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INDÚSTRIA
Preocupação do setor é que, sem Tápias, negociações sobre benefícios fiscais fiquem na gaveta
Eletrônicos temem perder incentivo
ESTELA CAPARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A saída de Alcides Tápias do Ministério do Desenvolvimento
acionou a luz amarela no setor de
eletroeletrônicos. Os empresários
temem que as negociações em
torno de incentivos para a fabricação de componentes no Brasil
percam o fôlego ou sejam engavetadas pelo novo ministro, Sérgio
Amaral.
A demissão de Tápias aconteceu no momento em que governo
e empresários discutiam detalhes
para a elaboração de um pacote
de incentivos para a fabricação de
insumos de produtos de telecomunicações. Nos últimos encontros, o grupo formado por membros do governo e da iniciativa
privada tratava da escolha dos
componentes que receberiam benefícios fiscais.
Paralelamente, Tápias e sua
equipe também costuravam a estratégia de trazer para o país grandes fabricantes de semicondutores ainda neste ano. O mercado
brasileiro fornece apenas 5% desse tipo de produto -um dos mais
importantes na cadeia do setor.
O governo anunciaria, no segundo semestre, investimentos
de uma grande fabricante de semicondutores. Um dos nomes
mais cotados é o da Intel.
"Esperamos que os esforços iniciados na gestão do ministro Tápias continuem", diz Carlos de
Paiva Lopes, presidente da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica).
Para outro executivo do setor,
mesmo com a permanência da
equipe de Tápias no ministério,
será difícil negociar incentivos em
um momento em que o governo
discute corte de gastos.
A ausência de fabricantes de
componentes eletroeletrônicos
no Brasil tem dois efeitos negativos. O primeiro diz respeito às indústrias de eletroeletrônicos. A
importação de componentes acaba encarecendo e tornando o produto final menos competitivo em
relação aos similares estrangeiros.
O segundo afeta as contas do
país. No ano passado, o déficit do
setor foi de US$ 6,4 bilhões, 24%
maior do que no ano anterior.
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