São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 2008

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Presidente do Equador ameaça expulsar Odebrecht

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

O presidente do Equador, Rafael Correa, ameaçou expulsar a empreiteira Odebrecht por causa da paralisação da hidrelétrica San Francisco, a segunda maior do país. Inaugurada há 13 meses, a usina não produz desde junho devido a problemas de construção.
"Dissemos [à Odebrecht]: Senhores, arrumem San Francisco. Senhores, se responsabilizem pelo lucro cessante. Senhores, devolvam o prêmio de uns US$ 20 milhões por haverem terminado a obra com antecipação e acabem com essas práticas corruptas", disse Correa em seu programa semanal de rádio, no último sábado.
A usina está localizada na região central do país e é responsável por 12% da produção total de energia do Equador. Segundo o governo, há dois problemas graves: o desgaste prematuro das rodas d'água das turbinas e o desabamento parcial do túnel por onde passa a água que gera a eletricidade.
Correa, que está em campanha para a aprovação da nova Constituinte, no mês que vem, disse que a Odebrecht será expulsa caso não atenda às exigências e anunciou a revisão de um projeto hidrelétrico que tem a participação da empresa.
"Não me importa se as obras pararem, conseguiremos outros construtores, mas já basta. Não vamos suportar mais burlas ao povo equatoriano."
Procurada pela Folha, a Odebrecht enviou uma nota em que classifica os problemas no túnel de "pontuais" e admitiu o desgaste "excessivo" das turbinas. A empresa afirma que o consórcio responsável pela obra está reparando todas as falhas para que a usina volte a funcionar em 4 de outubro.
Segundo a Odebrecht, o governo pagou US$ 13 milhões -e não US$ 20 milhões, como disse Correa-por ter entregue a obra com nove meses de antecipação "a título de reembolso de custos adicionais pela antecipação do prazo de entrega".
A reportagem apurou que a Odebrecht não aceita pagar ao Estado o lucro cessante devido à paralisação da usina. Um estudo encomendado pelo governo estima que o prejuízo será de US$ 65 milhões caso ela fique parada por cinco meses.
Orçada em US$ 282 milhões, a hidrelétrica San Francisco contou com um financiamento de US$ 243 milhões do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
No Equador desde 1986, a Odebrecht está envolvida em diversos projetos como a hidrelétrica Toachi-Pilatón, que Correa pretende revisar.


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