São Paulo, quinta-feira, 26 de julho de 2001

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INDÚSTRIA

Preocupação do setor é que, sem Tápias, negociações sobre benefícios fiscais fiquem na gaveta

Eletrônicos temem perder incentivo

ESTELA CAPARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A saída de Alcides Tápias do Ministério do Desenvolvimento acionou a luz amarela no setor de eletroeletrônicos. Os empresários temem que as negociações em torno de incentivos para a fabricação de componentes no Brasil percam o fôlego ou sejam engavetadas pelo novo ministro, Sérgio Amaral.
A demissão de Tápias aconteceu no momento em que governo e empresários discutiam detalhes para a elaboração de um pacote de incentivos para a fabricação de insumos de produtos de telecomunicações. Nos últimos encontros, o grupo formado por membros do governo e da iniciativa privada tratava da escolha dos componentes que receberiam benefícios fiscais.
Paralelamente, Tápias e sua equipe também costuravam a estratégia de trazer para o país grandes fabricantes de semicondutores ainda neste ano. O mercado brasileiro fornece apenas 5% desse tipo de produto -um dos mais importantes na cadeia do setor.
O governo anunciaria, no segundo semestre, investimentos de uma grande fabricante de semicondutores. Um dos nomes mais cotados é o da Intel.
"Esperamos que os esforços iniciados na gestão do ministro Tápias continuem", diz Carlos de Paiva Lopes, presidente da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica).
Para outro executivo do setor, mesmo com a permanência da equipe de Tápias no ministério, será difícil negociar incentivos em um momento em que o governo discute corte de gastos.
A ausência de fabricantes de componentes eletroeletrônicos no Brasil tem dois efeitos negativos. O primeiro diz respeito às indústrias de eletroeletrônicos. A importação de componentes acaba encarecendo e tornando o produto final menos competitivo em relação aos similares estrangeiros.
O segundo afeta as contas do país. No ano passado, o déficit do setor foi de US$ 6,4 bilhões, 24% maior do que no ano anterior.



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