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São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 2003

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NOVO CONSENSO

Para John Williamson, Brasil tem de flexibilizar mercado de trabalho

Analista quer mais liberalização na AL

CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos caminhos para a América Latina sair da estagnação econômica é ampliar a liberalização iniciada nos anos 90. A afirmação parte do economista inglês John Williamson, 66, pai do receituário liberal conhecido como Consenso de Washington.
Para o Brasil, a cartilha de Williamson sugere a flexibilização do mercado de trabalho. "A rigidez dos regulamentos faz com que muitos trabalhadores sejam empurrados para o mercado informal. Seria bem mais justo reduzir o nível de proteção da lei para aumentar o número de trabalhadores com emprego no setor formal", disse, em português, ontem, durante seminário promovido pela Faap (Fundação Armando Álvares Penteado), em São Paulo.
As outras receitas fazem parte daquilo que o meio acadêmico tem chamado de "Novo Consenso de Washington". O economista, porém, prefere empregar expressão que considera "mais neutra": agenda. "O termo Consenso de Washington tornou-se indefinido e ficou estigmatizado".
A adoção de políticas anticíclicas nos moldes keynesianos (maiores investimentos do Estado quando a economia vai mal e a redução nos momentos de prosperidade) está no rol das medidas defendidas por Williamson.
"A razão principal da estagnação na América Latina, inclusive no Brasil, é a série de crises que a região tem sofrido. Uma das preocupações da política macroeconômica deve ser evitar isso."
Apesar de defender o Consenso de Washington -estabelecido em 1989-, o economista diz que "é necessário reconhecer que o objetivo da política não deve ser só a estabilidade dos preços, como na visão monetarista. E, tenho que confessar, no Consenso de Washington, mas também a estabilidade da economia real", diz.
Para implementar essas políticas no Brasil, no entanto, ele pondera: "É preciso esperar um boom econômico. Mesmo quando esse momento chegar, é importante manter a preocupação com o superávit primário".


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