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LUÍS NASSIF
A posição da Embratel
Vice-presidente de serviços locais da Embratel, a
aguerrida Purificación Carpynteiro entra em contato com a coluna para esclarecer pontos levantados semanas atrás nos
quais se criticava a empresa por
se ter "desabrasileirado" e por
suas insistência em afrontar a
Lei Geral de Telecomunicações,
indo buscar saídas para os impasses do setor na Justiça comum.
Quanto aos problemas de
imagem, Purificación concorda
que a companhia não tem tratado da questão da imagem
com o cuidado necessário. Mas,
no campo das ações, faz questão
de enfatizar que continua sendo
uma corporação brasileira, empenhada em atuar profissionalmente e buscando preservar a
identidade brasileira.
O fato de o controle estar nas
mãos da WorldCom -a segunda maior rede de longa distância do planeta e que acabou
enredada no recente escândalo
de manipulação de balanços-
em nada afetará o desempenho
da Embratel, explica ela.
Primeiro, porque a WorldCom deverá resistir e, com a
concordata, conseguirá sair da
crise. Afinal, continua sendo
uma empresa global, com
US$ 35 bilhões de receitas
anuais e conduzindo 90% dos e-mails do mundo inteiro em seus
circuitos.
Segundo, porque não há sinais
de que a WorldCom pretenda
vender a Embratel. Ela investiu
US$ 2 bilhões na aquisição da
empresa. Apesar de deter o controle, possui apenas 19% do capital total. Com a queda geral
no valor das empresas de telecomunicações, seria o pior momento para a venda.
Terceiro, porque a Embratel
não tem nenhuma relação com
a WorldCom, fora a societária,
nem mesmo aval para financiamento.
A WorldCom se especializou
em adquirir empresas e dedicou
pouco à visão estratégica do negócio, conforme a coluna sustentou. Mas a Embratel possui
corpo próprio de técnicos, e mesmo os "importados" vieram da
MCI, a poderosa empresa adquirida pela WorldCom no auge do movimento especulativo
da Nasdaq.
Portanto, o futuro da Embratel dependerá exclusivamente
do seu desempenho operacional. E aí Purificación entra no
ponto central da questão. No
mercado em que domina o corporativo, Purificación sustenta
que a Embratel continua sendo
uma ilha de excelência, considerada nas pesquisas qualitativas
como a mais confiável e com
maior capacidade para desenhar soluções específicas.
Mas, quando se entra no mercado de varejo, esbarra-se no
problema do custo da interconexão (o pagamento para poder
usar a rede das operadoras locais). Purificación apresenta
uma série de estudos para comprovar que as operadoras fixas
cobram de interconexão mais
do que a tarifa média que cobram de seus clientes para ligações estaduais.
Em coluna recente, dizia-se
aqui que a Lei Geral de Telecomunicações obriga que cada
operadora tenha uma contabilidade em separado para cada
serviço a fim de comprovar se
está trabalhando ou não com
subsídios cruzados (compensando os prejuízos de um serviço
deficitário com lucros em outros
serviços).
Purificación mostra pareceres
de advogados de operadoras fixas reconhecendo que as companhias não incluem os custos
de interconexão no balanço dos
serviços de longa distância.
Sem a garantia de que não haverá dumping, a entrada das
operadoras fixas simplesmente
varrerá da área as operadoras
de longa distância.
Pode-se discutir se os dados da
Embratel estão corretos ou não.
O que causa espécie é o fato de
até agora a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações)
não ter se pronunciado sobre a
questão. Atrasou uma decisão
fundamental, que prejudica as
operadoras de longa distância,
assim como atrasou a autorização para que as empresas que
anteciparam o cumprimento
das metas pudessem operar em
outros mercados, prejudicando
operadoras de telefonia fixa.
Portugal na berlinda
O "milagre" português está perto do fim. Depois do grande avanço com a entrada na União Européia, Portugal não conseguiu renovar seu parque produtivo e, ontem, constatou que seu déficit público chegou a 4,1%, muito acima dos 3% permitidos. O país está em polvorosa.
E-mail - lnassif@uol.com.br
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