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Ajuda para as distribuidoras seria por meio de compra de participação no capital das empresas, declara secretário
Fundo de pensão pode socorrer elétricas
SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO
O governo federal deverá ajudar
financeiramente as empresas distribuidoras de energia elétrica. O
financiamento poderá ser feito
por intermédio dos fundos de
pensão de companhias estatais,
segundo informações dadas ontem pelo secretário-executivo do
Ministério de Minas e Energia,
Maurício Tolmasquim.
Ele participou do seminário
"Novos Rumos para o Setor Elétrico Brasileiro" na Coppe (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da
Universidade Federal do Rio de
Janeiro).
O secretário-executivo afirmou
que o governo está preocupado
com a situação de endividamento
de algumas distribuidoras e classificou como "pertinente" a inquietação das empresas.
A justificativa de Tolmasquim é
que o novo modelo que será apresentado pelo governo só poderá
ser bem sucedido se todo o setor
estiver bem. Na sua opinião, uma
recapitalização das empresas "é
fundamental para a sustentação
do novo modelo" -programa federal para reorganizar o setor.
As diretrizes do programa foram aprovadas nesta semana pelo
CNPE (Conselho Nacional de Política Energética). O novo modelo
entra em vigor no ano que vem,
mas só deverá estar completamente implementado em 2009.
Tolmasquim não quis detalhar
de que forma a ajuda financeira
será feita, mas deixou escapar que
os fundos de pensão de estatais
poderão contribuir adquirindo
participações no capital das empresas. "Conversamos muito preliminarmente [sobre o assunto]
com os presidentes de alguns fundos de pensão", disse.
Uma das alternativas seria a
emissão de debêntures (espécie
de título de crédito) pelas empresas. "Mas não vamos anunciar o
que ainda não existe", disse.
Outra forma seria a recapitalização passar pelo BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social). "Vamos ter
reuniões com o BNDES e com outras entidades do governo para
tentar construir um mecanismo
de recapitalização."
Neste mês, o BNDES já anunciou o repasse de R$ 1,8 bilhão para geradoras e distribuidoras de
energia, para liquidação de dívidas antigas com o MAE (Mercado
Atacadista de Energia) e compensações tarifárias.
Tolmasquim salientou que a
nova ajuda financeira não será
feita igualmente para todas as empresas e que nem todas receberão
aporte de capital. De acordo com
o secretário, cada caso será analisado separadamente porque muitas distribuidoras não precisam
de recapitalização.
O secretário também disse que
as tarifas para o consumidor deverão começar a cair a partir de
2005. Isso será possível, disse ele,
porque em janeiro daquele ano
"haverá uma enxurrada" de contratos iniciais com as geradoras
que estarão vencendo, de forma
que as distribuidoras recorrerão
ao "pool" de compra de energia.
No "pool", o preço da "energia
velha" (mais barata, produzida
por grandes hidrelétricas estatais,
cujo investimento já foi amortizado) será misturado ao da "energia
nova" (mais cara, vinda de novas
usinas), fazendo com que a tarifa
fique mais barata, acredita ele.
Tolmasquim afirmou ainda que
o novo modelo abre brecha para
uma possível privatização das
empresas geradoras. Isso porque
ele prevê a "relicitação" dos contratos, à medida que as concessões forem terminando.
O secretário disse, porém, que
irá reler o texto que menciona a
questão da renovação dos contratos de modo a evitar essa brecha
para a privatização de geradoras.
"O objetivo da relicitação é renovar a concessão por um valor
menor, uma vez que a obra -o
custo fixo da geradora- já terá
sido amortizada, e, assim, baratear as tarifas para o consumidor.
A idéia nunca foi privatizar."
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