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Krueger condiciona acordo com o FMI a pacto com presidente eleito
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
O FMI (Fundo Monetário Internacional) só fechará um novo
acordo com o Brasil se conseguir
negociar algum tipo de compromisso com o próximo governo.
Foi o que disse, ontem, a vice-diretora-gerente da instituição, Anne Krueger, durante encontro fechado com um grupo de jornalistas, em São Paulo. Ela admitiu ontem pela primeira vez que o FMI
poderá fechar um acordo de transição para socorrer o país.
"Claramente, qualquer bom
programa teria de ter uma duração que fosse além de outubro e,
como depois de outubro as decisões vão gradualmente passar para o próximo governo, acho que
precisaríamos de algum tipo de
garantia", disse a vice-diretora-gerente do FMI.
Krueger, que veio ao Brasil participar do Encontro Latino-Americano da Sociedade Econométrica, na Fundação Getúlio Vargas,
garantiu, no entanto, que ainda
não há a decisão de se negociar
um novo acordo. Admitiu, porém, ter discutido, nos últimos
dias, várias "possibilidades" com
o governo brasileiro.
"Discutimos possibilidades variadas, o que está levando os mercados a se comportarem desta
maneira e os possíveis desdobramentos daqui para a frente, o que
faz sentido fazer enquanto nós temos um programa com o Brasil,
que vence em 14 de dezembro",
afirmou Krueger.
A vice-diretora-gerente do FMI
afirmou que, de forma geral, a
economia brasileira está saudável.
Ela atribuiu o nervosismo dos
mercados às incertezas do período pré-eleitoral.
Meta de inflação
No entanto, segundo Krueger, o
não-cumprimento da meta de inflação no Brasil este ano é uma
questão que tem causado preocupação entre os diretores-executivos do Fundo: "Essa deve se tornar uma questão importante agora na próxima revisão (do programa do FMI com o Brasil)".
Apesar de ter afirmado que a
crescente relação entre a dívida
consolidada do setor público brasileiro e o PIB (Produto Interno
Bruto) preocupa, Krueger acredita que o compromisso do governo brasileiro de atingir um superávit primário de 3,75% este ano
"traz algum conforto" em relação
a este problema.
Ela refutou as críticas de que o
FMI tenha abandonado a Argentina no auge de sua crise econômica, depois de ter apoiado as reformas implementadas pelo país
durante toda a década de 90.
"Não acho que o FMI tenha
abandonado a Argentina. Chegamos a um ponto em que não havia mais o que pudéssemos apoiar
até que as autoridades argentinas
decidissem que tinham de adotar
um plano alternativo", disse.
Segundo ela, as principais divergências entre o governo argentino
e o FMI se referem a questões ligadas ao regime monetário e ao sistema bancário. Krueger, no entanto, disse ter esperanças de que
essas questões tenham sido resolvidas com a visita feita por uma
equipe de técnicos à Argentina. O
que indica que um acordo com o
país vizinho pode estar próximo.
Estados Unidos
Krueger se mostrou otimista em relação à recuperação da economia norte-americana e atribuiu os problemas atuais às turbulências dos mercados financeiros.
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