São Paulo, quinta-feira, 26 de agosto de 2004

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ORTODOXIA

Presidente diz que Brasil não quer ser imperialista na região

Lula pede apoio ao Equador sobre cálculo do déficit primário do FMI

DA ENVIADA ESPECIAL A QUITO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem em Quito (Equador) que o Brasil não busca uma relação "hegemônica" nem "imperialista" na região. Apesar de ter defendido uma política "fiscal dura" e a "estabilidade monetária" para o continente, chegou a criticar os gastos dos equatorianos com o pagamento da dívida.
"Nós não queremos ter relação hegemônica. Não queremos ser vistos como imperialistas. Queremos ser parceiros para desenvolver um continente que já foi rico, que já teve muito ouro e muita prata. Levaram tudo e ficamos mais pobres do que quando conquistamos a nossa independência", declarou em almoço com empresários locais.
Na visita de menos de um dia, Lula pediu o apoio do Equador para mudar a forma de cálculo do déficit público fixado pelo FMI. Ele defende que investimentos em infra-estrutura não sejam contabilizados como gastos.
"Estamos fazendo a nossa parte com disciplina e maturidade. Por isso, é inadmissível que países como o Equador sejam obrigados a desembolsar 40% de seu orçamento para rolar a sua dívida externa", declarou Lula em jantar oferecido anteontem pelo presidente do Equador, Lucio Gutierrez. O Equador tem um PIB de aproximadamente US$ 27 bilhões e uma dívida de cerca de US$ 17 bilhões. "O comportamento que estamos exigindo dos países desenvolvidos é o mesmo que impusemos a nós mesmos."
No encontro com empresários, Lula defendeu mais uma vez uma "nova geografia comercial no mundo". Disse não querer brigar com os Estados Unidos nem com a Europa, mas criticou subsídios dados a produtores agrícolas.
"Não quero brigar com os Estados Unidos. Eles mantém uma relação histórica com o Brasil e, individualmente, são o maior parceiro brasileiro. Quero que os americanos saibam que quero para mim o que eles desejam para eles... Até quando vamos nos contentar em ser parte pobre do mundo?", completou.
Durante os cinco discursos no país, Lula recorreu a palavras e expressões como "solidariedade", "altivez" e "regas mais justas" nas relações comerciais e "gestos retóricos" dos governos anteriores. "O século 21 pode ser da América Latina e da América do Sul", disse. (Julia Duailibi)


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