriana, Delicata e
Claybom. O acordo envolveu
ainda a criação de uma nova
empresa, joint venture entre
Unilever e Perdigão, que cuidará da gestão das marcas Becel e
Becel ProActiv.
A nova empresa ainda não
tem nome, mas o licenciamento da Becel permitirá que Perdigão e Unilever desenvolvam
novos produtos da marca,
usando o mesmo posicionamento de mercado: de alimento funcional, voltado para a
saúde do coração.
"Poderemos ter muitas possibilidades para o futuro", afirma disse Vinicius Prianti, presidente da Unilever Brasil.
Mais do que uma compra, o
negócio foi montado como parceria operacional e envolveu
uma complexa troca de ativos.
A Perdigão adquiriu máquinas
e equipamentos da Unilever,
que mantém-se como dona da
fábrica em Valinhos (SP) e continuará a desenvolver os produtos e a estratégia de comunicação da Becel.
Já a Perdigão, além de se tornar responsável pela produção,
cuidará de vendas e distribuição. Os 300 funcionários continuam a ser da Unilever.
Assim, a Unilever reduz sua
presença num negócio que não
é considerado estratégico e de
margens pequenas. Além disso,
passa a se beneficiar da estrutura de distribuição da Perdigão, uma das áreas mais críticas
do negócio de produtos refrigerados. A Perdigão coloca seus
itens em 84 mil pontos-de-venda, o dobro de lojas que vendem
as margarinas da Unilever.
Para a Perdigão, o negócio injeta em seu caixa R$ 300 milhões em receita ao ano. Também permite à empresa concorrer com a Sadia, dona da
Qualy, líder de mercado (30%).
Hoje, a Perdigão fabrica as
margarinas da Turma da Mônica e Borela. Com a aquisição,
passará a ter 20% do mercado
que movimenta R$ 1,5 bilhão.
Os executivos acreditam que
não terão problemas com o Cade (Conselho Administrativo
de Concorrência Econômica),
já que o negócio é menor do que
o da concorrência - o órgão
analisa operações com concentração de mercado acima de
20% ou quando uma das envolvidas tem no Brasil faturamento de R$ 400 milhões por ano.
Depois de captar R$ 800 milhões no ano passado, a Perdigão partiu para uma série de
aquisições com o objetivo de diversificar riscos e chegar a 2011
com faturamento de R$ 12 bilhões. Comprou, desde agosto,
as fabricantes de lácteos Batávia e Fruitier, a processadora
de carnes holandesa Plusfood,
o frigorífico Unifrigo e agora, as
margarinas da Unilever. Ainda
tem R$ 400 milhões em caixa.
"Dificilmente conseguiremos empregar todo esse dinheiro até o fim do ano", afirmou Nildemar Secches, presidente da Perdigão. "Mas estamos de olho em oportunidades." As áreas de interesse são
bovinos, lácteos, frigoríficos e
processadoras de carne. Parte
do recurso poderá ser usado
ainda para melhorias e construção de novas fábricas.
"No curto prazo, temos capacidade para atender ao mercado de margarinas", diz Secches.
"Porém certamente antes de
2011 precisaremos mais uma
fábrica, em outras regiões."
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