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Pecuária é o último setor a recuperar seus preços
Produtores começam a viver período de ganhos após três anos de "vacas magras"
Especialista diz que preços maiores podem injetar
R$ 41 bi nas fazendas de gado em 2008, R$ 5 bi
a mais do que neste ano
DA REDAÇÃO
Os bons momentos do campo previstos para o próximo
ano também passam pela pecuária, o último setor a entrar
na lista de recuperação de preços. Amargando valores baixos
de negociação nos últimos três
anos, o setor havia elevado o
volume de abate de animais,
principalmente de fêmeas.
Esses abates fizeram com
que a última supersafra de bezerros tivesse ocorrido em
2004. Esses bezerros estiveram
prontos para o abate neste ano.
A partir do próximo, haverá
uma queda acentuada na oferta
de gado pronto para o abate, o
que deve puxar ainda mais os
preços para cima.
A avaliação é de Victor Abou
Nehmi, do Instituto FNP. Para
ele, a pecuária passou por maus
bocados e agora está emergindo, devido à queda do rebanho e
à menor oferta de animais.
O pecuarista e presidente da
UDR (União Democrática Ruralista), Luiz Antonio Nabhan
Garcia, diz que "houve uma
queda inconseqüente no preço
do boi, e isso quebrou a harmonia que havia entre pecuaristas
e frigoríficos". Para ele, a manutenção contínua de preços
baixos adotada pelos frigoríficos nos últimos anos "pode fazer o tiro sair pela culatra".
Nabhan diz que, mesmo com
a elevação, os preços de hoje no
mercado apenas corrigem defasagem anterior, pois há três
anos ele já vendia gado pelo valor atual. Em algumas áreas de
produção, o rebanho teve redução de até 30%, acrescenta.
Em 2008, R$ 41 bi
Os números do rebanho brasileiro são desencontrados. Enquanto o IBGE mantém um
número superior a 200 milhões
de cabeças de gado, o Instituto
FNP, especialista no setor, afirma que o rebanho não passa de
160 milhões.
Nehmi diz que a recuperação
de preços pode colocar R$ 41
bilhões dentro das fazendas de
gado de corte no próximo ano.
Esse valor superaria em R$ 4,6
bilhões o deste ano, quando os
preços já estiveram um pouco
mais aquecidos que os de 2006.
A pecuária começa a reviver,
mas também passa por mudanças. A liderança brasileira no
mercado mundial de carne bovina atrai grandes investidores
para o setor. Cada um deles já
chega a ter rebanhos superiores a 200 mil cabeças. Além disso, os frigoríficos também começam a investir em confinamentos -sistema que facilita a
oferta de gado para abate mesmo em entressafra.
Leite
O setor de leite, após um baque no final de 2005, também
mostra recuperação. Mesmo
com produção maior, o produtor conseguiu, no mês passado,
um valor real 19% superior ao
da média de 2001 a 2006 para
os meses de julho, conforme
dados do órgão de estudos Cepea. Gustavo Beduschi, pesquisador da instituição, diz que as
demandas interna e externa
sustentam os preços.
Internamente, há uma disputa pelo leite entre as indústrias. Externamente, houve
uma oferta menor por parte de
produtores tradicionais, como
Austrália, e maior incorporação desse produto no cardápio
alimentar dos asiáticos, que estão tendo elevação de renda
nos últimos anos.
O aumento de preços faz os
produtores buscarem cada vez
mais qualidade e equipamentos novos, o que gera uma demanda industrial no setor.
Friedhelm Voswinkel, presidente da WestfaliaSurge, fornecedora de tecnologias para a
pecuária leiteira, confirma essa
procura. "Devemos alcançar faturamento de 15% a 20% superior ao de 2006."
Com a recuperação de preços
no setor, os produtores de leite
devem obter R$ 16,6 bilhões no
próximo ano com as vendas do
produto, valor R$ 3,4 bilhões
maior do que neste ano, segundo Nehmi.
(MAURO ZAFALON)
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