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São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 2003

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PESQUISA

Rotação de culturas fixa o hidrogênio no solo

Usar soja e crotalária como adubo aumenta a produção das lavouras

DA REPORTAGEM LOCAL

Plantar arroz, cana ou milho após rotação com culturas de soja ou crotalária (espécie de leguminosa usada para a fabricação de cordas e tapetes) pode ser uma alternativa simples e barata para resolver um problema comum em terras com monocultura: o empobrecimento do solo.
Esse é o resultado de estudo realizado pelo pesquisador do IAC (Instituto Agronômico de Campinas) Hipólito Mascarenhas. Segundo a pesquisa, a utilização da crotalária e da soja como adubos naturais, além de corrigir deficiências de nitrogênio no solo, aumenta a produtividade.
No caso do arroz, testes revelaram que, quando o cereal foi cultivado após as duas plantas, ocorreu aumento de 88% na produção. Nas lavouras de milho, observou-se também a melhoria da qualidade e do tamanho dos grãos. A comparação foi feita com o cereal plantado sem a adoção da rotação de culturas.
Segundo a pesquisa, a vantagem do plantio dessas culturas é que elas podem absorver o nitrogênio da atmosfera e possuem a capacidade de repassá-lo para a terra. Com isso, o agricultor consegue economizar na compra de insumos, como o sulfato de amônio, para promover a nutrição do solo.
Um exemplo: um hectare de soja plantada consegue fixar, em média, 160 quilos de nitrogênio por hectare. Um hectare de crotalária chega a fixar 200 quilos de nitrogênio no solo. No mercado, o quilo do nitrogênio está cotado a cerca de R$ 50.

Benefícios ambientais
Ao aplicar adubos químicos, muitas vezes os produtores ultrapassam a quantidade recomendada, e o solo acaba acumulando excedente de produtos químicos.
De acordo com estimativas de Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), 60% dos sojicultores brasileiros usam adubos inadequadamente.
Esse desequilíbrio, a longo prazo, prejudica a produtividade das lavouras. Por esse motivo, a pesquisa destaca que o uso da soja e da crotalária como adubo é benéfico para o ambiente.
A rotação com o plantio de crotalária também ajuda no combate de pragas e doenças na lavoura. No caso de plantações de cana, a crotalária consegue controlar o aparecimento de nematóides (tipo de verme que ataca as raízes). O motivo é que a alternância de plantios de culturas diferentes ajuda a interromper o ciclo dos inimigos naturais dos cultivos principais dos produtores.
De acordo com o IAC, a adoção da crotalária como adubo verde é uma prática que começa a conquistar adeptos entre os produtores de cana de terrenos nos quais já se nota um alto teor de degradação do solo, mas ainda não há estatísticas oficiais.
Os experimentos foram realizados em Votuporanga e em Pindorama, em São Paulo, e em Mococa, Minas Gerais.
(CÍNTIA CARDOSO)


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