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ORTODOXIA
Presidente diz que Brasil não quer ser imperialista na região
Lula pede apoio ao Equador sobre cálculo do déficit primário do FMI
DA ENVIADA ESPECIAL A QUITO
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva disse ontem em Quito
(Equador) que o Brasil não busca
uma relação "hegemônica" nem
"imperialista" na região. Apesar
de ter defendido uma política "fiscal dura" e a "estabilidade monetária" para o continente, chegou a
criticar os gastos dos equatorianos com o pagamento da dívida.
"Nós não queremos ter relação
hegemônica. Não queremos ser
vistos como imperialistas. Queremos ser parceiros para desenvolver um continente que já foi rico,
que já teve muito ouro e muita
prata. Levaram tudo e ficamos
mais pobres do que quando conquistamos a nossa independência", declarou em almoço com
empresários locais.
Na visita de menos de um dia,
Lula pediu o apoio do Equador
para mudar a forma de cálculo do
déficit público fixado pelo FMI.
Ele defende que investimentos
em infra-estrutura não sejam
contabilizados como gastos.
"Estamos fazendo a nossa parte
com disciplina e maturidade. Por
isso, é inadmissível que países como o Equador sejam obrigados a
desembolsar 40% de seu orçamento para rolar a sua dívida externa", declarou Lula em jantar
oferecido anteontem pelo presidente do Equador, Lucio Gutierrez. O Equador tem um PIB de
aproximadamente US$ 27 bilhões
e uma dívida de cerca de US$ 17
bilhões. "O comportamento que
estamos exigindo dos países desenvolvidos é o mesmo que impusemos a nós mesmos."
No encontro com empresários,
Lula defendeu mais uma vez uma
"nova geografia comercial no
mundo". Disse não querer brigar
com os Estados Unidos nem com
a Europa, mas criticou subsídios
dados a produtores agrícolas.
"Não quero brigar com os Estados Unidos. Eles mantém uma relação histórica com o Brasil e, individualmente, são o maior parceiro brasileiro. Quero que os
americanos saibam que quero para mim o que eles desejam para
eles... Até quando vamos nos contentar em ser parte pobre do
mundo?", completou.
Durante os cinco discursos no
país, Lula recorreu a palavras e expressões como "solidariedade",
"altivez" e "regas mais justas" nas
relações comerciais e "gestos retóricos" dos governos anteriores.
"O século 21 pode ser da América
Latina e da América do Sul", disse.
(Julia Duailibi)
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